No
caso do activista ou da família solicitarem uma intervenção, a embaixada admite
ponderar
O
embaixador português em Luanda, João da Câmara, admitiu ao Rede Angola que
está disposto a ponderar a hipótese de visitar o activista Henrique Luaty
Beirão na prisão, caso ele ou a família solicitem a intervenção da embaixada.
“No
caso de haver um pedido, então a embaixada ponderará”, disse o diplomata em
conversa telefónica, lembrando que esta condição aplica-se apenas a Luaty
Beirão, uma vez que é o único com nacionalidade portuguesa.
“Por
si só a embaixada nunca poderá tomar essa iniciativa”, acrescentou João da
Câmara, recusando-se a comentar as declarações do Ministério dos Negócios
Estrangeiros Português (MNE), que na semana passada disse estar “muito
atento” à greve de fome do activista luso-angolano.
João
da Câmara tem prevista para amanhã uma reunião com o ministro da Justiça, Rui
Mangueira, juntamente com outros três embaixadores de países da União Europeia
em Luanda.
Ontem,
o jornalista Rafael Marques, criticou a posição do MNE,
pedindo à embaixada portuguesa para visitar o preso político, em greve há
23 dias. “Não basta dizer que está a acompanhar a situação. Obviamente eles
estão a ler os jornais e sabem o que se passa pelos jornais, mas já alguém da
embaixada portuguesa foi visitar o Luaty?”, disse à Agência Lusa, citado
pelo Jornal de Negócios.
O
jornalista estendeu ainda um pedido ao Bloco de Esquerda, terceiro maior
partido português, para levar a questão ao plenário da Assembleia da
República.
“Eu
faço um apelo ao Bloco de Esquerda, que tem mostrado genuína preocupação para
com o sofrimento dos angolanos, para que leve o caso do Luaty ao parlamento
português e que continue o seu trabalho de denunciar o que se passa de errado
em Angola porque aqui em Portugal só podemos contar com a solidariedade
indiscutível do Bloco de Esquerda”.
Rafael
Marques disse ainda que, para além do caso Luaty Beirão, outros estão
a passar despercebidos. São os exemplos de Benedito Jeremias e Albano
Bingo, torturados no Hospital prisão de São Paulo, na passada sexta-feira.
“Torturaram-nos
porque estavam a reclamar o direito de poderem falar uns com os outros. A
mulher de Albano Bingo disse-me que o marido mal consegue andar devido à
pancadaria. Tem feridas nas mãos, nos braços e nas pernas e nas costas”.
Luaty
Beirão não corre risco de vida, dizem autoridades
As
autoridades negam que o rapper Luaty Beirão esteja em risco de vida,
contrariando a versão da família do cantor.
Visivelmente
debilitado e deitado na cama de uma das enfermarias do estabelecimento
prisional, o jovem, de 33 anos, um dos 15 detidos em Luanda desde Junho por
alegadamente prepararem um golpe de Estado, não respondeu a qualquer pergunta
da Lusa, numa visita autorizada pela direcção nacional dos Serviços
Prisionais angolanos, António Fortunato.
“Clinicamente,
o Luaty está estável, embora debilitado pelo tempo que leva sem ingestão de
alimentos. Neste momento está a ingerir apenas água e chá com um pouco de
açúcar”, explicou à Lusa o médico Manuel Freire, chefe nacional do
departamento de saúde dos Serviços Prisionais, que acompanhou a visita ao activista
no hospital-prisão de São Paulo, em prisão preventiva desde 20 de Junho.
Na
visita, Luaty Beirão, que também tem nacionalidade portuguesa, limitou-se a
acenar com a cabeça, sem qualquer outra explicação, apesar da insistência.
De
acordo com o médico, Luaty Beirão aceitou, desde domingo, que lhe fossem
administrados soros, nomeadamente complexo B e fisiológico, para “reidratar”.
“Ele
neste momento não está a fazer qualquer esforço físico, pode ser que isso leve
a uma resistência maior. Mas nós estamos a fazer tudo o que está ao nosso
alcance para salvarmos a vida do Luaty. Estamos a tentar convencê-lo a
alimentar-se, o mínimo que for possível, para que ele saia dessa situação”,
disse ainda Manuel Freire.
“Neste
momento não há risco de vida nenhum. Todos os órgãos estão em funcionamento.
Ele está numa situação razoável, não vou dizer que está bem, bem, porque está
debilitado. Mas até ao momento não corre risco de vida”, assegurou ainda à Lusa o
chefe nacional do departamento de saúde dos Serviços Prisionais.
A
família de Luaty afirma que o activista – que assina com os heterónimos
musicais “Brigadeiro Mata Frakuzx” ou, mais recentemente, “Ikonoklasta” – corre
“risco de vida”, face à frágil situação de saúde, sendo, por isso, o foco
principal das vigílias que se realizaram nos últimos cinco dias em Luanda.
Rede
Angola com Lusa
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