Procuradoria
emite comunicado oficial sobre detenção política dos quinze activistas
Os
15 detidos pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) acusados ontem pela
Procuradoria-Geral da República de estarem a preparar um atentado contra o
Presidente da República e outros membros dos órgãos de soberania, estão
impedidos de comunicar-se com os seus advogados.
De
acordo com Walter Tondela, membro da equipa de advogados dos presos políticos,
a decisão foi tomada pela Procuradoria-Geral que decidiu manter os
jovens sem contactos com o exterior num período de dez dias a partir de ontem.
Em declarações à rádio Voz da América, o advogado diz não haver qualquer
indício de crime, depois dos interrogatórios levados a cabo pelos procuradores
nos SIC, onde se encontram os jovens integrantes do chamado Movimento
Revolucionário.
“O
que sabemos apenas é que os jovens serão transferidos para uma cadeia com
melhores condições porque aqui tem baratas e mosquitos”, revelou.
No
entanto, ontem, através de um comunicado, a PGR refere que o Ministério
Público validou a detenção dos 15 jovens activistas, pois a conduta dos detidos
configurava actos preparatórios para o cometimento do crime de rebelião. (Ouça o áudio)
O
documento adianta que foi decretada a prisão preventiva “por inconveniência da
liberdade provisória”. Para Walter Tondela, ainda em declarações à VOA, os
investigadores continuam à procura de provas para incriminar os
activistas. “Não querem soltá-los mesmo sem provas e dizem que eles têm
computadores e cadernos com provas”, explicou.
O
advogado de defesa mostrou-se ainda preocupado pelo facto de vários
dos jovens detidos serem estudantes universitários e alguns já falharam
alguns exames.
Também em
declarações à Voz da América, Neusa Sedrick, esposa do jornalista do
bissemanário Folha 8 preso no sábado, Sedrick de Carvalho, lamentou o facto e
revelou que a família tem tido muitas dificuldades.
“Temos
vivido muitos problemas porque ele é o cabeça de casa”, lamentou.
SIC
terá recebido denúncia
O
comunicado da Procuradoria Geral detalha ainda o processo de investigação
levado a cabo pelo Serviço de investigação Criminal, que culminou com a
detenção, na tarde do sábado passado, de 13 jovens em flagrante delito, e
posteriormente de outros dois membros do grupo.
De
acordo com a PGR, o SIC recebeu uma denúncia escrita que dava conta da
realização de encontros de um grupo de cidadãos, que se reuniam aos sábados à
tarde, desde 16 de Maio deste ano, numa sala adaptada para ministrar aulas numa
residência no bairro Vila Alice.
Os
encontros tinham como objectivo a formação de formadores para mobilizar a
população de Luanda para uma insurreição e desobediência colectiva, com a
colocação de barricadas nas principais artérias da cidade capital e a queima de
pneus em locais de maior afluência de cidadãos estrangeiros, nomeadamente o
aeroporto internacional 4 de Fevereiro.
Acrescenta
a PGR, que confirmados os factos constantes da denúncia pelo SIC e face à sua
gravidade, foram emitidos mandados para buscas, revistas e apreensões no local
das reuniões, tendo sido encontrado na posse do grupo manuais de instruções e
outros documentos, bem como escritos em cadernos com teores comprovativos das
suas intenções criminosas.
Acrescenta
ainda que durante as buscas e revistas, foram apreendidos na posse dos detidos,
computadores portáteis, pen drives, telemóveis, entre outros objectos “com
conteúdo suspeito”.
“De
realçar que entre os documentos apreendidos consta a composição de todos os
Órgãos do Estado que seriam criados pelos insurrectos, desde o presidente e o
Vice-Presidente da República, o presidente da Assembleia Nacional, os Tribunais
Constitucional, Supremo, de Contas e Supremo Militar, entre outras instituições
do Estado e os governos provinciais”, lê-se no comunicado.
A
nota refere ainda que os “insurrectos” pretendiam denominar os novos órgãos do
Estado por “Governo de Salvação Nacional”, tendo já a indicação dos nomes de
futuros titulares dos cargos públicos, constando igualmente os nomes de alguns
cidadãos ora detidos.
PGR
“informa” deputados .
Ontem,
o Procurador-geral da República,João Maria de Sousa, o ministro do Interior,
Ângelo Veiga Tavares, e o director do Serviço de Investigação Criminal,
comissário chefe Eugénio Pedro Alexandre, estiveram reunidos com
os presidentes dos grupos parlamentares do MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS e
FNLA.
O
encontro teve como objectivo informar oficialmente os deputados sobre a
detenção dos 15 jovens. De acordo com a Angop, os mesmos teriam recebido
garantias do procurador-geral “de que o processo vai ser conduzido com
todo respeito pelo princípio da legalidade”.
Rede
Angola, com Agência Lusa 26.06.2014
O
Rede Angola ouviu a sociedade sobre a prisão dos activistas. Conheça as
opiniões aqui.
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