O
secretário-geral do PS, António Costa, criticou hoje a intenção do
primeiro-ministro de reduzir os custos do trabalho para as empresas, acusando
Pedro Passos Coelho de insistir no aumento da Taxa Social Única (TSU) para os
trabalhadores.
António
Costa avisou, num encontro com militantes, em Bragança, que o PS não aceita um
aumento da TSU aos trabalhadores para favorecer as empresas e questionou se
"será aceitável reduzir esta contribuição antes de retirar o aumento da
carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho".
"Será
justo voltar a reduzir as contribuições da Taxa Social Única [às empresas]
antes de se reporem os antigos escalões do IRS [Imposto sobre o Rendimento
Singular] que introduziram uma enorme distorção e que aumentaram a
regressividade do IRS e constituíram um brutal aumento da carga fiscal sobre a
classe média?", referiu o líder socialista.
O
responsável questionou ainda a justiça desta medida antes de serem repostos
"aqueles mínimos sociais que resultaram no corte do Rendimento Social de
Inserção, do Complemento Social para Idosos, dos abonos de família".
Costa
perguntou qual é "o sentido de justiça social e solidariedade" do
chefe do Governo PSD/CDS-PP ao vir dizer, ao fim de quatro anos, que "o
grande desgosto que tem e a grande reforma que ainda quer fazer nesta ou numa
próxima legislatura era voltar a reduzir os custos do trabalho".
O
socialista acusou Pedro Passos Coelho de manter um programa "inaceitável e
injusto", que "mostra que não aprendeu a lição, nem quer mudar o
rumo, nem é capaz de fazer diferente".
"Mas
como é que o primeiro-ministro não percebeu que a estratégia de desenvolvimento
que o país tem de ter não pode assentar num corte de salários? Tem de assentar
sobretudo e unicamente numa estratégia de qualificação, investimento na
educação, na formação profissional, na inovação técnica, na modernização e
internacionalização das empresas", continuou.
O
líder socialista lembrou que Portugal teve a quarta maior redução salarial dos
países da União Europeia e enfrenta atualmente "uma situação
inaceitável".
"Hoje
a realidade em Portugal é que não está na pobreza só de quem vive de pensões de
miséria, de quem está desempregado, incapacitado de trabalhar. Nós chegámos ao
ponto - com o ataque tão duro que foi feito ao mundo do trabalho e à dignidade
do trabalho - que 10% daqueles que têm emprego estão abaixo do limiar de
pobreza", insistiu.
Para
António Costa, sobressai um desconhecimento da realidade do país por parte do
primeiro-ministro e "a velha ideia" de Passos Coelho de que "os
portugueses malandros vivem acima das suas possibilidades", quando
"as famílias portuguesas vivem é aquém das suas necessidades e é por isso
que a pobreza e o abandono escolar têm aumentado e cada vez as famílias têm
maior dificuldade em satisfazerem as suas necessidades fundamentais".
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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