quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Portugal. CAVACO, PRESIDENTE SÓ DE ALGUNS NÃO É PRESIDENTE DA REPÚBLICA




Mário Motta, Lisboa

A exemplo de outros dias o Página Global mais parece o manifesto anti-Cavaco, mas não é. Facto que hoje está abundar por aqui, Cavaco Silva demais, justificando-se devido às circunstâncias. Primeiro por haver muita informação e opinião sobre o mentor da desgraça de Portugal, o radical de direita que apesar de ter colaborado com a fascista PIDE conseguiu ascender a primeiro-ministro e a presidente da República, em ambos os cargos com péssimo desempenho para a maioria dos portugueses - mas com bastantes vantagens próprias e dos seus amigos, dos banqueiros, dos grandes empresários. Cavaco, o executante daqueles que abominam a democracia, a não ser que dela impinjam aos cidadãos a democracia de faz-de-conta, fraudulenta, que não os prive de usurparem os poderes.

Tem sido de acordo com estas estratégias que Cavaco, como executor, tem governado e presidido à República em Portugal. Cavaco é afinal um declarado executor da direita radical e saudosista que perdurou durante quase meio século em Portugal sob o poder de um fascista, Salazar.

Se há quem espere que Cavaco vá indigitar e dar posse a António Costa e a um governo maioritariamente apoiado por partidos políticos de esquerda desengane-se. Cavaco disse no discurso ao país após as eleições legislativas que não o faria. Por isso nomeou e deu posse a um governo minoritário sem apoios no Parlamento. Governo que foi rejeitado, como ele muito bem sabia. Nesse discurso Cavaco atirou para a exclusão a expressão de milhões portugueses que votaram na mudança, que “despediram” o cavaquiano governo radical de direita chefiado por Passos e por Portas. O que Cavaco pensa e vai fazer é o que anteriormente afirmou: não vai dar posse a um governo maioritário de esquerda. Maioritário por possuir o apoio declarado e comprovado dos partidos de esquerda. Cavaco exclui a maioria dos portugueses eleitores. Cavaco quer prosseguir na senda de colher vantagens para os seus comparsas banqueiros e grandes empresários, para os seus amigos dos mercados, para aqueles que por eles tem servido e serve, em prejuízo de Portugal democrático, livre e independente. Em prejuízo da maioria dos portugueses.

Assistimos – também aqui no PG – ao trato político de polé a Cavaco por personalizar o horrível presidente da República que é. Aliás, para ele Portugal não é considerado uma República mas antes um reino. Reino de um bando, é certo. O seu bando. O bando a que pertence e que serve. A seita, como também lhe chamam. É triste e uma vergonha que politicamente Cavaco não se dê ao respeito nem respeite a República, a democracia, os portugueses que opta por excluir – mesmo tendo em posse conhecimento que a fome, a miséria, as enormes carências, são aquilo a que foram e estão a ser votados os portugueses. Quase três milhões de alminhas. Crianças e velhos são os principais lesados. Mas também os jovens. Principalmente os desempregados, os que eram da classe média que atualmente estão atacados nas dívidas, na pobreza.

Inútil argumentar a Cavaco que algo deve ser feito, que algo tem de mudar, para recuperar os portugueses e o país. Cavaco segue o que já está há muito destinado pelos seus pares radicais. Mesmo e apesar de a sua direita radical ter sido vencida nas eleições legislativas. Cavaco não respeita nada nem ninguém que seja de vontade e pensar diferente da missão para que se sente mandatado pelos banqueiros e mercados que o mordomizam em troca da sua fidelidade. Cavaco não respeita a democracia nem os portugueses, por isso não merece respeito. Não é possível respeitar quem sistematicamente não nos respeita.

É uma tristeza e uma vergonha ver um PR desrespeitado por ele próprio. Só depois pelos outros. Por fazer da República e da democracia uma amalgama que sirva interesses de alguns em desrespeito e prejuízo de milhões. O presidente de alguns é só presidente de alguns, não da República.

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