António Veríssimo, Lisboa
O vídeo foca o assassinato de um jovem, Manelito
Carrascalão, que na flor viçosa da vida procurou proteger em sua casa amigos e
outros perseguidos pelas sanguinárias milícias que com o apoio dos militares e
polícia indonésia semearam o terror, baleando e decapitando timorenses por
represália ao resultado do referendo de 30 de Agosto de 1999, favorável em
quase 80 por cento à separação de Timor-Leste da Indonésia e consequente
restauração da independência declarada em 1975 e pouco depois interrompida com
a invasão e ocupação indonésia por cerca de 25 anos.
Timor-Leste
30 de Agosto de 1999. O tempo e a memória diz-nos que já se passaram 16 anos
dos dias de terror que então foram vividos. Nessa convulsão milhares de
timorenses pereceram. Como antes, em quase 25 anos, pelo menos 200 mil
timorenses foram massacrados e assassinados pelas tropas indonésias, pelas polícias
que usavam uma repressão feroz contra as populações. Foi assim no Massacre de
Santa Cruz, foi assim quase sempre. A vida dos timorenses nada valia para as
tropas e polícias de Shuarto, então presidente da Indonésia. Foi um genocídio
que está por ser julgado, com a cumplicidade das atuais autoridades indonésias,
mas também das autoridades timorenses, assim como da própria ONU e do Tribunal
Penal Internacional.
Com muita luta, dor, sangue e mortes foi escrita a independência
e liberdade de Timor-Leste. Na atualidade existem elites que intentam e
conseguem, ainda, prolongar o sofrimento de muitos timorenses com falta de
recursos para a sua sobrevivência, para desfrutarem da vida condigna que
merecem. Talvez sejam esses elitistas e seus apoiantes que tudo fazem para branquearem o
que ocorreu em 30 de Agosto de 1999. Timor-Leste, tanto quanto é informado, não
efetuou nenhuma cerimónia proporcional para marcar a efeméride, o que é, sem dúvida,
sintomático. O que de certo modo vem provar que alguns das elites timorenses estão a
abarrotar nas barrigas, nas carteiras e nas contas bancárias. Indiferentes às
carências de mais de um terço dos timorenses. Indiferentes aos mártires que com as suas lutas lhes proporcionam o atual debulho do Estado Timorense.
Com
a esperança de que tudo mude para melhor e que a Justiça cumpra a sua função,
sem olhar a quem, resta desejar longa vida à República Democrática de
Timor-Leste. Liberdade e democracia de facto para os timorenses!
(PG/ AV)
(PG/ AV)
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