quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Corrigir crimes do governo Passos-Portas: Hospitais de Lisboa vão ter neurocirurgiões de prevenção



O ministro da Saúde garantiu que a falta de neurocirurgiões ao fim-de-semana nos hospitais de Lisboa, que levou à morte de um jovem em S. José, não voltará a acontecer, reconhecendo que os cortes na saúde foram longe demais.

Adalberto Campos Fernandes, que falava durante uma visita ao Instituto Português de Oncologia (IPO), em Lisboa, a propósito da morte de um jovem de 29 anos no hospital de S. José por falta de assistência médica especializada, afirmou que o problema detetado não é apenas de falta de meios, mas sim de organização, e que a partir de agora estarão equipas completas de prevenção ao fim-de-semana para que o caso não se repita.

Explicando que pediu ao Hospital de S. José para apresentar até esta quarta-feira um "relatório circunstancial dos factos" e que já foi igualmente pedida uma inspeção com caráter de urgência à Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS), o ministro reconheceu que os cortes financeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS) "nalguns casos foram longe demais".

"Temos consciência de que nos últimos anos o país foi sujeito a constrangimentos financeiros em áreas que deveriam ter sido poupadas", acrescentou o ministro.

No entanto, Adalberto Campos Fernandes considera que neste caso não se trata "apenas de uma questão financeira", pois outras regiões garantem esta prontidão. "Não é apenas uma questão de natureza financeira e de recursos. No país, o Norte e o Centro funcionam sem problemas. Trata-se claramente de um problema de organização dos meios", disse aos jornalistas o ministro da Saúde.

"É incompreensível o que aconteceu e não pode voltar a acontecer", frisou Adalberto Campos Fernandes.

"A nossa obrigação é continuar com a máxima energia a reconstruir o SNS, no sentido de garantir que a prontidão está assegurada e os portugueses podem confiar no SNS", acrescentou.

Desde terça-feira, altura em que o ministro da Saúde terá tido conhecimento do caso, foi determinado que o constrangimento fosse ultrapassado. "A situação tem dois anos e tem a ver com a possibilidade de ter equipas completas de prontidão de fim de semana para responder ao número de casos", afirmou.

"O que os dirigentes dos hospitais e o da ARS [de Lisboa e Vale do Tejo] garantiram é que se iam articular para que a resposta e a prontidão fosse assegurada de imediato. Significa que terá de ser feito o que tem de ser feito", acrescentou o governante.

Adalberto Campos Fernandes afirmou contar que, a partir desta semana, "a circunstância desta resposta esteja assegurada".

Questionado sobre o facto de o doente não ter sido transportado para outras unidades onde existe esta assistência especializada, o ministro explicou que, "do ponto de vista clínico, estes doentes têm sério risco de vida quando são transportados para distâncias excessivas, o que não seria o caso de uma deslocação entre o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) para o Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN)".

Para já, o ministro aguarda o "relatório circunstancial" que solicitou ao CHLC, a que pertence o Hospital de São José.

O caso levou já à demissão do presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, Cunha Ribeiro, e dos presidentes dos conselhos de administração dos centros hospitalares Lisboa Central e Norte.

Sobre as demissões, Adalberto Campos Fernandes disse tratar-se de "um facto novo": "Pela primeira vez os dirigentes assumem uma atitude ética de desprendimento dos lugares. Assumem que alguma coisa não correu bem. É um sinal novo na democracia e da gestão do SNS".

Sem revelar os nomes de substitutos destes dirigentes demissionários, o ministro disse que ainda aguardava o resultado das investigações a decorrer para decidir sobre esta matéria.

Jornal de Notícias

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*Título PG

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