Portugal
tem enfrentado "sérios desafios às condições materiais que influenciam a
qualidade de vida dos seus cidadãos", sendo o segundo país desenvolvido
onde os cidadãos revelam uma mais baixa satisfação com a vida, revela a OCDE.
No relatório How’s Life (Como vai a vida?) da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), sobre
qualidade de vida nos países desenvolvidos, Portugal surge pior em vários
indicadores.
“O
rendimento médio disponível das famílias [em Portugal] baixou 8,9% entre 2009 e
2014 e encontra-se bem abaixo da média da OCDE” e “há um risco acima da média
de ficar desempregado, sendo o desemprego de longa duração de 8,3%, bastante
acima dos 2,6%” nos países da organização, assinala o documento apresentado
esta terça-feira pelo secretário geral da OCDE, José Ángel Gurría, durante o V
Fórum Mundial da OCDE sobre Estatísticas, Conhecimento e Políticas, celebrado
em Guadalajara, Jalisco , no México.
Paralelamente,
o peso dos trabalhadores com horários “muito longos”, de 50 ou mais horas
semanais, “quase duplicou” entre 2009 e 2013, para 9,6%.
“A
percentagem de pessoas que, por rotina, trabalha 50 horas ou mais por semana
aumentou em vários países da OCDE, mas caiu em vários outros, entre 2009 e
2013. Registaram-se aumentos de cerca de 1 ponto percentual no Reino Unido, na
Irlanda e na República Eslovaca, e aumentos superiores a 4 pontos percentuais
em Portugal e no Chile”, refere a OCDE.
A
OCDE alerta que as crianças portuguesas também são afetadas pelas
"dificuldades económicas que o país enfrenta". Cerca de 15% das
crianças vivem numa casa em que pelo menos um dos pais é desempregado de longa
duração. O país aparece, inclusive, ao lado dos países desenvolvidos onde o bem
estar das crianças é mais afetado por questões de rendimentos ou desemprego.
No
relatório é apontado ainda o aumento da abstenção no país: “A afluência às
urnas diminuiu entre 2007 e 2014 em cerca de dois terços dos países da OCDE,
com algumas das reduções mais significativas nos Estados Unidos, Japão, Grécia,
Eslovénia, Itália, Portugal e Espanha.”
No
que respeita aos indicadores em que Portugal registou alguma melhoria
destacam-se a esperança de vida à nascença, que aumentou nove meses em média na
OCDE e mais de um ano em Portugal, e a percentagem de adultos com o ensino
secundário, tendo Portugal registado o mais elevado acréscimo - 10 pontos
percentuais. Portugal continua, no entanto, bem abaixo dos 77% da OCDE.
Esquerda.net
– foto de Paulete Matos
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