Na
véspera do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, o INE divulga mais
dados sobre pobreza em Portugal em 2013. Crianças são há sete anos grupo mais
afectado.
Em
2013, 19,5% das pessoas a viver em Portugal estava em risco de pobreza. Destas,
uma em cada cinco já não era pobre pela primeira vez. Repetia esta condição
pelo terceiro ano seguido.
Os
dados foram publicados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE),
actualizam informações anteriores já divulgadas em Janeiro deste ano, e surgem
na véspera do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, que se assinala este
sábado.
Para
aferir o risco de pobreza referente a 2013 o INE calcula o limiar de pobreza -
que nesse ano se situou em 411 euros mensais. As pessoas com rendimentos abaixo
deste montante são consideradas como estando em risco de situação de pobreza.
"Com
este limiar, 19,5% das pessoas encontravam-se em risco de pobreza em 2013, ou
seja, mais 0,7 pontos percentuais do que em 2012", lê-se na publicação do
INE.
Este
é um dados que já tinha sido conhecido em Janeiro deste ano e reflecte a
situação da pobreza em Portugal, num ano em que o Governo aplicou o
"enorme" aumento de impostos.
No
entanto, entre algumas pessoas em risco de pobreza a difícil situação já não
era nova. O INE revela que "destas, uma em cada cinco encontrava-se também
em pobreza em pelo menos dois dos três anos anteriores".
Ou
seja, é com base no cálculo do indicador de persistência que o INE conclui que
20,4% dos pobres já o eram em pelo menos dois dos três anos anteriores.
Além
disso, o INE volta a referir que as crianças são o grupo populacional mais
afectado pelo aumento da pobreza: 25,6% das pessoas até aos 17 anos está em risco
de pobreza.
Mas
mais. O instituto estatístico acrescenta que desde 2007 as crianças são o grupo
da população mais atingido.
Factura
com habitação ao nível mais alto de sempre
O
inquérito feito pelo INE às famílias a viver em Portugal foi realizado em 2014
e incide sobre os rendimentos de 2013.
No
entanto, o INE aproveitou o inquérito às famílias para fazer mais questões,
entre elas sobre a factura com as despesas de habitação, no caso já referente a
2014.
E,
nesta matéria, os resultados mostram que em 2014 o peso destas despesas no
rendimento disponível bateu um recorde.
A
carga mediana das despesas em habitação aumentou em 2014 para 13,4%, "o
que corresponde ao valor mais elevado da série iniciada em 2004".
O
INE avaliou ainda as famílias que estão sobrecarregadas com esta despesa,
verificando quais destas pagam uma factura que excede 40% do rendimento
disponível (retirando as transferências sociais relativas à habitação).
Em
2014, estavam nesta situação 9,2% da população activa, mais 2 pontos
percentuais do que em 2011.
Outra
das questões avaliadas é a sobrelotação das habitações, que compara o número de
divisões disponíveis com a dimensão e composição da família. O INE estima que
10,3% das pessoas viviam em insuficiência de espaço habitacional em 2014, uma
percentagem menor do que em 2013, quando nesta situação estavam 11,4%.
5,5%
da população precisou de cuidados médicos e não teve
No
inquérito, o INE questionou ainda as famílias sobre o acesso aos cuidados de
saúde, já que este constitui uma variável "importante" para a
avaliação da inclusão social e bem-estar das pessoas.
"Em
2014, 5,5% da população com 16 ou mais anos referiu que, em pelo menos uma ocasião, necessitou de cuidados médicos e não os recebeu, e 18,8%
necessitou de cuidados dentários e não os recebeu", revela o
instituto.
O
instituto justifica que "a falta de disponibilidade financeira foi a
principal razão apontada para a não realização dos exames
e tratamentos médicos (53,5%) ou dentários (82,5%) necessários".
Marta
Moitinho Oliveira - Económico
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