A
par de ser o país da Europa que menos dinheiro gasta com a protecção dos mais
idosos (0,1% do PIB), Portugal conta com um recurso muito limitado de
profissionais que assegurem assistência nesta área. No contexto familiar, são
essencialmente as mulheres que cuidam dos idosos.
Segundo
o estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Long-term care protection for older persons: A review of
coverage deficits in 46 countries , que foi divulgado esta
segunda-feira, Portugal é dos países menos “generosos” da Europa na protecção
dos idosos.
90,4%
dos idosos que vivem no país não têm acesso a uma protecção de longo prazo com
qualidade devido ao facto de Portugal apresentar uma das mais baixas
percentagens de trabalhadores formais na área da assistência aos mais idosos –
apenas 0,4 por cada 100.
Logo
a seguir a Portugal destacam-se França e Eslováquia, com 73,5% dos idosos sem
apoios de qualidade, seguindo-se a Irlanda (56,6), a República Checa (49,4) e a
Alemanha (22,9). No Luxemburgo, Noruega, Suécia e Suíça, a taxa de cobertura é
de 100%.
A
OIT estima que faltam 13,6 milhões de profissionais para que garantir a
cobertura universal dos idosos dos países referidos, que representam cerca de
300 milhões de pessoas, ou seja, 80% da população mundial com 65 ou mais anos.
“Destacamos
estas lacunas, apesar do grosso do cuidado – mais de 80% da protecção de longo
prazo – ser atualmente garantido por familiares dos idosos (sobretudo mulheres)
que não são pagas. O seu número ultrapassa em muito o total de profissionais
desta área em todos os países”, sublinha em comunicado Xenia Scheil-Adlung,
coordenadora da política de saúde da OIT e autora do estudo.
“Encontramos
em todas as regiões países onde entre 75 e 100% da população está excluída do
acesso devido a falta de recursos financeiros”, refere o estudo da OIT, que
coloca Portugal a par do Gana, do Chile, da Austrália ou da Eslováquia.
A
Organização sublinha que, neste contexto, estamos perante uma
"discriminação" não só em função da idade, mas também em função do
género, já que são essencialmente as mulheres a cuidar dos idosos sem
usufruírem qualquer remuneração. A OIT lembra ainda que investir neste tipo de
cuidados permitiria criar "muitos empregos".
Não
obstante registar uma das mais altas percentagens de idosos do mundo (perto de
19% em 2013), Portugal alocava apenas 0,1% do seu PIB à proteção dos mais
idosos. Apenas a Turquia apresenta valores inferiores, com 0%.
Estónia
(0,2% do PIB), a República Checa (0,3%) e a Espanha (0,5%) apresentam
percentagens preocupantes. Já a Holanda e a Dinamarca, situam-se no extremo
oposto, dedicando 2,3 e 2,2% do PIB à protecção dos idosos, respectivamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário