O
ministro da Saúde garantiu que a falta de neurocirurgiões ao fim-de-semana nos
hospitais de Lisboa, que levou à morte de um jovem em S. José, não voltará a
acontecer, reconhecendo que os cortes na saúde foram longe demais.
Adalberto
Campos Fernandes, que falava durante uma visita ao Instituto Português de
Oncologia (IPO), em Lisboa, a propósito da morte de um jovem de 29 anos no hospital de S. José por
falta de assistência médica especializada, afirmou que o problema detetado não
é apenas de falta de meios, mas sim de organização, e que a partir de agora
estarão equipas completas de prevenção ao fim-de-semana para que o caso não se
repita.
Explicando
que pediu ao Hospital de S. José para apresentar até esta quarta-feira um
"relatório circunstancial dos factos" e que já foi igualmente pedida
uma inspeção com caráter de urgência à Inspeção Geral das
Atividades em Saúde (IGAS), o ministro reconheceu que os cortes financeiros no
Serviço Nacional de Saúde (SNS) "nalguns casos foram longe demais".
"Temos
consciência de que nos últimos anos o país foi sujeito a constrangimentos
financeiros em áreas que deveriam ter sido poupadas", acrescentou o
ministro.
No
entanto, Adalberto Campos Fernandes considera que neste caso não se trata
"apenas de uma questão financeira", pois outras regiões garantem esta
prontidão. "Não é apenas uma questão de natureza financeira e de recursos.
No país, o Norte e o Centro funcionam sem problemas. Trata-se claramente de um
problema de organização dos meios", disse aos jornalistas o ministro da
Saúde.
"É
incompreensível o que aconteceu e não pode voltar a acontecer", frisou
Adalberto Campos Fernandes.
"A
nossa obrigação é continuar com a máxima energia a reconstruir o SNS, no
sentido de garantir que a prontidão está assegurada e os portugueses podem
confiar no SNS", acrescentou.
Desde
terça-feira, altura em que o ministro da Saúde terá tido conhecimento do caso,
foi determinado que o constrangimento fosse ultrapassado. "A situação tem
dois anos e tem a ver com a possibilidade de ter equipas completas de prontidão
de fim de semana para responder ao número de casos", afirmou.
"O
que os dirigentes dos hospitais e o da ARS [de Lisboa e Vale do Tejo]
garantiram é que se iam articular para que a resposta e a prontidão fosse
assegurada de imediato. Significa que terá de ser feito o que tem de ser
feito", acrescentou o governante.
Adalberto
Campos Fernandes afirmou contar que, a partir desta semana, "a
circunstância desta resposta esteja assegurada".
Questionado
sobre o facto de o doente não ter sido transportado para outras unidades onde
existe esta assistência especializada, o ministro explicou que, "do ponto
de vista clínico, estes doentes têm sério risco de vida quando são
transportados para distâncias excessivas, o que não seria o caso de uma
deslocação entre o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) para o Centro
Hospitalar Lisboa Norte (CHLN)".
Para
já, o ministro aguarda o "relatório circunstancial" que solicitou ao
CHLC, a que pertence o Hospital de São José.
O
caso levou já à demissão do presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, Cunha
Ribeiro, e dos presidentes dos conselhos de administração dos centros
hospitalares Lisboa Central e Norte.
Sobre
as demissões, Adalberto Campos Fernandes disse tratar-se de "um facto
novo": "Pela primeira vez os dirigentes assumem uma atitude ética de
desprendimento dos lugares. Assumem que alguma coisa não correu bem. É um sinal
novo na democracia e da gestão do SNS".
Sem
revelar os nomes de substitutos destes dirigentes demissionários, o ministro
disse que ainda aguardava o resultado das investigações a decorrer para decidir
sobre esta matéria.
Jornal
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*Título PG
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