Recebem
mais do que USD 4 por dia e quase todos têm telemóvel e acesso à internet, diz
estudo do Observatório Angola.
Mais
de cinco milhões de angolanos são considerados como de classe média, auferindo
rendimentos acima de USD 4 por dia, segundo as conclusões de um estudo do
Observatório Angola.
O
estudo, a que a agência Lusa teve acesso, explicam os autores,
envolveu a “combinação de vários contributos”, nomeadamente entrevistas a uma
amostra de 2.058 indivíduos, tendo concluído que a classe média e a classe
média emergente angolana, com rendimentos acima dos USD 4 por dia e per capita
“ultrapassa já os cinco milhões de habitantes”.
“A
consolidação de uma classe média com poder de compra contempla um enorme
mercado de consumo e representa um agente de mudança social e económico que é
urgente reconhecer”, apontam as conclusões do estudo promovido por este
observatório, criado por empresas angolanas em 2014.
O
censo da população realizado em Maio concluiu que o país conta com cerca de 24
milhões de habitantes.
Já
este estudo refere que 92 por cento dos inquiridos tem telemóvel, 60 por
cento possui computador e 61 por cento tem acesso internet através do
telemóvel. Dos inquiridos, 80 por cento tem conta bancária, 40 por cento
utiliza o cartão multicaixa regularmente, 41 por cento tem automóvel e 74 por
cento tem uma televisão de ecrã plano.
“Sinais
mais do que evidentes da consolidação crescente de uma classe média angolana
com poder de compra”, refere ainda este estudo.
O
Observatório Angola, projecto que se propõe definir o perfil do consumidor
angolano, foi lançado a 13 de Novembro, em Luanda, como resposta à pretensão de
empresas instaladas no país, assumindo como primeira ambição constituir-se numa
ferramenta de apoio às empresas no sentido de orientarem as suas estratégias e
dos produtos que colocam no mercado.
Na
ocasião, em declarações à Lusa, Clara Cardoso, gestora do
observatório, explicou que o desafio deste projecto passava por revelar o
perfil do consumidor angolano este ano.
“Temos
uma grande vontade de fazer um estudo sobre a vida privada, os protagonistas que
vivem dentro das famílias, quem são os protagonistas no consumo, no papel do
homem, da mulher, dos filhos enquanto influenciadores”, disse Clara Cardoso,
sócia da Return on Ideas, empresa que lidera operacionalmente a gestão deste
projecto.
Nas
conclusões do estudo hoje divulgadas é sublinhado que os consumidores
inquiridos, quando questionados sobre os destinos que escolheriam para uma
próxima viagem, “o primeiro país a ser indicado é o Brasil, seguido do Dubai e,
apenas em terceiro lugar, referem Portugal, a par com os Estados Unidos da
América”.
“Na
verdade, olhar este estudo, é, de certa forma, olhar o futuro do país”, refere
José Octávio Van-Dúnem, sociólogo que integra a equipa de projecto liderada
pela consultora Return on Ideas.
“Esta
profunda investigação do tecido social angolano surge num momento especial para
Angola, que comemora os 40 anos de independência e em que se pede um olhar
realista, retrospectivo e prospectivo que possa inspirar futuras políticas
públicas”, refere ainda o especialista.
Lusa,
em Rede Angola - Foto:
Shopping Luanda - João Gomes/JAImagens
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