Lisboa,
19 nov (Lusa) - O brasileiro Tércio Ambrizzi, especialista em alterações
climáticas, propôs hoje em Lisboa a criação de um painel intergovernamental,
envolvendo todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), para estudar e apoiar os decisores sobre este fenómeno.
O
professor da Universidade de São Paulo, no Brasil, sugeriu a criação de um
"painel intergovernamental" da comunidade lusófona e de um
"núcleo de apoio à pesquisa" sobre alterações climáticas, durante a
sua intervenção no 1.º Congresso CPLP sobre alterações climáticas, que decorre
hoje e sexta-feira em Lisboa.
"Talvez
pudéssemos pensar criar aqui algo nesse sentido, para o desenvolvimento de
pesquisa e ajudar os tomadores de decisão sobre as direções a seguir",
defendeu Tércio Ambrizzi.
"Devemos
juntar-nos para fazer um documento único, para que, sabendo as diferenças e as
fraquezas de cada um de nós, nos possamos aliar e combater melhor e mitigar as
ações das mudanças climáticas", sugeriu o especialista.
Para
Ambrizzi, a colaboração deve ser feita através das universidades e
investigadores dos diferentes países da CPLP, mas contando com o "suporte
inicial" dos governos.
Durante
a manhã, investigadores do Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau,
Cabo Verde e Portugal apresentaram projetos a decorrer nos respetivos países
para contrariar os efeitos das alterações climáticas, tornando evidente as
diferenças entre os países que são emissores de gases com efeito de estufa -
como Brasil, Angola ou Portugal - ou outros cujo contributo é quase nulo, mas
que são mais suscetíveis de sofrer os impactos das mudanças do clima.
Entre
os países lusófonos, destacam-se a Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e
Príncipe como países que pouco contribuem para as emissões de gases com efeitos
de estufa, mas que sofrem mais com os seus efeitos, como a diminuição das
chuvas ou ocorrência de chuvas torrenciais, inundações, secas ou ciclones.
"Temos
de compatibilizar [estas diferenças]. Na verdade, os pequenos países não
contribuem, mas são aqueles que vão sofrer mais, principalmente os que são
ilhas - o aumento do nível do mar está a ocorrer e vai continuar a ocorrer.
Eles poderiam estar mais próximos e aproveitar a oportunidade de contar com a
ajuda dos países mais poluidores, e que deveriam ter uma ação mais
imediata", sustentou o especialista brasileiro.
JH
// JMR
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