sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Angola. QUANDO A BAJULAÇÃO É INSTITUTO DE COMPENSAÇÃO PARTIDOCRATA



William Tonet – Folha 8 digital 03 outubro 2015

LUVUALU DE CARVALHO NOMEADO EMBAIXADOR

O jovem apa­recia de repente, invadia as nossas ca­sas, através da emissão da TPA (Tudo Pode Acon­tecer), comentando tudo e todos, da propriedade da mandioca ao sexo do cão, bem como a política de “deusificada” do camarada arquitecto da paz, figura única, na miopia de alguns, sem o qual o Estado teria sucumbido. Era secundado pelo meu amigo, ainda que com alguma descrição, Norberto Garcia, também, ele “pau para toda obra”, politicamente incorrecta.

E assim, como o vento leva para longe, a leveza dos objectos, António Manuel Luvualu de Carvalho foi bajuladoramente esvoa­çando, mesmo boçalida­des, acolhidas pelo séquito do Titular do Poder Execu­tivo que endossavam para este, como tendo mais uma opção, disposto a estender elogios de forma cega e ilimitada, até mes­mo transformar os mon­turos de lixo, espalhados pela cidade de Luanda, em frondosos jardins verdes.

E, como Dos Santos, ao longo do seu consulado; 36 anos de poder ininter­rupto, sem nunca ter sido nominalmente eleito, se­guir a fórmula de Norman Vicent de “preferir ser arruinado pelo elogio a ser salvo pela crítica”, acolheu no seu numeroso exército mais uns recrutas/baju­ladores, nomeando, um, ilegalmente, como embai­xador itinerante, violando uma disposição sua, ante­riormente tomada e, mais grave, banalizando a car­reira diplomática.

Como pode um menino, que nunca trabalhou na diplomacia, não faz parte dos quadros de carreira do MIREX, sem provas dadas, que justifiquem para lá da bajulação, ter uma ascen­ção meteórica, quando estão centenas de quadros; como ministros conselhei­ros, primeiros secretários, consules, etc, esperando promoções, sem horizonte e um estranho de repente, supera tudo e todos, por bajular?

QUE TIPO DE GESTÃO É ESSA? RUINOSA!

Só pode ter esse nome, por outro não se encaixar, ainda que queiramos ser benevolentes, face a in­tempestiva nomeação de Dom “Luvualu Bajulador de Carvalho”, pelo baju­lado Eduardo dos Santos por demonstrar não ser, este último, “escravo das suas próprias decisões e palavras”. Na qualidade de Titular do Poder Exe­cutivo, em Janeiro de 2015, disse ter “cancelado todos os concursos de admissão e promoção na Função Pública, devido ao défice fiscal no Orçamento Ge­ral do Estado (OGE) para 2015, provocado pela que­da do preço do petróleo” e que por via disso, não haveria, “admissões nem promoções na Função Pú­blica em 2015, nem para contratos temporários”, tudo, posteriormente, reforçado pelo seu auxiliar, o secretário das Finanças, Alcides Safeca.

Num país sério de Direi­to Democrático estas no­meações partidocratas de “jobs for boys” e outros, na estrutura do Estado, em momento de crise e res­trições, seriam, imediata­mente, impugnadas tendo como substrato, a violação do princípio de igualdade, constitucionalmente con­sagrado no art.º 23.º, por onerarem financeiramen­te o Estado.Como acre­ditar ter, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos ganho, de forma transparente, lícita e ho­nesta, um prémio de boa governação, quando trata o Estado como colchão de acomodação partidocrata dos que o bajulam, oneran­do as contas públicas, com o acumular de mordomias; com residências, viaturas de luxo, guarda-costas, motoristas, pessoal do­méstico, despesas de re­presentação, etc, etc.

A nomeação aos 30.09 de António Manuel Luvualu de Carvalho, como embai­xador itinerante, uma es­pécie de “pombo correio” do Chefe de Estado em missões especificas, não só banaliza e viola o prin­cípio da carreira diplomá­tica, como demonstra um poder quase monárquico de Eduardo dos Santos que trata o Estado, como se fosse sua propriedade, pondo e dispondo-o dis­cricionariamente, sob o si­lêncio cúmplice e cobarde dos membros do MPLA, da oposição e demais acto­res do Estado.

E nessa cultura arrogan­te, monárquica de pri­vatização do Estado, o despesismo é o regabofe, sucedendo-se as violações passíveis de procedimen­to criminal, por quebra de lealdade, para com os eleitores, em nomeações, contrárias ao inicialmente prometido, tais como a de Gomes Sambo (quem diria), um ex director re­gional da OMS-África, para secretátrio de Estado da Saúde ou ainda a de Faustino Muteka, que de­veria ser apoiado a tratar­-se clinicamente, ao invés de ser nomeado conse­lheiro do Conselho da República, quando tem pa­trimónio bastante, na Huí­la, Huambo, entre outros locais, para prescindir das benesses inerentes ao car­go. Mas nessa onda de ba­nalização da meritocracia, foram ainda nomeados, os dirigentes do MPLA do secretariado provincial de Luanda, Ernesto Manuel Norberto Garcia e Luís Domingos José, para os cargos de director e de director adjunto da Unida­de Técnica para o Investi­mento Privado, respecti­vamente, com o objectivo de apoiar o Titular do Po­der Executivo na prepara­ção, condução, avaliação e negociação dos projectos desta natureza.

E assim vai a promoção da bajulação que, afinal, com­pensa, sempre que o baju­lado tiver nome…


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