O
secretário-geral do PS acusou hoje o Governo de ser um "permanente passa
culpas" ao negar responsabilidades como não conseguir proteger junto da
União Europeia "os interesses da economia nacional na indústria, na
agricultura e na pesca".
Falando
em terra de pescadores, na Afurada, em Vila Nova de Gaia, perante uma plateia
de perto de duas centenas de pessoas que o acompanharam ao longo de uma arruada
pela rua central da freguesia, António Costa criticou o executivo PSD/CDS-PP de
ser "permanentemente um Governo de passa culpas, em que nada é da sua
responsabilidade e em que a responsabilidade vai sendo lavada nas mãos como se
fosse Pilatos".
"Seja
o que acontece com o sistema financeiro, como se o Governo nada tivesse a ver
com isso, seja o que acontece na negociação que compete ao Governo fazer junto
da União Europeia para proteger os interesses da economia nacional, seja na
indústria, seja na agricultura, seja na pesca, porque o que compete a um
Governo fazer é bater-se e defender os interesses dos portugueses, da economia
portuguesa e de Portugal", sustentou Costa.
Momentos
antes, quando se preparava para iniciar um discurso de mais de 15 minutos num
palco improvisado no centro da Afurada, o secretário-geral do PS respondeu,
sorrindo, a uma provocação vinda da plateia referindo o polémico caso dos
submarinos, dizendo que, ali, só "há barcos de pesca, não há
submarinos".
Numa
referência ao debate televisivo da semana passada com Pedro Passos Coelho, em
que a prestação de Costa foi por muitos elogiada, o cabeça de lista do PS pelo
círculo de Lisboa considerou que o confronto "foi muito simples".
"É
que -- sustentou - foi a primeira vez em quatro anos que foi possível dizer
cara a cara ao primeiro-ministro aquilo que cada um de vocês tem para lhe
dizer, não tem oportunidade de lhe dizer e todos os dias me pedem na rua que
lhe diga na cara. E foi isso que eu fiz, disse-lhe na cara aquilo que vocês
sentem".
Para
António Costa - que hoje contou na Afurada com o apoio da antiga maratonista
Rosa Mota, do presidente da Federação do Porto do PS, José Luís Carneiro, e do
presidente da Câmara Gaia, Eduardo Vitor Rodrigues, para além de nomes como
Elisa Ferreira, Manuel Pizarro, Gabriela Canavilhas e Augusto Santos Silva - os
últimos quatro anos foram "ainda mais difíceis" do que seria de
esperar "porque o Governo quis impor mais sacrifícios do que os impostos
pela própria 'troika'", nomeadamente com os cortes efetuados nas pensões e
com o aumento do IRS.
Mas,
para o secretário-geral do PS, "não é só por causa do passado" que a
maioria PSD/CDS-PP "não merece a confiança de ser reeleita".
"É,
sobretudo, por aquilo que agora querem continuar a fazer para além das próximas
eleições", disse, afirmando recusar uma sociedade onde direitos
fundamentais como a educação, saúde, Segurança Social, habitação e acesso à
justiça "são favores" ou "obra da caridade".
"Não
queremos voltar a uma sociedade onde, em vez de termos uma escola pública que
garante a todos o acesso à educação, esta dependa da contribuição e da
subscrição pública que o Governo organize; não queremos que a saúde volte a ser
um privilégio para alguns e que os outros só possam aceder à saúde porque há
uma subscrição pública para se poder ir ao hospital ou para se poder ir comprar
os remédios à farmácia", ironizou Costa numa crítica à disponibilidade
manifestada no sábado pelo primeiro-ministro para organizar uma subscrição
pública para auxiliar os lesados do BES.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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