Silvestre
Alves, do partido guineense MDG, perguntava em 10.07.2015 o que aqui no PG
salientamos como título e na Gazeta de Notícias da Guiné-Bissau também, mas com
mais “corpo”. Parece que afinal também existem partidos da oposição a pretender
que o governo de Simões Pereira caia, que o PM, vencedor incontestado das eleições,
se demita. Assim, não é difícil de vislumbrar nuvens muito negras na
estabilidade política, social e militar que se pretende a partir de Bissau e
para que a comunidade internacional colaborou com o propósito de proporcionar
ao país recuperar dos anos infindos de instabilidade. Depois não se admirem de
os militares voltarem à série de golpes de Estado e matanças que ocorreram no
passado relativamente recente. Simões Pereira, o PAIGC, venceram as eleições,
sem sombra de dúvidas. Então, por que razão Simões Pereira deve demitir-se?
Quem quer desestabilizar a Guiné-Bissau como no passado? Quem está a fazer o
trabalho encomendado pelos grandes cartéis da droga que, como no passado
recente, quase foram donos e senhores do país? Se não é por isso - o interesse em desestabilizar - por que é? (Redação PG)
MDG
APONTA FACTOS NA SUA ‘RENTRÉE’ POLÍTICA: FALTA HOMBRIDADE A DOMINGOS SIMÕES
PEREIRA PARA SE DEMITIR?
“O
Primeiro-Ministro sabe muito bem que, em qualquer país europeu, elejá não teria
condições de permanecer no Governo pelas suspeitas à roda da sua pessoa, quer
relativas a negócios, quer relativas à proteção de pessoas dadas como
condenadas, quer pela situação em que a sua família esteve envolvida”, afirmou
segunda-feira em Bissau o líder do partido MDG.
No
entender de Silvestre Alves “como homem inteligente e informado, não precisa
que lhe seja lembrado a hombridade de Nelson Mandela quando a Mãe da Nação se
viu envolvida em
suspeitas. Nelson deixou o campo aberto à ação judicial,
livrou-se de qualquer suspeita de favorecimento.
Consta
na imprensa que apresentou queixa-crime contra a associação, mas não se lembrou
que, politicamente, no mínimo, deve uma explicação ao país, referiu o político
para a seguir precisar que “o Primeiro-Ministro terá que se lembrar que na
Europa, todo o titular de cargo público que for tido por suspeito apresenta a
sua demissão. Ninguém se atreve a invocar a presunção de inocência porque, por
outro lado, caso se venha a comprovar, a imagem da instituição ficaria
irremediavelmente manchada.”
O
estilo sensacionalista, senão demagógico de governação, tem muitos aspetos
críticos que podem deixar de assinalar, disse Alves que, antecipadamente, pediu
desculpas “se o calor da intervenção, de alguma maneira se sobrepuser ao
caráter pedagógico que se pretende...” com a conferência de imprensa.
São
do domínio público vários casos de despesas consideráveis das quais não se
conhecem a origem dos fundos. Qual a proveniência dos fundos? Como de Carnaval,
de apoios pontuais como à escola de artes, os seis mil sacos de açúcar,
despesas da festa de aniversário, beneficiação da praça dos Heróis Nacionais.
Por tudo isso, o PAIGC e o Governo terão que aceitar dialogar, discutir modelos
e estratégias de desenvolvimento e negociar compromissos e soluções que
salvaguardem os direitos das novas gerações e os interesses do país, sob pena
de voltar a provocar uma crise institucional.
O
Governo tem sido autista e tem dado mostras de preferir o panfletário e o
fogo-de-artifício, disse o líder do Movimento Democrático Guineense (MDG)
exigiu a justificação das contas administrativas de um ano de exercício.
Silvestre
Alves considera que o Executivo parte do princípio que “a Guiné-Bissau
funciona” e que só falta imprimir uma certa dinâmica. “Como diz Joseph
ki-Zerbo, não existe nenhuma “olimpíadas do desenvolvimento”. Por conseguinte,
cada um terá que encontrar a sua própria medida e critério de
desenvolvimento.”
Para
o líder do MDG “continuar nessa forma de encarar o desenvolvimento é admitir
que se pode construir a partir do telhado. Opções são opções. Mas de certeza
que não passará de uma falácia cuja factura será bem pesada para as gerações
vindouras.”
“Na
verdade, se a Guiné fosse uma casa, depois de tantos anos em estaleiro, o
melhor seria deitar tudo a baixo e reiniciar. É aqui que o Governo parece não
ter consciência da gravidade da situação, da necessidade de estruturar,
reorganizar e reformar as suas instituições, de educar, formar, projetar e
implementar uma ideia realista desenvolvimento, com a participação de todas as
franjas da nossa sociedade”, criticou.
De
acordo com o líder do MDG, todos os outros casos que deram lugar a clivagens
conhecidas ou não, destacam-se a dos ministérios dos Negócios Estrangeiros,
ministérios dos Recursos Naturais e do Secretário do Estado das Comunidades.
Pessoalmente, o Primeiro-Ministro deixa-nos alguns casos pessoais. O Governo
tem de ser digno porque nos representa, a todos. Não é espaço para aprendizes,
nem para gente de comportamento duvidoso.
A
presunção de inocência que é um corolário dos direitos fundamentais de
liberdade e da honra e bom nome não pode contender com o direito da comunidade
política de se proteger e de assegurar uma representação idónea e isenta,
defende Alves.
Silvestre
Alves disse que o MDG planeou a sua rentrée para finais do mês de Agosto, data
em que prevê realizar o seu Conselho Nacional para então render visita de
cortesia aos órgãos de soberania e retomar o seu protagonismo. No entanto a
evolução política obrigou a esta intervenção.
Segundo
o líder do MDG, estão cientes de que a Guiné-Bissau precisa de todos, por isso
o exercício de uma oposição consciente que implica colaborar com quem está no
poder. Neste caso, defendeu que o MDG está consciente de ajudar o partido no
poder, PAIGC, a assumir as suas responsabilidades perante os desígnios da
nação, contra a corrupção, como caminho mais rápido para aliviar o sofrimento
do povo.
Para
Silvestre Alves, “a melhor forma de ajudar com lealdade é falar com clareza.”
Para dissipar dúvidas esclareceu: “Falando com clareza, corre-se o risco de
parecer intenção de afrontar. Desde já, que fique claro que não é intenção do
MDG afrontar ninguém.”
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