Dez
dias depois da ida dos portugueses às urnas, o impasse mantém-se.
Cerca
de duas horas e 15 minutos de reunião entre a comitiva do PS liderada por
António Costa e a da coligação, encabeçada por Passos Coelho, terminaram da
mesma forma que há uma semana: “inconclusiva”, afirmou Passos à saída da
reunião, repetindo palavra de Costa após reunião da semana passada.
E
eis que chegamos a um momento em que a política portuguesa se tornou palco de
negociações, algumas virtualmente inéditas, e todas em torno do mesmo elemento:
o PS. Embora perdendo as eleições para a coligação no passado dia 4, Costa será
mesmo decisivo para a composição de novo governo, seja ele de Esquerda ou de
Direita.
Costa
quer a inversão das políticas de austeridade. À Direita, quer que Passos Coelho
e Paulo Portas vão mais longe se quiserem ser governo. “Desilusão” foi mesmo a
palavra que usou ontem à noite, à saída da reunião com a comitiva PSD/CDS. À
Esquerda, havendo pontos em comum, há uma preocupação clara: um futuro governo
de Esquerda terá sempre de funcionar dentro das regras europeias.
Caso
o impasse se mantenha, sem ‘terra à vista’, à Esquerda ou à Direita, adianta o
Público que Costa irá abster-se nalguma moção de rejeição. Tal postura abria
caminho a um governo de Passos, mas sem acordo prévio. Sinal de que o executivo
terá sempre de governar sob a redobrada vigilância da maioria de Esquerda no
parlamento.
O
suspense deverá prolongar-se por mais algum tempo mas a verdade é que Costa já
se desdobrou em comentários à imprensa internacional, contrariando potenciais
receios. À Reuters, comentou a questão da estabilidade, assegurando que, nesta
fase, a Esquerda está em “melhores condições” para assumir um governo estável.
E à AFP amenizou receios de mudanças políticas radicais: “O PS não é o Syriza”,
uma variação curiosa em relação ao tempo em que era o Governo de Passos a dizer
aos mercados que “Portugal não é a Grécia”.
Entretanto,
Costa não pode olhar apenas para o seu lado. Tem de ver olhar também para o
interior do PS. E segundo o Diário Económico, o secretário-geral socialista tem
sondado as bases do partido, nomeadamente sobre a possibilidade de ser um
governo de Esquerda a assumir o futuro executivo.
Já
de Belém, adianta a mesma publicação citando fonte próxima da Presidência,
recorda-se que a indigitação de um primeiro-ministro “é uma decisão pessoal” do
Chefe de Estado. Cavaco prepara-se agora para falar com os restantes partidos,
isto já depois de ter indigitado Passos Coelho para formar governo. Mas
voltamos ao mesmo: o que quer que Cavaco Silva faça dependerá dos termos do
acordo que o PS apresentar, admite Belém.
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