domingo, 30 de agosto de 2015

HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DAS MILÍCIAS NO PÓS-REFERENDO EM TIMOR-LESTE




O vídeo foca o assassinato de um jovem, Manelito Carrascalão, que na flor viçosa da vida procurou proteger em sua casa amigos e outros perseguidos pelas sanguinárias milícias que com o apoio dos militares e polícia indonésia semearam o terror, baleando e decapitando timorenses por represália ao resultado do referendo de 30 de Agosto de 1999, favorável em quase 80 por cento à separação de Timor-Leste da Indonésia e consequente restauração da independência declarada em 1975 e pouco depois interrompida com a invasão e ocupação indonésia por cerca de 25 anos.

Timor-Leste 30 de Agosto de 1999. O tempo e a memória diz-nos que já se passaram 16 anos dos dias de terror que então foram vividos. Nessa convulsão milhares de timorenses pereceram. Como antes, em quase 25 anos, pelo menos 200 mil timorenses foram massacrados e assassinados pelas tropas indonésias, pelas polícias que usavam uma repressão feroz contra as populações. Foi assim no Massacre de Santa Cruz, foi assim quase sempre. A vida dos timorenses nada valia para as tropas e polícias de Shuarto, então presidente da Indonésia. Foi um genocídio que está por ser julgado, com a cumplicidade das atuais autoridades indonésias, mas também das autoridades timorenses, assim como da própria ONU e do Tribunal Penal Internacional.

Com muita luta, dor, sangue e mortes foi escrita a independência e liberdade de Timor-Leste. Na atualidade existem elites que intentam e conseguem, ainda, prolongar o sofrimento de muitos timorenses com falta de recursos para a sua sobrevivência, para desfrutarem da vida condigna que merecem. Talvez sejam esses elitistas e seus apoiantes que tudo fazem para branquearem o que ocorreu em 30 de Agosto de 1999. Timor-Leste, tanto quanto é informado, não efetuou nenhuma cerimónia proporcional para marcar a efeméride, o que é, sem dúvida, sintomático. O que de certo modo vem provar que alguns das elites timorenses estão a abarrotar nas barrigas, nas carteiras e nas contas bancárias. Indiferentes às carências de mais de um terço dos timorenses. Indiferentes aos mártires que com as suas lutas lhes proporcionam o atual debulho do Estado Timorense.

Com a esperança de que tudo mude para melhor e que a Justiça cumpra a sua função, sem olhar a quem, resta desejar longa vida à República Democrática de Timor-Leste. Liberdade e democracia de facto para os timorenses! 

(PG/ AV)

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