sábado, 9 de maio de 2015

QUEM TIROU O AÇAIME À DITADURA ANGOLANA MAL MASCARADA DE DEMOCRATA?


Bocas do Inferno


Sendo verdade que em Moçambique a democracia esgota-se nas eleições, mesmo assim com resultados muito duvidosos. Sendo também verdade que assassinatos e outras acções de cariz politicamente duvidoso desmentem que o país seja orientado por um regime verdadeiramente democrático, certo é que não há conhecimento que na actualidade ou no passado próximo ocorram genocídios. Daí algum à-vontade e independência de minha parte em fazer a abordagem sobre o que acontece em Angola num regime descaradamente ditatorial e criminoso que é dirigido pelo presidente José Eduardo dos Santos e por um comité do MPLA.

Vejamos o que nos últimos tempos ocorreu em Angola à revelia da Constituição:

- Jovens angolanos têm vindo a ser sistematicamente privados de se manifestarem em liberdade e segurança.

- Manifestantes presos e espancados pela polícia que lhes devia garantir segurança no ato de protesto.

- Manifestantes deslocados em viaturas da polícia para centenas de quilómetros da sua cidade só por represália do facto de pretenderem manifestar-se democraticamente.

- Manifestantes presos durante meses mas sem culpa formada, sem serem presentes a um juiz. Como é o caso presente de dois activistas em Cabinda. Aliás, activistas e organizadores da manifestação que por uma questão de segurança a desconvocaram, sendo então presos nas suas residências pela intenção de organizarem uma manifestação contra o regime vigente em Cabinda, em Angola.

- Activistas que são raptados por elementos das polícias angolanas e atirados aos crocodilos, desaparecendo os seus corpos, obviamente.

- Activistas que são mortos por colar cartazes de partidos políticos opositores do regime nos poderes.

- Jornalistas que são intimidados sistematicamente por escreverem de modo crítico para com o regime. Outros da mesma profissão que são cerca de uma centena de vezes processados por esta e aquela razão descabida e contrária à liberdade de imprensa que está inscrita na Constituição Angolana.

O rol é extenso no que concerne às violações da Constituição e dos Direitos Humanos. Configura um regime ditatorial que por lapsos de tempo deu a esperança de estar a democratizar-se. Digamos que no presente o verniz estalou aos ditadores que detêm os poderes em Angola. O açaime foi tirado às feras e os seus ataques àqueles que pretendem democraticamente exigir o cumprimento da Constituição vão em crescendo causando vítimas sob o olhar e conhecimento indiferente da comunidade internacional em conluio com presidente, familiares e generais sem escrúpulos e de uma sanha corrupta como só há memória em ditaduras.

Como se todos os males e carências elementares que têm recaído sobre o povo angolano não bastem veio a público a notícia de um genocídio praticado pela polícia angolana. Entre 800 e 1.000 pessoas foram assassinados no Huambo por represália à morte de 8 polícias. Foi a vingança que só é possível num regime ditatorial e assassino.

Afinal porque estalou o verniz e foi retirado o açaime aos detentores do poder em Angola que têm andado mal mascarados de democratas?

Podem existir várias teses mas parece evidente que as altas esferas da comunidade internacional reconheceu indevidamente a democracia em Angola como se existisse quando sabe muito bem que assim não é. A ONU tem as suas mãos sujas ao retirar o açaime ao regime angolano e aceitar que integrasse o Conselho de Segurança. Os países europeus e da alegada democracia ocidental, invadidos que estão pelo neocolonialismo e capitalismo desenfreado, têm igualmente as mãos sujas por também retirarem o açaime às feras que subjugam os angolanos. Isto para não referir exaustivamente os conluios existentes entre políticos, governantes, empresários e outros na parte ocidental deste planeta. Sim, porque a corrupção para existir exige corruptores e vice-versa. Sabemos de generais na posse de fortunas deslumbrantes, que compram tudo e todos, ou quase. Sabemos sobre a filha do presidente José Eduardo dos Santos que só em Portugal compra desmedidamente bancos e empresas de grande valor... Como é isto possível sem ser através de atos e aquisições ilícitas? Não é.

É exigível, naturalmente, que a ONU arrepie caminho. Retroceda no seu fechar de olhos perante a ditadura criminosa angolana e tome uma posição inabalável relativamente ao que acontece em Angola. Agora com mais força de causa devido ao genocídio no Huambo. Organizações independentes devem proceder às devidas averiguações, adquirir as provas testemunhais, acusar e julgar do primeiro ao último criminoso responsável por tão hediondo acontecimento. Tal procedimento é o mínimo que a ONU e os detentores dos poderes no mundo ocidental devem às vítimas do genocídio no Huambo. Cabe àqueles que tiraram o açaime à fera ditatorial angolana - fazendo-a entender da sua impunidade - honrar e fazer justiça aos que em Angola são vítimas da ditadura que se mistura com as memórias das ditaduras da América Latina ou de outras partes do mundo em que florescem.

* Imagem extraída da capa do Folha 8 digital que aborda sobre a compra de um avião de luxo para uso desconhecido mas que pelas caracteristicas deverá destinar-se ao uso daqueles que estão nos poderes ditatoriais do país africano que nos índices de carências das populações é em muitos campeão.

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