sexta-feira, 3 de abril de 2015

Quem quer continuar a assegurar o crescimento e a continuidade do polvo em Portugal?




Passado e presente

A sociedade portuguesa está dependente do querer e saber de uma elite que enveredou pela bandalheira a partir de um consulado de um cavalheiro de triste figura: Cavaco Silva. São inúmeros os atores políticos, do empresariado e da banca, que vieram surgindo durante o consulado e primado de Cavaco, enquanto primeiro-ministro. Inúmeros envolvidos em escândalos de que não havia memória anteriormente. Talvez o mais mediático seja o caso BPN, mas outros há. Pela mão de Cavaco veio Isaltino Morais, o bepenista e esselenista Oliveira Costa e outros. A lista é fastidiosa.

Se assim aconteceu com Cavaco Silva no PSD também o PS não se pode vangloriar de não ter casos escabrosos no seu rol histórico de escândalos. Nem o CDS. Cada um dos partidos dos citados formou a sua própria escória elitista. Sem dúvida que o mais relevante foi o PSD a partir do momento da direção de Cavaco Silva. Cavaco que foi ao XII congresso da Figueira da Foz (Maio de 1985) para “fazer a rodagem a um automóvel novo” e que de lá saiu presidente do PSD sem contar com isso (disse ele nos seus ensaios de hipocrisia).

A partir daí, banca, banqueiros, economistas, gestores, advogados, empresários e todos que fossem da parceria laranja (PSD) ascenderam a uma elite inimaginável. O PS não ficaria atrás nesta hecatombe que traria às elites alguns dos maiores vigaristas nacionais. O CDS também formou a sua “escola”, pois não podia ficar atrás e perder terreno no grande terreiro da política e do dinheiro. Portugal ficou, com o andar de décadas, a ver prosperar meteoricamente, como que por milagre, alguns políticos, banqueiros e empresários e outros que tivessem aderido às cartilhas dos referidos partidos políticos.

Para os portugueses começaram então a chamar às permanências nos poderes partilhados alternância e partidos do arco da governação. Na realidade o que têm sido é partidos do arco da corrupção. Do compadrio. Dos conluios. Do nepotismo. Algo que se assemelha a organizações mafiosas. Sem contemplações da gente de bem e capacitada que ali milita. Aliás, usando essa mesma gente, dita de bem, como cobertura para as suas depravadas ações de puro banditismo. São tantos e a tal ponto que já lhes podemos chamar de polvo. Um polvo que tem trazido a desgraça e o empobrecimento a Portugal. Quem faz parte desse polvo já nem sabemos com exatidão. Ou melhor, são definidos por uma palavra: “eles”.

E tem sido assim, presos nos tentáculos deste polvo, que vimos bancos e banqueiros serem salvos pelos contribuintes. Roubando os contribuintes. Evidencias que são do conhecimento de todos os portugueses. Foi nesta teia que deparámos com o escândalo do BES/GES e “associados”. Outros há. São inúmeros.

Os portugueses são testemunhas e vítimas de uma classe política que a bordo dos partidos do Arco da Governação e da Corrupção se apoderaram dos poderes e fazem da população gato-sapato. Não tendo sequer o pudor de lhes mentir com quantos dentes têm e mais alguns suplementares. Foi, ainda recentemente, o que aconteceu com Cavaco Silva, atual detentor da Presidência da República - poderes que lhe foram conferidos eleitoralmente para que a dignificasse. Cavaco faz o contrário. No caso BES é flagrante o descaramento com que usa palavras e falsas declarações que prejudicaram diretamente portugueses que acreditaram nele. Disse ele, durante a visita que fez a Seul, Coreia do Sul, que podíamos confiar no BES. O que levou portugueses a investir para agora andarem a protestar por se sentirem roubados.

Mas Cavaco não se ficou por aí neste episódio. Posteriormente, porque era referenciado pela comunicação social como tendo declarado falsidades em Seul, veio declarar que os jornalistas nunca o tinham ouvido dizer que o BES era de confiança. Outra mentira. Desmentiu, mentindo, o que havia afirmado em Seul acerca do BES. A comprovar existem gravações áudio e vídeo dessas declarações.

Cavaco é efetivamente um presidente da República escabroso, que evidencia a sua falta de respeito e consideração pelos portugueses, não se refutando a mentir, sabendo que mente. A malignidade para a República reside em Cavaco como doença que urge estirpar. Para mal do país ainda falta cerca de um ano para terminar normalmente o mandato. E Cavaco evidencia falta de vergonha. Faça o que fizer de prejuízo para a República Portuguesa não se demitirá. É como lapa agarrada ao poder. Como comandante de navio mal orientado e governado que está prestes a afundar-se devido à sua conduta mas que não larga o leme, preferindo que o navio se afunde e leve tudo e todos para o fundo. Como esse navio metafórico, Cavaco prefere manter-se no poder e navegar no mar da indignidade.

Para mal maior Cavaco não está sozinho naquele-neste mar de indignidade. A seu lado e em parceria seguem no tombadilho dos poderes a almejada e conseguida maioria que assegura a fórmula “uma maioria, um governo, um presidente”.

Deputados e governo da maioria pertencem à mesma estirpe maligna de Cavaco. É o contágio absoluto que grassa nos poderes políticos e outros em Portugal, fruto da referida fórmula tão ambicionada. Que foi conseguida através de enormes mentiras eleitorais. Mentiras que a toda hora podemos revisitar nos registos vídeo-gravados das páginas sociais da internete.

Através dessas revisitações podemos aquilatar minimamente quanto os portugueses foram enganados e por que motivos Portugal está como está. Na miséria material, moral e democrática. Nas mãos de uma máfia que se veio apoderando do país ao longo de décadas, quase sempre mentindo, desbaratando os bens públicos e roubando.

Futuro

Dentro de poucos meses, em Setembro ou Outubro, os portugueses vão às urnas de voto para as eleições legislativas. Daí poderá sair novo governo, ou não. Não sairá novo governo se forem novamente eleitos os partidos do chamado Arco da Governação – e da corrupção, acrescente-se. Então acontecerá mais do mesmo. Os poderes democráticos serão entregues mais uma vez, pelos portugueses eleitores, aos partidos da súcia de políticos e partidos que vieram conduzindo o país ao descalabro, mentindo e roubando.

É assim mesmo que irá acontecer se os votos dos portugueses permitirem que a continuidade deste regime putrefacto. Em que vimos alguns enriquecerem como que por milagre e outros serem condenados à exploração desenfreada só pelo facto de serem trabalhadores a quem retiram os seus direitos. Incluindo o direito a terem um emprego, uma habitação, uma família, saúde, educação, liberdade na mobilidade, etc. Esses direitos correspondem a algumas das conquistas de Abril de 1974, muitas mais houve. Direitos que agora foram – ou estão a ser – retirados.

Dependendo de como os portugueses votarem nas próximas eleições legislativas assim será assegurado melhor ou pior futuro. Os partidos do Arco da Governação não são a solução mas sim o problema. Mas sim os carrascos dos portugueses e de Portugal. Quase quatro décadas depois foi o que provaram. Quem pode, assim, entregar-lhes novamente os poderes de governarem e legislarem? 

Quem é que vai querer continuar a assegurar o crescimento e a continuidade do polvo?

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