quarta-feira, 1 de abril de 2015

EIXO LUANDA-BRAZZAVILLE



Jornal de Angola, editorial

Angola e a República do Congo têm laços políticos e diplomáticos históricos. Durante a luta armada de libertação nacional os guerrilheiros e a direcção do MPLA tiveram todo o apoio das autoridades congolesas.

Após a Independência Nacional, quando o país irmão foi vítima de graves ingerências estrangeiras, o Presidente José Eduardo dos Santos retribuiu com um apoio sólido e decisivo, que culminou no estabelecimento de paz e estabilidade, que o Presidente Denis Sassou Nguesso soube aprofundar e consolidar. Hoje os dois Estados dão passos firmes rumo a um futuro de progresso e bem-estar dos povos. 

Desde os primórdios da Luta de Libertação Nacional que o MPLA encontrou no território do país irmão uma base segura, para levar a luta armada ao território de Angola, sobretudo através das bases guerrilheiras da II Região Político-Militar, onde o Presidente José Eduardo dos Santos foi dirigente. Além das acções militares contra o colonialismo, vale lembrar o impacto considerável que o programa radiofónico “Angola Combatente”, emitido a partir de Brazzaville, teve na mobilização dos patriotas angolanos.

Independentes e soberanos, Angola e a República do Congo continuam identificados na mesma causa, traduzida nos desafios dos tempos modernos: a consolidação da paz e estabilidade, a promoção da democracia e do desenvolvimento. Numa altura em que a região em que se inserem ainda enfrenta problemas de insegurança com a indefinição política e militar na República Centro Africana, os dois países têm acrescidas responsabilidades. O Presidente José Eduardo dos Santos, enquanto líder da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos, e o Presidente Denis Sassou Nguesso, como o principal facilitador do memorando que permitiu  a entrada em funcionamento do actual processo de transição jogam um papel cada vez mais importante no continente africano. 

Com a visita do Chefe de Estado congolês ao nosso país, o eixo Luanda-Brazzaville  consolida-se cada vez mais.  A cooperação bilateral entre Angola e Congo está no topo da agenda, na medida em que as conversações oficiais têm como ponto alto a assinatura de cinco acordos.  É fundamental que o sector privado acompanhe os passos de fortalecimento dos laços políticos e diplomáticos, para que a componente económica e comercial das relações se efectivem de forma mais tangível e significativa. 

Como reconheceu o director para África e Médio Oriente do Ministério das Relações Exteriores, faltam estímulos para dinamizar a cooperação entre os dois países e urge criar uma parceria a todos os níveis, que esteja à altura dos laços excelentes entre os dois Estados. A proposta das autoridades angolanas no sentido de serem construídas parcerias sólidas que aproximem interesses comuns e intensifiquem o intercâmbio entre os sectores público e privado dos dois países, serve como ponto de viragem nas relações entre os dois países. 

Foi visível  este ambiente durante aII reunião da Comissão Bilateral da Cooperação Angola-Congo, em que o chefe da diplomacia angolana defendeu uma cooperação baseada “em pilares com força sinérgica que potencie os eixos de desenvolvimento de cada um dos países e afinem a relação política, económica e social, com objectivos e horizontes temporais”. Há já exemplos notáveis, nomeadamente na exploração conjunta de petróleo nas zonas marítimas fronteiriças, fruto do entendimento a que os dois países chegaram, uma realidade que serve como paradigma em África e no mundo. 

Numa altura em que a agenda de ambos os países passa pela diversificação da economia, só podíamos esperar esforços  no sentido de alargar as esferas em que, além das instituições dos Estados, haja espaço suficiente para os operadores privados. Angola e Congo possuem um número considerável de empresários e empreendedores que podem fazer investimentos e complementarem-se para gerar empregos e criar riqueza. Pela frente ficam os desafios para a aplicação dos acordos assinados pelos dois países, o repto lançado ao sector privado e às populações para que empreendam no sentido da diversificação da economia. 

Atendendo aos laços históricos e à excelência das relações entre os dois países, não há dúvidas de que a visita do Presidente Denis Sassou Nguesso a Angola vai produzir bons resultados em termos políticos, diplomáticos e económicos, além de consolidar o eixo Luanda-Brazzaville.

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