quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Portugal. DIREITA PRESSIONA, ESQUERDA À ESPERA E PS ATENTO. QUE FARÁ COSTA?



Dez dias depois da ida dos portugueses às urnas, o impasse mantém-se.

Cerca de duas horas e 15 minutos de reunião entre a comitiva do PS liderada por António Costa e a da coligação, encabeçada por Passos Coelho, terminaram da mesma forma que há uma semana: “inconclusiva”, afirmou Passos à saída da reunião, repetindo palavra de Costa após reunião da semana passada.

E eis que chegamos a um momento em que a política portuguesa se tornou palco de negociações, algumas virtualmente inéditas, e todas em torno do mesmo elemento: o PS. Embora perdendo as eleições para a coligação no passado dia 4, Costa será mesmo decisivo para a composição de novo governo, seja ele de Esquerda ou de Direita.

Costa quer a inversão das políticas de austeridade. À Direita, quer que Passos Coelho e Paulo Portas vão mais longe se quiserem ser governo. “Desilusão” foi mesmo a palavra que usou ontem à noite, à saída da reunião com a comitiva PSD/CDS. À Esquerda, havendo pontos em comum, há uma preocupação clara: um futuro governo de Esquerda terá sempre de funcionar dentro das regras europeias.

Caso o impasse se mantenha, sem ‘terra à vista’, à Esquerda ou à Direita, adianta o Público que Costa irá abster-se nalguma moção de rejeição. Tal postura abria caminho a um governo de Passos, mas sem acordo prévio. Sinal de que o executivo terá sempre de governar sob a redobrada vigilância da maioria de Esquerda no parlamento.

O suspense deverá prolongar-se por mais algum tempo mas a verdade é que Costa já se desdobrou em comentários à imprensa internacional, contrariando potenciais receios. À Reuters, comentou a questão da estabilidade, assegurando que, nesta fase, a Esquerda está em “melhores condições” para assumir um governo estável. E à AFP amenizou receios de mudanças políticas radicais: “O PS não é o Syriza”, uma variação curiosa em relação ao tempo em que era o Governo de Passos a dizer aos mercados que “Portugal não é a Grécia”.

Entretanto, Costa não pode olhar apenas para o seu lado. Tem de ver olhar também para o interior do PS. E segundo o Diário Económico, o secretário-geral socialista tem sondado as bases do partido, nomeadamente sobre a possibilidade de ser um governo de Esquerda a assumir o futuro executivo.

Já de Belém, adianta a mesma publicação citando fonte próxima da Presidência, recorda-se que a indigitação de um primeiro-ministro “é uma decisão pessoal” do Chefe de Estado. Cavaco prepara-se agora para falar com os restantes partidos, isto já depois de ter indigitado Passos Coelho para formar governo. Mas voltamos ao mesmo: o que quer que Cavaco Silva faça dependerá dos termos do acordo que o PS apresentar, admite Belém.

Notícias ao Minuto

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