quarta-feira, 15 de abril de 2015

A RIQUEZA OCULTA DO CASO BES/BESA




ESTÁ EM CURSO O PROCESSO DE TENTATIVA DE ASSIMILAÇÃO DAS ELITES ANGOLANAS E O MPLA ESTÁ A TORNAR-SE POUCO A POUCO NUM FULCRAL “CAMPO DE BATALHA”, O QUE PODE PÔR EM CAUSA OS FACTORES DA “HARMONIA” NACIONAL!


Ao choque que foi a “guerra dos diamantes de sangue” (que terminou em 2002), passou-se à terapia de choque seguindo a trilha de Franz-Joseph Strauss e naturalmente do “Le Cercle”.

De acordo com Jaime Nogueira Pinto em “Jogos Africanos” e quando se referia a Dlakama, o autor lembrava-se da “sapiência” de Franz-Joseph Strauss, quando dizia:

“Fomos desenvolvendo outras acções em seu favor, sempre no sentido de uma maior abertura e respeitabilidade como caminho para a paz. Era aliás o que ouvira e vira praticar a Franz-Joseph Strauss em relação à Alemanha do Leste e ao mundo comunista – abrir-lhes as portas e os créditos para os levar a entrar no jogo. Se o processo fosse bem conduzido acabariam por tomar-lhe o gosto”…

Foi o BES um dos principais componentes da terapêutica do choque, dirigindo a “abertura de portas” em direcção a determinados sectores das elites angolanas, que segundo Margareth Anstee, eram ”órfãos da guerra fria”, atraindo-as, modelando-as, adaptando-as aos seus interesses, conveniências e geo estratégias!

As transformações “pragmáticas” que foi sofrendo o aparelho de estado angolano desde meados da década de 80 do século passado, (estavam em curso sintomaticamente as transformações no bloco socialista e na própria URSS) e o próprio esboço do Partido do Trabalho que de forma aparentemente abrupta tinha os seus dias contados, correspondiam já aos estímulos da terapia de choque, no âmbito das envolvências sócio-políticas-económicas-financeiras globais levadas a cabo pela aristocracia financeira mundial, suas plataformas de acção e seu cortejo de agentes espalhados por todo o mundo, que incluíam muitas oligarquias nacionais, elas próprias absorvendo as ideologias cristãs ultra conservadoras, ou suas ramificações!

É nesse quadro que se operaram as transformações de 1986 na então Segurança do Estado, que implicou também o render da guarda do Tribunal Popular Revolucionário por outa entidade afim às “transformações”, assim como o fim das FAPLA, no dobrar dos sinos” pelo “apartheid”, em 1991.

Desse modo procuraram e procuram desvirtuar o próprio MPLA, moldar ou neutralizar o seu rumo histórico, impedindo que ele possa realizar o seu Programa Maior, tal qual a visão que foi cultivada pelo Movimento de Libertação em África durante as guerrilhas e após a independência, até 1991, ou seja nas horas mais difíceis e decisivas da luta pela afirmação da identidade angolana!

Desse modo, desvirtuar por tabela o rumo de Angola, nestes tortuosos caminhos da paz, é um objectivo: para quem pensa e age em função do “Bilderberg” , da “Trilateral”, ou do “Le Cercle”, Angola deve tornar-se numa “democracia dócil”, ou seja, enfeudada aos interesses da aristocracia financeira mundial, sem remissão, o que implica a batalha da construção duma oligarquia nacional afim e a actuação persistente do que há de mais alienatórios e ultraconservador das igrejas“cristãs”!

É evidente que essas “portas abertas” são um processo de recuperação da assimilação das elites angolanas, ao “diktat” da hegemonia unipolar e seguindo a mais perversa de suas vias materiais e ideológicas, a via a que se propunha e propõe o “Le Cercle”, tão bem interpretada aliás pelo seu“homem de África”, Jaime Nogueira Pinto!

A “oposição” angolana, mesmo não ganhando eleições, tem portanto um papel ao nível dum projecto desta natureza e o seu único “calcanhar de Aquiles” é a sua dificuldade em “encostar-se”às grandes emergências que advogam o multipolarismo!

Tudo se passa pois na esteira da “cultura cristã ocidental” que advogou e advoga a “espada” de“luta contra o comunismo”, uma “espada” que em relação ao “Terceiro Mundo” pretende dar continuidade à exploração desenfreada de suas riquezas e manter os povos numa situação de alienação, letargia, miséria, fome, opressão e subdesenvolvimento!

É claro que tudo se passa utilizando a plataforma dócil e sempre disponível de Portugal, onde Partidos como o CDS, o PSD e o PS são efectivamente filtrados pelo “Bilderberg”, pelo “Le Cercle”, assim como pelos sistemas financeiros sob seu domínio… o Banco Espírito Santo (Ricardo Espírito Santo Salgado já esteve presente em reuniões pelo menos do “Bilderberg”) é pois uma “emanação”muito útil e provavelmente corresponde aos estímulos de casas como a Rothdchield, ou a Rockefeller, presentes além desses dois “think tanks”, ainda no “Trilateral”.

Este é pois um processo profundamente dialéctico que não está alheio à situação global das disputas, muito pelo contrário, disputas essas que se podem resumir em dois campos:

- Aqueles que mantêm o pendor da hegemonia unipolar;

- Aqueles que advogam a emergência multipolar.

O caso BES/BESA vale pois muito mais pela radiografia de suas implicações culturais, sócio-políticas, psicológicas e históricas de fundo, na raiz de sua fecundidade mais íntima e não na folhagem económica e financeira agora à vista de todos e vendida como um “fait divers” apodrecido com as intempéries da crise, dita “sistémica” e encoberta pelos “mídia” afectos e infectos, também eles nascidos como o BES/BESA, das mesmíssimas entranhas!

Foto: O novo edifício do BESA em Luanda, iluminado no Natal de 2014.

A consultar: 
- VIIª Cimeira das Américas – “A insurgência no hemisfério cristão ocidental!” – http://paginaglobal.blogspot.pt/2015/04/vii-cimeira-das-americas-insurgencia-no.html 

Sem comentários:

Mais lidas da semana