Martinho Júnior, Luanda
1
– No preciso momento em que se assiste à expansão do terrorismo em todo o
mundo, mais ou menos dissimuladamente incrementado pelos Estados Unidos e seus
aliados, a África Austral recebe a visita dos cinco combatentes cubanos anti
terrorismo!
Nada
mais oportuno, pois necessário é hoje balancear a precariedade da situação
global, quando a hegemonia unipolar usa as armas mais perversas para obstar à
paz e à incessante busca por uma humanidade mais equilibrada, mais solidária,
mais progressista e mais socialista.
Assumindo
Angola corajosamente a defesa inteligente da paz interna e em África, eles
trazem o exemplo duma das mais expressivas experiências vividas por alguém em
prol da lógica com sentido de vida em pleno século XXI!
2
– Cuba ao longo de mais de cinco décadas, foi transformada num “laboratório”,
onde os Estados Unidos aplicaram em doses massivas, suas mais odientas
experiências de desestabilização, na contínua tentativa de sabotar a revolução
e quebrar sua intrínseca identidade com seu povo.
Nada
do que está a ser aplicado pelos Estados Unidos no afã de fazer prevalecer o
domínio dos 1% sobre o resto, expansão do terrorismo incluída, deixou antes de
ser experimentado em Cuba!
Desde
a implantação dos bandidos em Escambray, às sabotagens terroristas de
grupúsculos ligados à CIA, até à invasão de Praia Girón, à disseminação de
pragas sobre a agricultura, às“demonstrações” com “damas de branco”,
aos “blogueiros” de conveniência e ao bloqueio, tudo foi
experimentado em Cuba, em maior, ou menor grau!
A
existência do bloqueio é aliás sinónimo do isolamento propositadamente criado
para providenciar as condições objectivas de instalação do “laboratório” pelo
que, a acção heróica dos cinco combatentes cubanos anti terroristas, contribuiu
como uma “pedra de toque” para o desencadear do processo
contraditório, que fortalecia a capacidade inteligente da denúncia e ao mesmo
tempo as mais esclarecidas e esclarecedoras capacidades de luta!
3
– Na África Austral lembrar-se o colonialismo, o “apartheid” e suas
muitas sequelas, lembrar-se a história comum de África a sul do Equador, é
também lembrar as sevícias terroristas que foram sendo aplicadas por quem
tinha, a partir da retaguarda propiciada pela hegemonia unipolar, seu percurso
ideológico-político e suas sangrentas quão desestabilizadoras opções.
Combater
o terrorismo foi (e é) também uma experiência comum na África Austral, pelo que
a visita dos cinco combatentes cubanos anti terroristas, é algo que toca à
identidade de África e sobretudo àqueles que se foram identificando com (e
assumindo) o Movimento de Libertação!
A
visita ocorre no ano em que se perfizeram, a 2 de Janeiro de 2015,
precisamente 50 anos que Che Guevara, também em visita a África, se encontrou
em Brazzaville com a Direcção do MPLA, numa altura em que em África se lutava
abnegadamente, em várias frentes, contra o colonialismo!
Ocorre
ainda quando Angola celebra os seus 40 anos a 11 de Novembro e a ajuda
internacionalista e solidária cubana chegava numa operação incomum com o nome
duma escrava-combatente, que havia pago com sua vida a ousadia do seu afã
libertador: a Operação Carlota!...
O
rumo de Angola não é um acaso e a Revolução Cubana tem-no sabido interpretar em
uníssono com os mais dignos filhos do povo angolano: Angola sabe os imensos
resgates que há que desencadear, desde as trevas da escravatura, do
colonialismo e do “apartheid”!...
4
– Se em África há tanto que celebrar em função da história, há hoje muito que
conscientemente evocar no âmbito da luta que não terminou, da luta contra o
subdesenvolvimento que dá sequência à epopeia da libertação, que só se poderá
levar a cabo numa atmosfera de paz, de harmonia, de busca constante por
equilíbrio, por justiça social e do aprofundamento da democracia!
Nessa
evocação percebe-se que há uma panóplia de obstáculos, de desafios e de riscos
a vencer, entre eles os riscos que se prendem à disseminação do terrorismo no
espaço geo político e geo estratégico africano, emoldurado ou não com a
perversidade que tem sido utilizada nos “modelos”das “revoluções
coloridas” ou das “primaveras árabes”, verdadeiros alfobres de neo
nazismo e neo fascismo, ainda que sob a capa dos mais distintas “motivações”!
A
heróica luta levada a cabo pelos cinco combatentes cubanos, indica também o
caminho da defesa da paz em África, cada vez mais face a face à artificiosa
disseminação do terrorismo instrumentalizado pelas potências que compõem a
corrente da hegemonia unipolar, ao ponto de com isso se preencherem as mais
diversas maneiras de propagar a “doutrina” do recurso à instalação de
suas próprias “parcerias”, ou mesmo ocupações militares, via NATO /
AFRICOM, numa “moderna” versão, “dissuasora” versão, do
emprego do cacete e da cenoura!
Indica
também que África não se pode deixar convencer pelo “canto das sereias” que
é feito por via da instrumentalização daqueles que se aprestam às “revoluções” de
ocasião, que a todo o custo pretendem impedir os rumos que a paz propicia no
seguimento dos esforços protagonizados pelo Movimento de Libertação!...
5
- De entre os combatentes cubanos que estiveram em Angola dando sua generosa
contribuição solidária e internacionalista, estão 3 dos 5 combatentes anti
terroristas:
René
Gonzalez Sewherert, que cumpriu missão internacionalista entre 1977 e 1979 como
condutor de tanques T-34;
Fernando
Gonzalez Llort, que cumpriu sua missão em Angola numa Brigada de tanques, entre
1987 e 1989;
Gerardo
Hernández Nordelo, que esteve também integrado numa Brigada de tanques,
cumprindo 54 missões operativas, tendo sido condecorado com as medalhas Combatente
Internacionalista e pela Amizade Cuba – República Popular de Angola.
Os
outros dois combatentes anti terroristas, Antonio Guerrero Rodiguez e Ramón
Labañino Salazar não estiveram em Angola em missão internacionalista, mas suas
vidas foram bem preenchidas noutras missões, entre elas as que realizaram em
prol da liberdade de Cuba e os levou à ignominiosa prisão nos Estados Unidos.
Eles
são o expoente da exemplar matriz de luta de todo o povo cubano, que se
manifesta por outro lado tão pujante, nas esferas da educação e da saúde, um
pouco por todo o mundo!
Cuba,
uma pequena ilha a poucos quilómetros de distância duma nação tão poderosa e
nefasta nos seus relacionamentos internos e externos como os Estados Unidos,
contrasta com as políticas cultivadas pelo monstro desde a IIª Guerra Mundial,
políticas que em África têm tido um sinal historicamente tão retrógrado!
Enquanto
os cinco heróis tiveram de enfrentar, como Nelson Mandela um dia, uma prisão
tão longa quão injusta, Cuba disseminou ajuda ali onde mais era (é) preciso:
desde quando foi necessário responder perante os efeitos de terríveis
terremotos (do Haiti, ao Paquistão e ao Nepal), desde quando é necessário
enfrentar as mais mortais epidemias (como o enfrentamento ao ébola na Libéria,
na Serra Leoa e na Guiné Conacry), até quando é necessário acabar com o
analfabetismo (da Venezuela a Timor Leste, passando por Angola), ou estar ali
onde muito poucos médicos nacionais ousam estar (como acontece no Brasil), nas
comunidades mais pobres, mais remotas e difíceis de alcançar da América,
lutando por uma qualidade de vida melhor!
Os
cinco combatentes cubanos trazem consigo uma “marca registada”: a
pedagogia da luta capaz de assumir o rumo que comporta a lógica com sentido de
vida, algo que é uma lição para África e para o mundo!
Saibamos
assim, todos os africanos e por tabela os angolanos, conforme a esses exemplos,
defender com sabedoria e pedagogia a construção da paz tão essencial a todos os
povos do continente-berço da humanidade!
*Foto
de Raul de Castro com os cinco heróicos combatentes anti terroristas: o Granma
mostrou que era possível navegar sobre as águas mais turbulentas!
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