A
Associação 25 de Abril repudiou hoje a mensagem do Presidente da República, na
qual indigitou Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro, considerando que
Cavaco Silva é "um chefe de fação".
Para
a associação que representa os militares que fizeram a revolução do 25 de Abril
de 1974, o Presidente da República "assumiu-se como um chefe de fação,
ofendeu a Constituição da República, de que deveria ser o principal defensor, e
violou drasticamente a separação de poderes entre os órgãos de soberania".
Em
comunicado assinado pelo presidente da direção, Vasco Lourenço, os militares
referem que Aníbal Cavaco Silva "apelou à ingerência de instituições e
organizações estrangeiras nos poderes soberanos da República Portuguesa,
decidiu que os votos dos portugueses não têm igual valor e de que lhe cabe a
ele definir quais os válidos e os que apenas servem para 'fazer de
conta'".
O
Presidente da República "sentenciou quais os partidos políticos que podem
ascender ao poder, injuriou o partido que não fez os acordos que ele acha que
devem ser feitos", diz ainda a mesma associação.
"Manifestamos
o nosso repúdio e a nossa condenação pela atuação de quem deveria ser garantia
de estabilidade para o país, mas, infelizmente, apenas provoca enorme confusão,
desprestígio e indignação popular", conclui a Associação 25 de Abril.
O
Presidente da República considerou na sua comunicação ao país de quinta-feira à
noite que, apesar do Governo PSD/CDS-PP poder não assegurar inteiramente a
estabilidade política necessária, "a alternativa claramente inconsistente
sugerida por outras forças políticas" teria consequências financeiras,
económicas e sociais "muito mais graves".
"Se
o Governo formado pela coligação vencedora pode não assegurar inteiramente a
estabilidade política de que o país precisa, considero serem muito mais graves
as consequências financeiras, económicas e sociais de uma alternativa
claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas", afirmou o
chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
Sublinhando
que é ao Presidente da República que cabe "de forma inteiramente
livre" fazer um juízo sobre as soluções políticas com vista à nomeação do
primeiro-ministro, Cavaco Silva disse ser "significativo" que não
tenham sido apresentadas por PS, BE, PCP e PEV "garantias de uma solução
alternativa estável, duradoura e credível".
Nas
eleições legislativas de 04 de outubro, a coligação Portugal à Frente obteve
107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP), o PS elegeu 86 deputados, o BE 19, a
CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um deputado.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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