Verdade
(mz), editorial
Está-se
na ressaca da celebração do 40º aniversário da independência nacional. A festa
foi boa para alguns e má para os outros, por várias razões, pessoais ou
imputadas a todo um sistema de governação que ainda está longe de nos prover o
bem-estar prometido há 40 anos.
Para
todos nós, a efeméride podia ter sido comemorada com pompa porque em quatro
décadas foi possível juntarmos dinheiro, através de impostos, para erguermos
diversas estradas, hospitais e escolas, sobretudo reconstruímos aquelas
infra-estruturas, algumas, que durante 16 anos foram dilaceradas por uma guerra
mal terminada. E agradecemos aos países irmãos que nos ajudaram para sermos o
que somos hoje.
Todavia,
não vemos um país com uma paz efectiva nem sólida, pese embora não haja mais
tiros. O belicismo e os seus promotores continuam entre nós, impedem o nosso
sossego e empurram-nos para um destino incerto. A nossa vida tem sido no fio da
navalha. Há 40 anos que a justiça, a segurança e o bem-estar permanecem um
sonho da maioria dos moçambicanos.
Há
40 anos, os corruptos ainda pululam nos corredores das nossas instituições
públicas e aqueles que delapidam o erário ou os dinheiros a seu cargo para as
causas do povo continuam impunes porque a Justiça pisca-lhes o olho e assobia
ao lado. Enquanto se apregoa a inclusão, as decisões sobre a vida dos
moçambicanos são tomadas por um grupo que se guia por interesses partidários,
umbilicais e estomacais. Este não é, por enquanto, o país prometido há 40 anos.
Volvidas
quatro décadas da independência nacional, os desafios no sector da Saúde
mantém-se enormes para evitar que doenças como a malárias deixem de ser
preocupação e centenas de mulheres e crianças não morram por desleixo ou não
dos profissionais de saúde, para os quais o Governo não consegue criar
condições dignas de trabalho e vida.
A
transparência na gestão da coisa pública parece estar em constante começo e não
se consolida porque os agentes do Estado agem no sentido de obter dividendo e
para eles os nossos impostos são uma fonte de sobrevivência. Estes não são os
administradores que temos projectado há 40 anos.
A
polícia mantém-se ao serviço de uma minoria elitista e nunca está do lado do
povo. O Estado furta-se da sua incumbência. A miséria ainda dilacera milhões de
moçambicanos porque o sistema agrícola, que outrora foi bastante eficaz,
denuncia uma série de falhas, incluindo os de planificação, e resvala para o
fracasso. A água potável e a energia eléctrica são um luxo para milhões de
moçambicanos.
As
escolas, mormente públicas, ainda não são um lugar apetecível para ninguém e o
embrutecimento parece ser a principal agenda do Governo por ter a consciência
de que só com gente pouco instruída é que o partido no poder continuar por mais
40 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário