A
cólera já matou 14 pessoas na província moçambicana da Zambézia. Quelimane é a
cidade com mais vítimas mortais. A população considera que pouco está a ser
feito para melhorar o saneamento e travar a doença.
Na
Zambézia, o número de óbitos causados pela epidemia de cólera tem vindo a
aumentar de forma gradual: já morreram 11 pessoas na cidade de Quelimane, e
três no distrito de Gurué.
Os
números foram avançados na terça-feira (14.04) pela Diretora Provincial da
Saúde da Zambézia, Luísa Cumba, que não tem uma previsão para o fim da doença:
“Não sabemos quando é que esta epidemia vai acabar, apesar das campanhas de
sensibilização que estamos a levar a cabo e das medidas que estamos a tomar.”
Desde
fevereiro foram internados mais de dois mil pacientes nos centros de tratamento
de cólera, que já começam a ficar sobrelotados. “Precisamos de condições para
acomodar mais doentes”, afirma Luísa Cumba.
Os
dados oficiais incluem apenas os casos que foram diagnosticados nos postos de
saúde, mas muitos outros pacientes perderam a vida antes de se conseguirem
deslocar aos hospitais.
“O
grande problema é que as pessoas estão a chegar às unidades sanitárias quando a
doença já está avançada. Por isso, pedimos à população que se dirija
imediatamente aos hospitais caso tenha sintomas, para que possamos iniciar
rapidamente o tratamento”, apela Luísa Cumba.
A
população exige que sejam tomadas medidas
A
Diretora Provincial da Saúde da Zambézia revelou que estão a ser mobilizados
recursos humanos e materiais para desinfetar e tratar a água nos bairros mais
afetados pela cólera, de modo a evitar a propagação da doença.
Ainda
assim, a população desta província considera que as medidas tomadas não são
suficientes. Há muito lixo acumulado nas ruas, deficientes condições
sanitárias, e muitas pessoas bebem água imprópria e não tratada nas regiões
mais distantes. Os cidadãos queixam-se ainda da falta de medicamentos
disponíveis nos hospitais.
As
previsões não são animadoras, e não se sabe quando é que a Zambézia irá
conseguir travar este surto.
A
“doença das mãos sujas”
A
cólera é transmitida através de água e alimentos contaminados, e provoca
diarreias agudas e desidratação, podendo ser fatal se não for tratada a tempo.
A falta de higiene pessoal e as más condições sanitárias potenciam o contágio,
pelo que é frequentemente apelidada de “doença das mãos sujas”.
O
atual surto surgiu como consequência das cheias que assolaram Moçambique e que
desalojaram 20 mil pessoas só na Zambézia. Esta foi quarta província a registar
casos da doença, que também foi diagnosticada nas de Tete, Nampula e Niassa.
Moçambique
é ciclicamente atingido pela epidemia de cólera na época das chuvas, que tem o
seu pico no início de cada ano. Dezenas de pessoas são anualmente vítimas da
doença.
Marcelino Mueia (Quelimane) – Deutsche Welle
Marcelino Mueia (Quelimane) – Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário