quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Antiga PM moçambicana diz que falta dimensão humana a crescimento económico



A antiga primeira-ministra de Moçambique Luísa Diogo considerou hoje em Maputo que o país ainda não encontrou o caminho do crescimento humano, apesar de estar a trilhar um rumo de crescimento económico robusto.

"Em termos de impacto [do investimento estrangeiro e do crescimento económico] na vida das pessoas, Moçambique ainda procura o caminho da inclusão e da humanização", afirmou Diogo, falando sobre o tema "Promover o Investimento e Diversificar a Economia", durante o 1º Grande Fórum Mozefo 2015, uma plataforma de diálogo entre diversos atores sociais, promovido pelo grupo de media privado Soico.

Reiterando que Moçambique é uma das economias que mais crescem no mundo, a ex-primeira-ministra moçambicana destacou a necessidade de o país diversificar o setor produtivo, apostando nas áreas com resultados no combate à pobreza.

"A diversificação da economia e o investimento são fatores fundamentais para a humanização, porque podem permitir o acesso dos benefícios do crescimento económico à maioria da população e criar mais emprego", assinalou Luísa Diogo.

A agricultura, agroprocessamento, comércio informal e informal são setores com potencial indutor para o combate à miséria no país, prosseguiu Diogo, que também exerceu as funções de ministra e vice-ministra das Finanças.

Para a ex-governante, atualmente presidente de um dos principais bancos do país, a economia moçambicana ainda apresenta fragilidades estruturais cuja superação é urgente.

"A economia moçambicana é robusta no seu crescimento, mas é frágil na sua estrutura", frisou Luísa Diogo, anotando que "a pobreza estagnou nos 54% e o país está em 178º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano".

Diogo defendeu que há contextos em que um país deve enveredar por políticas de proteção da produção nacional, como quando o governo moçambicano precisou de revitalizar a indústria do açúcar e defendê-la da concorrência dos "gigantes da região no setor açucareiro.

Por seu turno, Eneas Comiche, ex-ministro das Finanças e antigo governador do Banco de Moçambique, defendeu a urgência de os moçambicanos mudarem de mentalidade e ser proactivos, para que o país possa aproveitar os níveis de crescimento económico que vem registando nos últimos anos.

"Não podemos ficar na expetativa e ficar à espera de ver os outros fazerem, todos têm de se sentir envolvidos no processo de desenvolvimento do país", salientou Comiche.

A aposta na diversificação dos produtos e mercados, continuou o antigo governante, agora deputado, é essencial para que o país combata a pobreza, tal como a aposta na inovação e desenvolvimento tecnológico.

Por seu turno, o economista Roberto Tibana, defendeu que o país deve tirar lições de experiências do passado para também apostar em investimentos que dão emprego e renda às famílias.

"Sabemos como fazer as coisas e com que tipo de investimento, que tem há impacto na vida das pessoas", realçou Tibana, apontando o pouco emprego criado por uma grande indústria e o potencial de criação de trabalho em projetos de menor dimensão.

PMA // APN - Lusa

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