Está
a decorrer até 10 de junho, em Bona, o VI Fórum Global sobre Resiliência Urbana
e Adaptação. O presidente do Município de Quelimane participa no encontro e
trouxe as suas experiências.
No
Fórum Global sobre Resiliência Urbana e Adaptação (08. a 10.06) a apresentação
de Manuel de Araújo, o edil de Quelimane, província moçambicana da Zambézia,
tem a ver com a adaptação, uma área que tem sido defendida pelos especialistas
ambientais africanos. A DW entrevistou o edil moçambicano.
DW
África: O que trouxe do seu Município para o fórum?
Manuel
de Araújo (MA): Como Município de Quelimane viemos cá apresentar uma
comunicação sobre a experiência da cidade de Quelimane na área de adaptação, a
nossa visão e projetos que estamos a implementar para que, de facto, a cidade
de Quelimane se proteja dos impactos das mudanças climáticas.
DW
África: Já agora conte-nos os projetos do seu Município...
MA: Estamos
a trabalhar num master plan, um plano global do Município. E para que
possamos ter esse plano, temos vários procedimentos que estamos a implementar
neste momento. O primeiro com vista a reposição do mangal. A cidade de
Quelimane encontra-se abaixo do nível médio das águas do mar, é uma zona
pantanosa e sempre que chove sofremos os efeitos das cheias. Também essas
cheias têm piorado nos últimos tempos devido ao facto dos munícipes de
Quelimane usarem o mangal quer para lenha, quer para fazer carvão, ou então
para construir as suas próprias habitações. E isso cria vários problemas sendo
o primeiro, a questão da erosão. O rio vai-se sobrepondo às áreas reservadas a
habitação e a ideia que temos é de repor esse mangal, recolhendo as sementes
que nos meses de janeiro e fevereiro aparecem na região e fazemos a reposição
plantando essas sementes. Mas também temos um segundo método que é a reposição
do mangal.
E
nessa zona do mangal um projeto que vamos implementar é o início da atividade
de exploração do mel, para que as pessoas que deixam de cortar as plantas do
mangal tenham algum sustento.
DW
África: E o que colheu de novo nesse Fórum Global que possa beneficiar o
Município de Quelimane?
MA: Aqui
(encontramos) alguns países que já tinham implementado alguns programas que
estamos agora a desenvolver e, portanto, podemos colher da parte deles as
experiências, quer negativas ou positivas. As negativas para evitarmos a
repetição dos erros que já foram cometidos e as boas para podermos ampliar e
melhorar o impacto desses projetos na cidade de Quelimane.
DW
ÁFRICA: Sob o ponto de vista da presevação ambiental, o que tem feito o
Município de Quelimane com vista a sensibilizar os munícipes?
MA: Um
dos aspetos é a formação dos próprios munícipes, dando-lhes acesso à
informação. Por exemplo, utilizamos as reuniões dos bairros. Mesmo agora
estamos a construir uma casa no bairro de Icidua, que é uma das localidades que
mais sofre com os efeitos das mudanças climáticas e das cheias. Agora que
tivemos a cólera foi um dos bairros (mais afetados), porque há falta de água canalizada
e saneamento e essas duas questões propiciam a eclosão (da cólera) e colocam o
bairro de Icidua como um dos mais vulneráveis. Também no âmbito desse projeto
criamos mapas de vulnerabilidade que indicam o nível de vulnerabilidade de cada
bairro de Quelimane. Por outro lado, realizamos com a Universidade Eduardo
Mondlane, em Quelimane, onde existe a Faculdade de Oceanografia e Ciências
Marinhas, um inquérito num trabalho conjunto com os estudantes na zona de
Icidua, para apurarmos os dados que nos têm permitido a formulação dessas
políticas e projetos com vista a minimização do impacto ambiental.
DW
África: Através dos media percebe-se que o Munícipio de Quelimane obedece a uma
dinâmica de governação diferente dos outros municípios do país. Porque?
MA: Durante
vários anos a cidade de Quelimane ficou literalmente esquecida, estava fora do
comboio do desenvolvimento e uma nova equipa assumiu esse desafio. A ideia é
fazer de Quelimane uma cidade com uma economia verde, uma cidade sustentável e
que dialogue com outras cidades do mundo. Tivemos três fases, a primeira era de
reorganização do Município, incluindo questões sobre transparência, gestão dos
recursos humanos e financeiros e também dos próprios bens. Depois passamos por
uma estratégia regional, que culminou no ano passado com a atribuição do prémio
de boa governação na região austral de África à cidade de Quelimane. E neste
momento estamos na terceira fase, a que chamamos de internacionalização da
marca "Quelimane rumo aos bons sinais", porque queremos fazer de
Quelimane uma cidade global que recebe inputs, mas também transmite
as suas experiências a outras cidades.
DW
África: Falou agora em internacionalização. Também se vê na imprensa
alguns diplomatas que têm visitado Quelimane, inclusive fotos em que eles
partilham das experiências quotidianas dos munícipes, por exemplo, andar de
bicicleta consigo. Que interesse esses diplomatas têm manifestado em relação à
Quelimane?
MA: Eles
notam, modéstia à parte, que Quelimane está a ter uma nova dinâmica, que tem
uma liderança jovem, aberta ao mundo, que interage e acho que qualquer ser
humano gosta de estar associado a questões de sucesso. Eles vem essa nova
dinâmcia e querem fazer parte, ajudar. Por exemplo, o embaixador
norte-americano que há duas semanas esteve em Quelimane, uma das coisas que
pediu foi andar de bicicleta em Quelimane, porque estamos a valorizar a bicicleta.
Há um tempo atrás ela era vista como um meio de transporte de pobres, mas
conseguimos transformar a bicicleta num meio saudável, em primeiro lugar, mas
também num meio que não polui, do ponto de vista ambiental. Então, queremos
incentivar o uso da bicicleta. Tiramos a bicicleta daquele estigma e
colocamo-la ao lado das coisas certas que devems ser feitas.
Curta biografia de Manuel de Araújo
A autarquia de Quelimane é governada pelo edil do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Manuel de Araújo que nasceu a 11 de Outubro de 1970, em Quelimane, onde fez os seus estudos primários e secundários.
Curta biografia de Manuel de Araújo
A autarquia de Quelimane é governada pelo edil do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Manuel de Araújo que nasceu a 11 de Outubro de 1970, em Quelimane, onde fez os seus estudos primários e secundários.
raújo
estudou na Escola Primária de Coalane, anexa ao Centro de Formação de
Professores Primários de Nicoadala, na Escola Secundária 25 de Junho, e na
Escola Pré-Universitária 25 de Setembro, todas na cidade de Quelimane.
Fez o ensino superior no Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) e nas Universidades do Zimbabwe e Fort Hare (MPS), na Universidade de Londres (MSc SOAS) e na Universidade de East Anglia (PhD), no Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte. Leccionou na Escola Secundária 25 de Setembro, na Francisco Manyanga, no Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), no Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), na Universidade Pedagógica (UP) e na Universidade A Politécnica, em Maputo.
Manuel de Araújo foi fundador da Associação dos Estudantes de Relações Internacionais, do Conselho Nacional da Juventude, do Conselho Juvenil para o Desenvolvimento do Voluntariado, da Fundação para o Desenvolvimento da Zambézia, da Associação Moçambicana no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, e do Centro do Estudos Moçambicanos Internacionais (CEMO).
Fez o ensino superior no Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) e nas Universidades do Zimbabwe e Fort Hare (MPS), na Universidade de Londres (MSc SOAS) e na Universidade de East Anglia (PhD), no Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte. Leccionou na Escola Secundária 25 de Setembro, na Francisco Manyanga, no Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), no Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), na Universidade Pedagógica (UP) e na Universidade A Politécnica, em Maputo.
Manuel de Araújo foi fundador da Associação dos Estudantes de Relações Internacionais, do Conselho Nacional da Juventude, do Conselho Juvenil para o Desenvolvimento do Voluntariado, da Fundação para o Desenvolvimento da Zambézia, da Associação Moçambicana no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, e do Centro do Estudos Moçambicanos Internacionais (CEMO).
Nádia
Issufo – Deutsche Welle
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