Macau,
China, 25 mar (Lusa) -- A African Wildlife Foundation considera que a proibição
de importar marfim esculpido, imposta por Pequim há um mês, pelo período de um
ano, não vai ter grande impacto no contrabando, mas é "uma mensagem
forte" para a opinião pública.
"A
proibição em si não vai fazer muito para conter o comércio ilegal de animais
selvagens porque não abrange todo o comércio interno na China. É o comércio
legal que esconde o comércio ilegal e dificulta os esforços da aplicação da
lei", afirmou a porta-voz da African Wildlife Foundation, Kathleen
Garrigan, em declarações à agência Lusa.
"No
entanto, a proibição é importante, pois admite a relação entre o comércio de
marfim e a caça ilegal de elefantes, e o reconhecimento por parte do governo da
China é, por si só, uma forte mensagem", acrescentou.
A
medida é referida por ativistas em grande parte como simbólica, atendendo a que
as importações legais são em número reduzido comparando com o contrabando de
marfim em bruto. Por
outro lado, a China tem uma longa tradição em esculpir marfim e as vendas
reguladas são legais, com os colecionadores chineses a considerarem as peças --
desde objetos religiosos a utensílios domésticos -- como um bom investimento,
descreve a AFP.
A
African Wildlife Foundation considera que a medida adotada pela China "não
vai ter impacto direto" na caça furtiva em África, nomeadamente em países
como Moçambique.
"Não
acredito que a proibição tenha um impacto direto sobre a caça furtiva. É muito
limitado no objetivo e estará em vigor apenas por um ano, o que não é tempo
suficiente para que se ter um impacto no terreno", argumentou a
responsável pela comunicação da African Wildlife Foundation.
"Para
haver um impacto real na caça ilegal em África, a China precisa de impor a
proibição sobre todo o comércio de marfim durante pelo menos dez anos, ou
idealmente mais tempo. O ideal seria para sempre", acrescentou.
A
medida relativa à importação de marfim esculpido aplica-se exclusivamente ao
interior da China, pelo que as regiões administrativas especiais de Macau e
Hong Kong, "infelizmente, não estão abrangidas", lamentou Kathleen
Garrigan.
"Apesar
de não dispormos de muita informação sobre o comércio em Macau, a importância e
o impacto da proibição aplicada pela China está na mensagem que passa para
sociedade chinesa", vincou.
FV
// PJA
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