O
secretário-geral do PCP acusou no sábado o Presidente da República, Cavaco
Silva, de ter atuado "no papel de militante do seu partido", o PSD,
no processo de nomeação do Governo após as legislativas de 04 de outubro.
Num
discurso proferido num comício realizado em Vila Real de Santo António, no
distrito de Faro, Jerónimo de Sousa disse também que é tempo de PSD e CDS-PP
"reconhecerem a sua derrota e as nefastas consequências da sua
política", que pode agora ser invertida pelo Governo do PS liderado por
António Costa e apoiado pelos partidos de esquerda, como o PCP.
"Com
a indigitação e tomada de posse do Governo de iniciativa PS, foi finalmente
dada consequência política e institucional à vontade dos trabalhadores e do
povo português, que, primeiro com a sua ampla e vigorosa luta e depois com o
seu voto, criou as condições para pôr um ponto final à desastrosa governação da
coligação PSD/CDS e à sua política de exploração e empobrecimento conduzida nos
últimos quatro anos", considerou Jerónimo de Sousa.
O
secretário-geral do PCP disse que o país passou por "quatro anos negros de
governação PSD/CDS", partidos que Jerónimo de Sousa criticou por
"representarem grandes grupos económicos e as forças mais retrógradas da
sociedade portuguesa" e quererem "a todo o custo prolongar e
eternizar" o seu governo, "com a conivência do Presidente da
República".
"Em
todo este processo, alimentando uma escusada crise política, cuja origem remete
agora a responsabilidade para outros, o Presidente da República colocou-se
ostensivamente no papel de militante do seu partido e ao seu serviço",
censurou Jerónimo de Sousa a Cavaco Silva.
O
dirigente do PCP considerou que Cavaco Silva deu "expressão à campanha
revanchista dos partidos da coligação" e isso foi "ainda mais
evidente" quando manifestou "a sua manifesta contrariedade perante
uma solução que até ao último momento tentou inviabilizar", numa
referência à indigitação e posse do governo do PS.
"De
facto, Cavaco Silva em todo este processo optou por fazer tudo para transformar
um ato de normalidade democrática, numa crise política e num quadro de patente
confrontação com outros órgãos de soberania", acrescentou.
Para
o secretário-geral do PCP, "é tempo de PSD e CDS reconhecerem a sua
derrota e as nefastas consequências da sua política" e de "parar com
a campanha de mentiras e difamação".
Jerónimo
de Sousa defendeu que o Governo PS tem agora a possibilidade de inverter a
política de direita com o apoio parlamentar dos comunistas e dos outros
partidos de esquerda.
"O
real e empenhado esforço do PCP é para, sem prejuízo das reconhecidas limitações
e alcance que o grau de convergência permitiu, potenciar a sua concretização e
constituir, pelas medidas e políticas a adotar, o sinal de mudança que os
portugueses exigiram com a sua expressiva condenação do governo e da política
anteriores", disse ainda Jerónimo de Sousa.
Lusa, em Notícias ao Minuto
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