Mário Motta, Lisboa
A
exemplo de outros dias o Página Global mais parece o manifesto anti-Cavaco, mas
não é. Facto que hoje está abundar por aqui, Cavaco Silva demais,
justificando-se devido às circunstâncias. Primeiro por haver muita informação e
opinião sobre o mentor da desgraça de Portugal, o radical de direita que apesar
de ter colaborado com a fascista PIDE conseguiu ascender a primeiro-ministro e
a presidente da República, em ambos os cargos com péssimo desempenho para a
maioria dos portugueses - mas com bastantes vantagens próprias e dos seus amigos,
dos banqueiros, dos grandes empresários. Cavaco, o executante daqueles que
abominam a democracia, a não ser que dela impinjam aos cidadãos a democracia de
faz-de-conta, fraudulenta, que não os prive de usurparem os poderes.
Tem
sido de acordo com estas estratégias que Cavaco, como executor, tem governado e
presidido à República em Portugal. Cavaco é afinal um declarado executor da direita radical e saudosista que perdurou durante quase
meio século em Portugal sob o poder de um fascista, Salazar.
Se
há quem espere que Cavaco vá indigitar e dar posse a António Costa e a um
governo maioritariamente apoiado por partidos políticos de esquerda
desengane-se. Cavaco disse no discurso ao país após as eleições legislativas
que não o faria. Por isso nomeou e deu posse a um governo minoritário sem
apoios no Parlamento. Governo que foi rejeitado, como ele muito bem sabia.
Nesse discurso Cavaco atirou para a exclusão a expressão de milhões portugueses
que votaram na mudança, que “despediram” o cavaquiano governo radical de direita
chefiado por Passos e por Portas. O que Cavaco pensa e vai fazer é o que
anteriormente afirmou: não vai dar posse a um governo maioritário de esquerda.
Maioritário por possuir o apoio declarado e comprovado dos partidos de
esquerda. Cavaco exclui a maioria dos portugueses eleitores. Cavaco quer prosseguir na senda
de colher vantagens para os seus comparsas banqueiros e grandes empresários,
para os seus amigos dos mercados, para aqueles que por eles tem servido e serve,
em prejuízo de Portugal democrático, livre e independente. Em prejuízo da
maioria dos portugueses.
Assistimos
– também aqui no PG – ao trato político de polé a Cavaco por personalizar o horrível
presidente da República que é. Aliás, para ele Portugal não é considerado uma
República mas antes um reino. Reino de um bando, é certo. O seu bando. O bando
a que pertence e que serve. A seita, como também lhe chamam. É triste e uma
vergonha que politicamente Cavaco não se dê ao respeito nem respeite a República,
a democracia, os portugueses que opta por excluir – mesmo tendo em posse
conhecimento que a fome, a miséria, as enormes carências, são aquilo a que foram e estão a ser votados os portugueses. Quase três milhões de alminhas. Crianças e
velhos são os principais lesados. Mas também os jovens. Principalmente os
desempregados, os que eram da classe média que atualmente estão atacados nas dívidas,
na pobreza.
Inútil
argumentar a Cavaco que algo deve ser feito, que algo tem de mudar, para recuperar
os portugueses e o país. Cavaco segue o que já está há muito destinado pelos
seus pares radicais. Mesmo e apesar de a sua direita radical ter sido vencida
nas eleições legislativas. Cavaco não respeita nada nem ninguém que seja de
vontade e pensar diferente da missão para que se sente mandatado pelos banqueiros e
mercados que o mordomizam em troca da sua fidelidade. Cavaco não respeita a
democracia nem os portugueses, por isso não merece respeito. Não é possível respeitar
quem sistematicamente não nos respeita.
É
uma tristeza e uma vergonha ver um PR desrespeitado por ele próprio. Só depois pelos outros. Por fazer
da República e da democracia uma amalgama que sirva interesses de alguns em desrespeito
e prejuízo de milhões. O presidente de alguns é só presidente de alguns, não da
República.
Sem comentários:
Enviar um comentário