Passado
e presente
A
sociedade portuguesa está dependente do querer e saber de uma elite que
enveredou pela bandalheira a partir de um consulado de um cavalheiro de triste figura:
Cavaco Silva. São inúmeros os atores políticos, do empresariado e da banca, que
vieram surgindo durante o consulado e primado de Cavaco, enquanto
primeiro-ministro. Inúmeros envolvidos em escândalos de que não havia memória
anteriormente. Talvez o mais mediático seja o caso BPN, mas outros há. Pela mão
de Cavaco veio Isaltino Morais, o bepenista e esselenista Oliveira Costa e
outros. A lista é fastidiosa.
Se
assim aconteceu com Cavaco Silva no PSD também o PS não se pode vangloriar de
não ter casos escabrosos no seu rol histórico de escândalos. Nem o CDS. Cada um
dos partidos dos citados formou a sua própria escória elitista. Sem dúvida que
o mais relevante foi o PSD a partir do momento da direção de Cavaco Silva.
Cavaco que foi ao XII congresso da Figueira da Foz (Maio de 1985) para “fazer a
rodagem a um automóvel novo” e que de lá saiu presidente do PSD sem contar com
isso (disse ele nos seus ensaios de hipocrisia).
A
partir daí, banca, banqueiros, economistas, gestores, advogados, empresários e
todos que fossem da parceria laranja (PSD) ascenderam a uma elite inimaginável.
O PS não ficaria atrás nesta hecatombe que traria às elites alguns dos maiores
vigaristas nacionais. O CDS também formou a sua “escola”, pois não podia ficar
atrás e perder terreno no grande terreiro da política e do dinheiro. Portugal
ficou, com o andar de décadas, a ver prosperar meteoricamente, como que por
milagre, alguns políticos, banqueiros e empresários e outros que tivessem aderido
às cartilhas dos referidos partidos políticos.
Para
os portugueses começaram então a chamar às permanências nos poderes partilhados
alternância e partidos do arco da governação. Na realidade o que têm sido é
partidos do arco da corrupção. Do compadrio. Dos conluios. Do nepotismo. Algo
que se assemelha a organizações mafiosas. Sem contemplações da gente de bem e
capacitada que ali milita. Aliás, usando essa mesma gente, dita de bem, como
cobertura para as suas depravadas ações de puro banditismo. São tantos e a tal
ponto que já lhes podemos chamar de polvo. Um polvo que tem trazido a desgraça
e o empobrecimento a Portugal. Quem faz parte desse polvo já nem sabemos com
exatidão. Ou melhor, são definidos por uma palavra: “eles”.
E
tem sido assim, presos nos tentáculos deste polvo, que vimos bancos e banqueiros
serem salvos pelos contribuintes. Roubando os contribuintes. Evidencias que são
do conhecimento de todos os portugueses. Foi nesta teia que deparámos com o
escândalo do BES/GES e “associados”. Outros há. São inúmeros.
Os
portugueses são testemunhas e vítimas de uma classe política que a bordo dos
partidos do Arco da Governação e da Corrupção se apoderaram dos poderes e fazem
da população gato-sapato. Não tendo sequer o pudor de lhes mentir com quantos
dentes têm e mais alguns suplementares. Foi, ainda recentemente, o que
aconteceu com Cavaco Silva, atual detentor da Presidência da República -
poderes que lhe foram conferidos eleitoralmente para que a dignificasse. Cavaco
faz o contrário. No caso BES é flagrante o descaramento com que usa palavras e
falsas declarações que prejudicaram diretamente portugueses que acreditaram
nele. Disse ele, durante a visita que fez a Seul, Coreia do Sul, que podíamos
confiar no BES. O que levou portugueses a investir para agora andarem a
protestar por se sentirem roubados.
Mas
Cavaco não se ficou por aí neste episódio. Posteriormente, porque era
referenciado pela comunicação social como tendo declarado falsidades em Seul,
veio declarar que os jornalistas nunca o tinham ouvido dizer que o BES era de
confiança. Outra mentira. Desmentiu, mentindo, o que havia afirmado em Seul
acerca do BES. A comprovar existem gravações áudio e vídeo dessas declarações.
Cavaco
é efetivamente um presidente da República escabroso, que evidencia a sua falta
de respeito e consideração pelos portugueses, não se refutando a mentir,
sabendo que mente. A malignidade para a República reside em Cavaco como doença
que urge estirpar. Para mal do país ainda falta cerca de um ano para terminar
normalmente o mandato. E Cavaco evidencia falta de vergonha. Faça o que fizer
de prejuízo para a República Portuguesa não se demitirá. É como lapa agarrada
ao poder. Como comandante de navio mal orientado e governado que está prestes a
afundar-se devido à sua conduta mas que não larga o leme, preferindo que o
navio se afunde e leve tudo e todos para o fundo. Como esse navio metafórico, Cavaco prefere manter-se no poder e navegar no mar da indignidade.
Para
mal maior Cavaco não está sozinho naquele-neste mar de indignidade. A seu lado
e em parceria seguem no tombadilho dos poderes a almejada e conseguida maioria
que assegura a fórmula “uma maioria, um governo, um presidente”.
Deputados
e governo da maioria pertencem à mesma estirpe maligna de Cavaco. É o contágio
absoluto que grassa nos poderes políticos e outros em Portugal, fruto da referida
fórmula tão ambicionada. Que foi conseguida através de enormes mentiras
eleitorais. Mentiras que a toda hora podemos revisitar nos registos
vídeo-gravados das páginas sociais da internete.
Através
dessas revisitações podemos aquilatar minimamente quanto os portugueses foram
enganados e por que motivos Portugal está como está. Na miséria material, moral
e democrática. Nas mãos de uma máfia que se veio apoderando do país ao longo de
décadas, quase sempre mentindo, desbaratando os bens públicos e roubando.
Futuro
Dentro
de poucos meses, em Setembro ou Outubro, os portugueses vão às urnas
de voto para as eleições legislativas. Daí poderá sair novo governo, ou não.
Não sairá novo governo se forem novamente eleitos os partidos do chamado Arco
da Governação – e da corrupção, acrescente-se. Então acontecerá mais do mesmo.
Os poderes democráticos serão entregues mais uma vez, pelos portugueses
eleitores, aos partidos da súcia de políticos e partidos que vieram conduzindo o país ao
descalabro, mentindo e roubando.
É
assim mesmo que irá acontecer se os votos dos portugueses permitirem que a
continuidade deste regime putrefacto. Em que vimos alguns enriquecerem como que
por milagre e outros serem condenados à exploração desenfreada só pelo facto de
serem trabalhadores a quem retiram os seus direitos. Incluindo o direito a
terem um emprego, uma habitação, uma família, saúde, educação, liberdade na
mobilidade, etc. Esses direitos correspondem a algumas das conquistas de Abril
de 1974, muitas mais houve. Direitos que agora foram – ou estão a ser –
retirados.
Dependendo
de como os portugueses votarem nas próximas eleições legislativas assim será
assegurado melhor ou pior futuro. Os partidos do Arco da Governação não são a
solução mas sim o problema. Mas sim os carrascos dos portugueses e de Portugal.
Quase quatro décadas depois foi o que provaram. Quem pode, assim, entregar-lhes
novamente os poderes de governarem e legislarem?
Quem
é que vai querer continuar a assegurar o crescimento e a continuidade do polvo?
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