quarta-feira, 22 de abril de 2015

Portugal. A EXPRESSA FOSSA LUSITANA




O FCP ficou pelo caminho perante o Bayern de Munique. Uma goleada que deu para ficarem com os olhos tortos. A seguir o Porto defronta o Benfica… Prognósticos só depois do jogo, como disse alguém. Mas, Afinal, o futebol não é o mais importante. Pois. Não. Mas olhem que dá muito jeito para alienar as massas. O Salazar que o diga. O Cavaco, o Passos e o Portas que o digam. Não é por acaso que Portugal tem tantos analfabetos políticos. Daqueles que dizem que a política é para os políticos e que de política não sabem nada. Que a política não dá dinheiro a ninguém… Ah pois não! Por isso é que sabemos e vimos, sabemos porque vimos, que há políticos que chegam à política pobretes e alegretes e passados uns anos estão com fortuna. E passados 30 e mais anos até lhes oferecem ações ou títulos (como o Cavaco gosta de lhes chamar) que atingem rápidamente valorizações estonteantes. Enfim, coitadinhos. Esta é a fossa lusitana.

Importante é recordar que em Lisboa a Carris está em greve. Que os trabalhadores dos transportes da região de Lisboa vão fazer uma marcha de protesto pela anunciada privatização dos transportes da região da capital. Até os barcos no Tejo vão parar (ou já pararam). A solução é andar a pé e a nado. A nado já estamos habituadíssimos – com a água que o governo do Cavaco, Passos e Portas, vai metendo e inundando o país. Pior é que é água suja, Uma fossa portuguesa, com certeza. Andar a pé também já não é problema. Os sapateiros que o digam com a quantidade de solas rotas que lhes levam para concertarem a baixo custo. E uns remendos sempre aliviam o mísero orçamento familiar. Depois sobram calos e outras mazelas nos pés. Penúria à moda de Salazar. Também, se repararmos, o Cavaco é parecidíssimo com o ditador que serviu com brio e adulação. Ainda agora lhe serve a memória e passou a encarná-lo na companhia do primeiro-ministro e do vice Portas. Só há uma diferença: Salazar era honesto, isento de ganâncias. Porém, deixava os outros meia-dúzia de famílias roubarem por ele. Salazar era muito religioso. Não foi para padre por acaso. Cavaco é um monstro. Não foi para a barraca do Comboio dos Horrores da Feira Popular porque entretanto foi fazer rodagem ao novo automóvel à Figueira da Foz e saiu de lá chefão do PSD - outro horror. E assim Cavaco entrou na política pela porta das traseiras. Porta por onde vai sair da política depois de cumprir  estes horríveis mandatos que acabam em 2016. Aquilo não foi nem é presidente nem nada. Catastrófico e indigno da instituição republicana. Arreda. Assim mesmo, sem diplomacia para quem tem feito deste país uma fossa.

Longevidade ao Expresso Curto, que sempre inspira. Ali, aqui em baixo na sua transcrição, os temas são diferentes… Para não enjoarem. Bom dia, boas caminhadas e boas braçadas. Sobra a possibilidade de se atualizar no Expresso Curto, do Expresso, com uma senhora jornalista.

Redação PG - foto do Record

Bom dia, este é o seu Expresso Curto
  
Luísa Meireles, redatora principal


Até porque não sou sádica. Mas comecemos já por ele, para matar o assunto. Sim, porque o Porto, esse, morreu-nos ontem em direto, em Munique: 6 - 1 não é um resultado, é um filme de terror, um massacre humilhante, um desastre colossal como o do Mundial, há quase um ano. Depois da semana passada, todas as esperanças portistas, portuenses e portuguesas em geral eram permitidas, mas o jogo Bayern-Porto no campo alemão arrasou-as de vez. A Mariana Cabral, que percebe que se farta de futebol,  já tinha explicado como estatisticamente era quase impossível o Porto repetir a façanha, agora, ficou provado que é mesmo assim, tal como o Pedro Candeiaspôs preto no branco ainda ontem à noite, e de modo muito sucinto. O jogo desesperou meio Portugal perante os écrans de televisão e quanto aos pormenores, ouviram-se na Grande Área, no programa da Liga dos Campeões, no Especial Desporto no..., tire-se à escolha. Ontem à noite houve muita gente a falar de futebol mas eu, confesso, não ouvi ninguém. Com semelhante resultado não há explicação que valha. Nem pachorra!

Eu avisei. O meu negócio é outro. É a vida próxima futura - aquela que vai ser decidida dentro de meio ano, nas eleições legislativas e que nos vai afetar a todos. É um chavão? Pois é, mas eu compro. Acontece que independentemente do que se pense dela, há finalmente uma alternativa em cima da mesa - e a apresentação do cenário macroeconómico do PS, com propostas concretas para o país, é o começo disso mesmo. Não é uma Bíblia nem foi feito por apóstolos, disse António Costa, mas é a partir dali que o PS vai fazer o seu programa e teremos o necessário confronto eleitoral. A bem dizer, a campanha eleitoral começou ontem e já dá para comparar. Porque depois disto, como hoje já se verá no debate agendado para logo à tarde no Parlamento sobre o  Programa de Estabilidade mais o Programa Nacional de Reformas (o plano que o Governo tem de apresentar em Bruxelas para ver ratificadas as escolhas posteriores no Orçamento), o tema vão ser as propostas do PS e que a direita já está a dramatizar, qual sete pragas do Egipto, isto para continuar na linguagem bíblica.

Pois bem, vamos a isso. O PS promete a terra do leite e mel? Depois de quatro anos do discurso do rigor e da austeridade, os portugueses estão céticos. Sobem os salários, descem os impostos, aumentam os apoios. É o choque da procura, do consumo, garante.  Mas como é que o PS vai pagar as propostas? A pergunta é de vários milhões de euros, a resposta é do João Silvestre. A responsabilidade, claro, é do António Costa, que aposta as fichas todas no crescimento, no verso cujo reverso são as propostas do Governo. Deus o ouça mas, francamente, isto não é uma questão de fé, por mais fé que se tenha na competência técnica de  Mário Centeno.

E politicamente, como se pode ver isto? Opiniões há muitas, como sempre. Cá em casa, escolha: a do  Ricardo Costa , ou do  Pedro Santos Guerreiro, ou do  Henrique Monteiro, ou do  Bernardo Ferrão. Mas convém e deve diversificar. Se quiser mudar de agulha dê um mergulho no Observador e leia o  José Manuel Fernandes, que acha que o Rossio não cabe na Rua da Betesga, sábio adágio popular, o Tiago Freire, ou o  Bruno Faria Lopes no Económico (estes só para aguçar o apetite, porque é para assinantes), ou o  Virgílio Macedo, no Público. O tema ocupa e justamente, várias páginas dos jornais de hoje. Mas continuamos sem saber o que pensam os partidos de esquerda.

OUTRAS NOTÍCIAS 

Também há. Para já, se anda de transportes, previna-se que hoje é dia de greve na Carris, a que se junta uma manifestaç ão dos trabalhadores dos transportes. É capaz de ter a vida complicada. E por falar em greves, só nos faltava mesmo saber que o sindicato dos pilotos admite processar a TAP por gestão ruinosa - há quem não se enxergue. Depois, uma pessoa não pára de se surpreender com a capacidade de inventiva humana, como o atesta a prova do leite que alguns hospitais do norte estão a exigir - já não era sem tempo que a Ordem se mexesse . E porque vivemos muitas vezes suspensos das decisões (e chumbos) do Tribunal Constitucional, como é possível que o feitiço se tenha virado contra o feiticeiro e, afinal, o próprio TC tenha chumbado no Tribunal de Contas, com carros a mais, abonos em excesso e ajudas indevidas?

Também ficamos a saber hoje pelo Diário de Notícias que o antigo ministro e atual deputado Miguel Macedo quer por tudo em pratos limpos e pediu o levantamento da imunidade parlamentar para esclarecer todas as dúvidas sobre a sua eventual implicação na investigação dos vistos gold, razão aliás que o levou a demitir-se por sentir a sua autoridade política diminuída. O assunto, mas na vertente "Os suspeitos violaram os seus próprios planos anticorrupção" faz a manchete do I.

Mas o mundo não somos só nós.  Há mais vida... e morte para além de nós. E há mortos, muitos mortos, de gente sobre a qual nunca se saberá quem é. A morte dos 900 náufragos foi há três dias, mas é amanhã que a União Europeia vai debater o assunto em conselho especial. Estou para ver, nesta Europa cuja solidariedade é posta à prova a cada dia e fracassa tantas vezes. Plano já há. Mas não foi o Reino Unido que disse que não estava pronto para participar em resgates no Mediterrâneo? Pode ser que dada a dimensão da tragédia tenha mudado de opinião. É a barbárie em nome da Europa, como escreve a revista alemã Der Spiegel, a que as divergências dos Estados europeus não conseguem pôr termo, realça o El Pais.

A Europa tem o drama das migrações, mas era  bom que parasse para pensar no que está a acontecer a leste. Não é seguramente com esta linguagem que lá vamos. Mas acontece que este ano celebra-se o 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e vai haver os inevitáveis festejos. Mas que me lembre será uma estreia absoluta o que acontecerá em Moscovo, na célebre parada da Praça Vermelha: o convidado especial será o Presidente chinês Xi Jinping. Estranhos tempos estes em que chineses e russos confraternizam no Kremlin comemorando o fim da Segunda Guerra - são os efeitos daquela outra, que cresce à nossa porta, de modo larvar, na Ucrânia.

E ainda a glosar o mote "o mundo mudou", então não é os Estados Unidos estenderam o tapete vermelho a Marine Le Pen? O Fígaro conta e nós espantamo-nos. Ainda em França, o testamento político de Charb, o diretor assassinado do Charlie Hebdo vai ser publicado - tinha acabado de por ponto final no seu último livro. Do outro lado do Atlântico, no Brasil, e já que tivemos a visita do vice-presidente Michel Temer, recordamos que por lá, os escândalos não páram. E aqui ao lado, em Espanha, ficamos a saber que Felipe Gonzalez é agora persona non grata na Venezuela. A razão é fácil de perceber: o ex-primeiro-ministro juntou-se à equipa de defensores dos opositores do regime.

FRASES

"O que este estudo revela é que há alternativa às políticas que têm sido seguidas e que é possível virar as páginas das políticas de austeridade". António Costa, ao apresentar o cenário macroeconómico do PS

"Se o caminho miraculoso que o PS descobriu tivesse pés para andar, não havia nos países da Europa comunitária a tendência que tem vindo a ser seguida do ponto de vista da consolidação orçamental e da sustentabilidade". Matos Correia, deputado do PSD, comentando o cenário do PS

"PS: o problema do socialismo não é a gaveta, é o caixão". Ana Sá Lopes, ainda sobre o mesmo cenário

O QUE EU ANDO A LER E A VER

Sempre vários, ao mesmo tempo e ao sabor da vontade, da necessidade e, claro, da disposição, que é o que conta mais. Desta feita ressalto três. O que mais me tem divertido é um pequeno mimo, neste tempo de celebrações da Constituinte. Só o título é todo um tratado em política: "Do pântano só se sai a nado" (Gradiva). É de Joaquim Silva Pinto, que foi secretário de Estado e ministro de Caetano, apanhou o 25 de Abril em funções, exilou-se em Espanha, regressou, militou e deixou de militar no PS e agora conta umas histórias deliciosas sobre o antes e o depois desse "dia inicial e primeiro", e sempre com um exercício dialético: uma pergunta de difícil resposta. Também vou lendo "Ambição" (Guerra e Paz), o romance de estreia da jornalista e minha amiga Maria de Lurdes Feio. Ela já escreveu outras coisas, mas desta vez aventurou-se na complexa arte do romance, coisa difícil, em torno das lides de um governo (?) por dentro, nos gabinetes, nos negócios e na cama. E finalmente, a versão original da House of Cards, de Michael Dobbs (Jacarandá). A série americana é boa, mas excessiva, como muitas vezes fazem os americanos. Os ingleses são sóbrios e está lá tudo, sem os exageros de Hollywood. E quando me canso, vou à 2 - sim, à RTP 2. As séries são ótimas. Agarrei-me à Borgen, segui para Os Influentes e agora estou na Um Crime, Um Castigo, sobre os meandros do direito e da Justiça, do público e do privado, em terras de França.

E para já é tudo, que ainda muita coisa vai acontecer hoje!
Não se esqueça, logo mais à tarde haverá Expresso Diário, com os pormenores do dia, e amanhã, como de costume, pela fresca, o seu Expresso Curto. Bem tirado pelo Miguel Cadete.

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