Bocas
do Inferno
António Veríssimo, Lisboa
Timor-Leste
não está a viver um real momento de paz. Na comunicação social existe uma
aproximação ao boicote àquilo que corresponde à realidade timorense na
contestação ao regime Xanana Gusmão. Contestação que, neste caso especifico,
recorre a armamento e surpreende e riposta os militares das Forças de Defesa de
Timor-Leste, assim como a polícia. As notícias em português são escassas,
quando não são inexistentes. Desta vez, mais em baixo podemos desfrutar da
raridade de uma notícia em português que mais em pormenor nos permite tomar
conhecimento de um pouco da inquietude e revolta que alguns sentem e a
manifestam através de modos que provavelmente não serão os mais convenientes
para a defesa dos interesses dos timorenses, da democracia e das amplas
liberdades consagradas na Constituição. Facto é que existe um principal responsável
por esta situação extremada que leva à organização de grupos guerrilheiros à
margem das leis: Xanana Gusmão e o seu séquito de amigos, colegas e colaboradores
corruptos. Porém, esse ex-icone timorense usufrui da permanente impunidade e
num governo mal-amanhado, não eleito, encontrou o coio do seu sossego depois de
ter expulsado juízes portugueses que tomaram por ousadia pretender investigar membros
corruptos do seu governo e o próprio Xanana Gusmão. Valeu Mari Alkatiri e a
Fretilin para consolar e proteger o ex-icone. Os amigos são para as ocasiões. Esse
principio poderá valer para Alkatiri mas não para Xanana. A memória de Mari
Alkatiri deve estar a fenecer pois quase que só por milagre escapou aquando do
golpe de Estado levado a cabo por Xanana Gusmão e seus torpes apaniguados em 2005/6. A
paz, o progresso, a justiça, a democracia deve ser defendida com garra em todos
os países, em Timor-Leste também. O seu povo já sofreu demais. Isso não
significa que a justiça não seja praticada e que um ex-icone como Xanana Gusmão
escape ao reconhecimento das suas ações perniciosas contra o país e contra o
povo timorense. A guerrilha Mauk Moruk certamente que se auto-desativa se acaso vir
que a justiça chegou a Timor-Leste, ladeada pela democracia, pela distribuição equitativa e justa da
riqueza, pela abolição da fome e da miséria em que sobrevivem talvez dois
terços dos timorenses. Paz e justiça em Timor-Leste é o que se deseja. Urge
construí-la e de a pôr em prática. Até agora tem prevalecido a paz podre e enganosa a acompanhar o
roubo, a corrupção, os negócios escabrosos e opacos. Há poucos meses foi empossado um novo
governo que manteve Xanana Gusmão como ministro. Não se compreende que assim
tivesse acontecido. Xanana deve muitas explicações e apresentação de desculpas aos
timorenses. Devia cumprir esse roteiro em vez de ziguezaguear, a ver se escapa.
Já
a seguir a notícia acima referida, da Agência Lusa. (AV/PG)
Soldado
timorense ferido em tiroteio com elementos de grupo ilegal
Díli,
29 jun (Lusa) - Um soldado timorense foi ferido a tiro, no domingo, quando a
patrulha que integrava foi alvejada por elementos de um grupo ilegal que está a
ser perseguido pela polícia e forças armadas de Timor-Leste desde março.
O
brigadeiro-general Filomeno Paixão, vice chefe de Estado maior general das
Forças Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), disse que o incidente ocorreu na manhã
de domingo "entre as regiões de Atalari e Sagrada", no município de
Baucau.
Este
é o quinto elemento das forças de segurança (depois de quatro agentes da
polícia) feridos durante a operação de nome código Hanita que envolve efetivos
da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e as Forças de Defesa de Timor-Leste
(FDTL) decorre desde março na ponta leste de Timor-Leste.
Segundo
explicou Filomeno Paixão, os suspeitos do ataque são elementos do grupo CRM
(Conselho da Revolução Maubere), organização considerada ilegal pelo Estado
timorense e que é liderada por Mauk Moruk, considerado traidor da resistência
timorense e que está sob mandado de captura.
"Entre
as 10 e 11 horas, uma patrulha nossa que estava em perseguição ao grupo foi
baleada por elementos da organização de Mauk Moruk. Um soldado foi baleado e a
bala atravessou-lhe uma perna e alojou-se na outra", disse.
"As
análises preliminares no hospital indicam que foi atingido por uma bala de uma
pistola glock. Estamos à espera da análise final dos especialistas",
disse, explicando que as forças de defesa responderam "segundo as regras
de empenhamento".
Continua
a decorrer a operação para tentar encontrar os responsáveis pelos disparos.
Recorde-se
que no decurso da operação já se renderam ou foram capturados 468 elementos do
grupo de Mauk Moruk.
Questionado
sobre o papel de Mauk Moruk, que se diz ex-líder da resistência, Filomeno
Paixão disse à Lusa que o homem, que esteve preso preventivamente no ano
passado, abandonou a resistência armada contra a ocupação indonésia "em
1985 ou 1986".
"Depois
disso participou com militares indonésios na luta contra a guerrilha. Esteve
ausente no exterior durante cerca de 30 anos e nas conversações tidas no
exterior nunca esteve do nosso lado. Não só não esteve do nosso lado mas esteve
contra a resistência", afirmou.
Acusando
Mauk Moruk de querer causar destabilização em Timor-Leste, referiu que as suas
exigências ignoram a lei, a ordem e as instituições do país.
"Quer
abolir a Constituição, acabar com o parlamento e o Governo. Isto é
demais", disse.
"Não
dialogamos com criminosos. O diálogo dele tem que ser com o tribunal e com o
Procurador da República", explicou.
Questionado
sobre a demora em
apanhar Mauk Moruk , o responsável das FFDTL referiu-se à
"falta de tecnologia" e à "falta de cooperação da
população", sem adiantar mais pormenores.
Recorde-se
que a operação foi desencadeada pelo Governo para "prevenir e reprimir
ações criminosas de grupos ilegais" depois de ataques aos elementos da
polícia em fevereiro e março, especialmente o de 08 de março em Baguia, a sul
de Baucau, em que ficaram feridos quatro agentes durante um ataque ao posto
policial da localidade.
ASP
// JCS
Sem comentários:
Enviar um comentário