domingo, 20 de setembro de 2015

UE. TSIPRAS DEVE FORMAR GOVERNO SÓLIDO RAPIDAMENTE, DIZ MARTIN SCHULZ



O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, felicitou Alexis Tsipras pela vitória do partido de esquerda Syriza nas eleições legislativas antecipadas de hoje na Grécia e apelou à formação célere de um governo sólido.

Numa mensagem na rede social Twitter, Schulz escreveu que Alexis Tsipras precisa "rapidamente de formar um governo sólido, preparado para apresentar resultados".

Martin Schulz foi um dos primeiros líderes europeus a reagir aos resultados das eleições já divulgados pelo Ministério do Interior da Grécia e que dão a vitória ao Syriza com 35,47% dos votos, com base em 38,63% do escrutínio.

Os conservadores da Nova Democracia, liderados por Vangelis Meimarakis, obtiveram 28,07% dos votos.

Estas eleições antecipadas foram convocadas na sequência da demissão de Alexis Tsipras do cargo de primeiro-ministro, em 20 de agosto passado.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Grécia - eleições. SYRIZA RUMA À VITÓRIA, NOVA DEMOCRACIA ASSUME DERROTA



Quando estão contados 49 por cento dos votos, o Syriza é já indicado como o vencedor das eleições gerais antecipadas na Grécia, conseguindo 145 lugares. No Twitter, Alexis Tsipras lançou uma mensagem de vitória.

O partido de esquerda Syriza, liderado por Alexis Tsipras, é o vencedor das eleições gerais deste domingo na Grécia, contados que estão 49 por cento dos votos (20:00 em Lisboa, 22:00 em Atenas). O partido consegue 35,56 por cento dos votos, o que equivale a 145 lugares num total de 300 lugares que constituem o parlamento grego.

O mais direto rival Nova Democracia, liderado Vangelis Meimarakis, consegue 28,04 por cento dos votos já contados, o que corresponde a 75 lugares no parlamento.

Os Gregos Independentes, parceiros do Syriza no anterior governo, conseguem 3,70 por cento dos votos, para 10 lugares no parlamento.

Com a re-eleição quase garantida, Alexis Tsipras publicou no Twitter uma mensagem de vitória onde apela ao trabalho e à perseverança.

Por seu turno, Meimarakis admitiu a derrota logo após os primeiros resultados oficiais e congratulou Tsipras.

"Travámos esta batalha com seriedade. Parece que o resultado dá a vitória ao Syriza e a Tsipras. Felicito-o, o resto discutiremos a seguir", afirmou Meimarakis à comunicação social à sua chegada à sede do seu partido, perto do centro de Atenas.

Tsipras, que chegou à sede do Syriza com o braço levantado, em sinal de vitória, foi aclamado por uma multidão que se encontrava na rua.

O Syriza deverá repetir a coligação com os nacionalistas Gregos Independentes, uma ideia defendida pelos dois partidos durante a campanha eleitoral e avançada esta noite pela televisão pública grega ERT.

Juntos, os dois partidos terão 155 dos 300 lugares do parlamento grego, quatro mais do que a maioria absoluta.

TSF com agências - Apoiantes do Syriza festejam vitória nas eleições gregasMichalis Karagiannis/Reuters

É PRECISO IMPEDIR A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL – Papa Francisco



O papa adverte sobre Terceira Guerra Mundial e pede para que os EUA aprofundem relações com Cuba. Frei Betto quer Prêmio Nobel da Paz para Francisco.

Darío Pignotti, enviado especial a Havana – Carta Maior

Batinas ao vento. O papa Francisco perde seu solidéu por alguns segundos, ontem, às 16h04 hora de Havana, enquanto descia as escadas do avião, já em Cuba, no Aeroporto José Martí, em pleno início da temporada de chuvas e furacões.

Francisco falou com o presidente Raúl Castro medindo cada palavra, com parcimônia: ele tem consciência de que esta é uma viagem histórica. É possível que essa turnê por Cuba e Estados Unidos marque o fim da Guerra Fria norte-americana contra Cuba, um país castigado por sua obstinação em ser soberano.

O chefe de Estado do Vaticano renovou suas intenções de aprofundar a aproximação entre Havana e Washington, iniciada em dezembro do ano passado, quando Raúl e Barack Obama anunciaram o reinício dos vínculos diplomáticos.

O papa pediu a Raúl e Obama que sejam capazes de dar “um exemplo de reconciliação para o mundo inteiro, um mundo que precisa de reconciliação em meio a esta Terceira Guerra Mundial”.

A referência à Terceira Guerra Mundial não constava no texto original, foi incluída pelo papa após reflexão durante o voo que saiu de Roma.

Sem dúvidas esta é a viagem mais importante de Francisco desde o começo do seu papado, iniciado no dia 13 de março de 2013 – uma semana depois da morte de Hugo Chávez, o mais vigoroso líder latino-americano surgido no Século XXI.

Por sua parte, Raúl Castro agradeceu a colaboração de Francisco para melhorar as relações com os Estados Unidos, mas foi direto ao falar do bloqueio, o assunto principal da agenda cubana.

O bloqueio “é cruel, imoral e ilegal, precisa terminar o quanto antes”, afirmou o mandatário, avisando que só haverá relações com a Casa Branca quando o território de Guantánamo, onde atualmente há uma base militar e um presídio onde se violam os direitos humanos, seja devolvido.

O líder cubano também reivindicou a autodeterminação dos povos e exigiu respeito às decisões de cada nação latino-americana, e também a imposição externa de modelos de governo. Uma referência clara à prepotência norte-americana ao querer exportar sua democracia de mercado como único sistema político global.

Raúl destacou que, desde o triunfo da Revolução, Cuba vem enfrentando uma batalha pela igualdade e a defesa dos direitos do povo. “O capitalismo aliena os cidadãos com reflexos e padrões de conduta que só servem aos interesses de seus donos”, afirmou.

Cerca de cem mil pessoas saudaram o sumo pontífice em seu passeio com o papamóvel, desde o aeroporto até a Nunciatura, segundo o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.

A Rádio Rebelde de Havana realizou uma cobertura especial da visita de “Sua Santidade”, assim como outros dos meios importantes do país.

Em seus boletins informativos de ontem, a emissora fundada por Ernesto Che Guevara – em Sierra Maestra, em 1958 – considerou “limitadas” as medidas anunciadas na semana passada pelos Estados Unidos, para atenuar o bloqueio. Em sua seção internacional, a rádio dedicou bastante espaço à presença de Cristina Kirchner em Cuba, e também ao “alerta” da mandatária argentina sobre um “plano desestabilizador” em seu país.

Durante seu discurso de boas-vindas a Francisco, o presidente Raúl Castro também expressou sua preocupação com respeito às ofensivas contra mandatários progressistas da região.

Jorge Mario Bergoglio celebrará uma missa neste domingo, em plena Praça da Revolução da capital cubana, e depois viajará para a cidade de Holguín, na segunda-feira (21/9). Na terça, encerrará sua visita ao país em Santiago de Cuba, onde embarcará rumo aos Estados Unidos.

Duas horas antes da aterrissagem de Francisco, no centro histórico da cidade de Havana, o sol ainda brilhava e se sentia uma suave brisa – “rica”, como dizem aqui.

Havana é uma Babel de jornalistas internacionais, peregrinos vindos de toda a América Latina e dos Estados Unidos, mesclados aos turistas brancos como o papel da Bíblia, passeando de sandálias e meias pelo Malecón, nas proximidades do Monumento ao Maine, o navio norte-americano afundado em 1898, quando estava ancorado em frente à costa cubana. Um dos visitantes gringos fotografa as duas colunas que recordam aquele incidente militar, que serviu de pretexto para o assédio norte-americano contra a ilha. Outros turistas ignoram o monumento erguido a poucas quadras da embaixada estadunidense, reaberta em julho passado.

Esses turistas, menos atentos ao patrimônio arquitetônico, preferem observar umas morenas esplendidamente desinibidas, tomando sol na orla da praia.

“É bom que o papa argentino venha nos visitar”, responde uma das garotas, quando pergunto a ela sobre o tema que está na boca de todos. Consultada sobre sua religião, ela somente diz: “não sou católica, mas me dou bem com os católicos”, e não tocou mais no assunto.

Bergoglio foi recebido pelos cubanos com o afeto e a hospitalidade típica da ilha, mas sem o mesmo fervor que certamente teria se estivesse no México ou em outros países latino-americanos, mais fanaticamente católicos.

Na sexta-feira, na catedral onde o sumo pontífice estará hoje, dezenas de jovens oraram e cantaram até quase meia-noite – eles sim, com um entusiasmo místico.

Os cubanos católicos representam menos de 30 % de uma população que é muito religiosa, mas que, em sua maioria, cultiva as divindades trazidas pelos escravos africanos, “como acontece no Brasil, no Estado da Bahia”, comparou ontem o teólogo dominicano Frei Betto, que completou mudando de assunto: “Francisco merece receber o Prêmio Nobel da Paz. por tudo o que já fez (para reaproximar os governos de Cuba e dos Estados Unidos)”.

“O fato de o papa ir a Cuba antes de passar pelos Estados Unidos é um reconhecimento à soberania deste país. Alguém se perguntou por que ele decidiu passar por Holguín? Porque é a cidade mais próxima à base de Guantánamo”, comentou o intelectual brasileiro.

Autor do livro “Fidel e a Religião”, publicado em 1985, Frei Betto recordou alguns momentos das relações entre o líder revolucionário e a Igreja.

Lembrou que, no começo dos Anos 60, o recém iniciado governo dos “barbudos” enfrentou a sedição católica, alinhada com a contrarrevolução.

Os templos eram redutos da conspiração, de grupos extremistas, entre os quais chegou a haver “um padre louco que levou 14 mil crianças” aos Estados Unidos, alegando que o comunismo os distanciaria de seus pais.

Finalmente, segundo Frei Betto, Fidel estabeleceu um diálogo frutífero com o catolicismo, especialmente com a Teologia da Libertação, e nunca rompeu esses laços criados com o Vaticano.

Antes de terminar esta crônica, ouço o porta-voz Lombardi mencionar que Cuba e a Santa Sé cumpriram 80 anos de relações ininterrompidas, e comunicou que o papa e Fidel poderiam se reunir ainda neste domingo.

Ramón Labañino Salazar é um dos cinco “heróis nacionais” de Cuba, preso durante 17 anos na Flórida, até que recuperou a liberdade, em dezembro do ano passado, quando Obama e Raúl Castro restabeleceram os vínculos rompidos havia mais de meio século.

Símbolo desse descongelamento, Labañino Salazar declarou que “todos os cubanos esperamos essa conversa entre Fidel e o papa, este é o terceiro papa que o comandante vai receber, depois de João Paulo II (em 98) e Bento XVI (há 3 anos)”.

“Será um momento histórico singular, de futuro, de amor e de otimismo. Porque demonstra que os tempos estão sempre a favor da revolução. Fidel sempre esteve certo, não é só o líder da revolução cubana, mas sim um líder para o mundo. E o papa também simboliza esses valores universais. É a unidade de dois homens que se aliaram na luta em favor dos pobres” respondeu Labañino Salazar, em conversa com a Carta Maior.


Tradução: Victor Farinelli - 
Créditos da foto: Eduardo Santillán / Presidencia de la República

Refugiados: 'Crise migratória' será solucionada quando Europa encarar passado colonial



Gurminder K. Bhambra, Warwick (Reino Unido) – Opera Mundi, opinião

As condições desesperadas que forçam pessoas a emigrar foram historicamente criadas, em sua maior parte, por potências coloniais europeias

A crise humanitária que atualmente se desenrola nas fronteiras da Europa dificilmente passou despercebida para alguém. Mas imagine se os mais de 2.000 corpos que morreram sufocados em caminhões ou foram parar nas costas do Mediterrâneo não fossem do Oriente Médio e da África.

O ultraje seria mais profundo, mais colérico? Estaríamos pressionando nossos governos a fazer mais para ajudar essas pessoas em vez de pedir medidas para fechar mais as nossas fronteiras?

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Philip Hammond, recentemente falou em “imigrantes saqueadores” chegando à Europa e ameaçando nossa qualidade de vida. Numa linha semelhante, Jürgen Habermas – um dos mais proeminentes e respeitados comentaristas europeus – sugeriu, em seu livro Europe: The Faltering Project [“Europa: O Projeto Vacilante”, em tradução livre] que “a dolorosa transição para sociedades pós-coloniais de imigrantes” dentro da Europa está acontecendo ao mesmo tempo em que o continente vivencia “as condições humilhantes da crescente desigualdade social” associadas às pressões dos mercados de trabalho globalizados.

Embora o tom das duas afirmações possa ser diferente, as duas enquadram os imigrantes como implicados de algum modo no declínio do arranjo social e de bem-estar dentro da Europa, e na crescente desigualdade econômica e social no continente.

Mas há discussões ínfimas sofre as condições desesperadas em outros lugares, as quais forçam as pessoas a emigrar – condições historicamente criadas, em sua maior parte, por potências coloniais europeias.

As palavras são importantes

Qualquer tentativa de abordar os problemas associados à imigração tem de começar com o reconhecimento de que chamar as pessoas que cruzam o Mediterrâneo de “imigrantes” é parte do problema. A Al Jazeera recentemente explicou por que não iria mais usar o termo “imigrante” e prefere, em seu lugar, falar de refugiados. Embora eu simpatize com a posição crítica da Al Jazeera, apresento um argumento ainda mais forte: nós europeus temos de reconhecer nossa obrigação para com essas pessoas por causa de nossas histórias conectadas.

O fosso no padrão de vida entre a Europa e outros países não é natural. A motivação econômica que leva pessoas mais pobres a migrarem foi e continua sendo produzida por práticas que emanam dos países ricos e pela falta de compreensão desses mesmos países sobre seu próprio domínio mundial.

O padrão relativamente alto de vida e infraestrutura social da Europa não foi estabelecido ou mantido em separado do trabalho e riqueza dos outros, ou da criação de miséria em outras partes.

Imigrantes e refugiados são por definição excluídos da história do Estado entendido em ternos nacionais. Isso, portanto, também apaga sua própria história de pertencer à comunidade política que desfruta de direitos e apresenta demandas ao Estado.

Essa exclusão histórica é usada, por sua vez, para justificar a continuidade de sua exclusão no presente, impedindo-os de entrar nesses Estados e compartilhar de seus recursos e riquezas adquiridos imperialmente.

Falsa distinção

Nossa distinção entre imigrantes/refugiados, por um lado, e cidadãos, de outro, está baseada em uma falsa versão da história que estabelece uma distinção entre Estados e colônias cujas histórias estão, na realidade, inextricavelmente entrelaçadas. Temos de compreender a crise contemporânea no contexto dessas histórias conectadas, e pensar nas histórias de Estados e colônias como uma e a mesma.

O fracasso em contabilizar adequadamente o passado colonial da Europa cimenta a divisão política entre cidadãos legítimos, com direitos, e imigrantes/refugiados, sem direitos, como membros da comunidade política. Embora, claro, refugiados tenham de fato direitos estabelecidos como parte de tratados internacionais, direitos que muitos países europeus não estão reconhecendo como parte de um compromisso europeu comum.

Se pertencer à história da nação é o que tradicionalmente confere direito de membro a indivíduos (como a maioria das formas de cidadania demonstra), é obrigação nossa reconhecer as histórias que mostrariam os refugiados como já tendo demandas sobre os Estados nos quais querem entrar. Isso iria realmente abrir espaço para a adoção de uma diferente abordagem para a crise que atualmente enfrentamos.

Se queremos ver uma Europa diferente que seja capaz de lidar com uma crise dessa magnitude de um modo genuinamente humanitário, então precisamos narrar o passado colonial dos países que a constituem e as implicações do passado colonial no próprio projeto da Europa. Precisamos reconhecer o passado colonial como a própria condição da possibilidade da Europa e dos países europeus hoje – com todos os direitos, deveres, e obrigações para com a justiça reparadora que isso implica.

Tradução: Maria Teresa de Souza – Foto: Efe

Gurminder K. Bhambra é professora de sociologia na Universidade de Warwick, no Reino Unido. Artigo originalmente publicado no site The Conversation.

Grécia – eleições. PROJEÇÕES DÃO LIGEIRO AVANÇO DO SYRIZA SOBRE A NOVA DEMOCRACIA



O Syriza do ex-primeiro-ministro grego Alexis Tsipras e a Nova Democracia (ND, conservador), liderada por Vangelis Meimarakis, surgem empatados, com um ligeiro avanço para a esquerda, indicam as sondagens à boca das urnas.

O partido de Tsipras obteve entre 30 e 34% dos votos e o ND entre 28 e 32,5%, resultado que, a manter-se, não dará maioria absoluta no parlamento a qualquer uma das formações, de acordo com as sondagens.

O partido neonazi Aurora Dourada, o socialista Pasok e o partido comunista KKE disputam o terceiro lugar, tendo conseguido entre 5,5% e 7% dos votos contados.

Estas eleições antecipadas foram convocadas na sequência da demissão de Alexis Tsipras do cargo de primeiro-ministro, em 20 de agosto, depois de perder uma parte da sua bancada parlamentar devido a uma cisão de 25 deputados da ala mais à esquerda do partido, quando o parlamento grego aprovou um novo pacote de austeridade que Tsipras acordou com Bruxelas, recuando nas promessas de que iria acabar com a política de austeridade na Grécia.

TSF – Na foto: Contagem dos votos na Grécia - Michalis Karagiannis/Reuters

SÓ 3,3% dos 800 MIL ME DE APOIO À BANCA NA ZONA EURO FORAM RECUPERADOS



As medidas de apoio à banca na zona euro ascenderam 800 mil milhões de euros (8% do PIB) entre 2008 e 2014 e, deste montante, apenas 3,3% foram recuperados, segundo o Banco Central Europeu (BCE).

No estudo intitulado "O impacto orçamental do apoio ao setor financeiro durante a crise", hoje conhecido, o BCE refere que as taxas de recuperação "estão a melhorar, mas, em termos relativos, estão em níveis historicamente baixos".

Estas taxas de recuperação são medidas pela diferença entre os ativos financeiros adquiridos em termos brutos e o valor desses ativos em termos líquidos e, segundo o BCE, "até agora, oito anos depois do início da crise, apenas uma pequena fração dos custos orçamentais para a zona euro foi recuperada".

As medidas de assistência financeira à banca entre 2008 e 2014 ascenderam a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) das economias do euro, ou seja, 800 mil milhões de euros, e, destes, apenas o equivalente a "3,3% do PIB foi recuperado através da venda de ativos e outras receitas derivadas de ativos adquiridos e das garantias concedidas".

Isto corresponde a uma taxa de recuperação "ligeiramente acima de 40% dos custos orçamentais brutos" do apoio dado ao setor financeiro, "o que é relativamente baixo numa comparação internacional", aponta a instituição liderada por Mario Draghi, dando o exemplo da Suécia que, cinco anos depois da crise de 1991, conseguiu recuperar quase 95% dos custos orçamentais gerados.

O BCE indica que, até à data, as taxas de recuperação "são particularmente baixas na Irlanda, em Chipre e em Portugal", sendo "relativamente elevadas na Holanda", mas salvaguarda que é preciso analisar estas taxas de recuperação com cautela.

Isto porque uma baixa taxa de recuperação pode indicar que as intervenções realizadas conduziram a perdas irreversíveis maiores, "como no caso de Chipre, que teve perdas em instrumentos de capital detidos pelo Estado equivalentes a 10,5% do PIB, devido à reestruturação de um dos seus maiores bancos", mas também pode significar que o Estado se mantém dono de um banco com um bom desempenho, gerando ganhos substanciais numa eventual privatização, lê-se no documento.

No período de 2008 a 2014, "em média, as perdas acumuladas da zona euro representaram 1,8% do PIB, o que indica que quase 25% das necessidades brutas de financiamento são atualmente consideradas como perdas que não podem ser recuperadas".

Para o BCE, importa ainda ter em conta os riscos orçamentais relacionados com o apoio dado à banca, destacando Frankfurt as garantias estatais concedidas (que ascendiam a 2,7% do PIB da zona euro no final de 2014), bem como as perdas potenciais dos veículos de gestão de ativos.

Lusa, em RTP

Portugal. ENQUANTO ASSIM FOR



Pedro Marques Lopes – Diário de Notícias, opinião

Só mesmo uma enorme falta de respeito pela inteligência das pessoas pode levar alguém a dizer que foi o PS o único responsável pela crise financeira que levou ao resgate, como é completamente falacioso atribuir todas as responsabilidades da vinda da troika ao PSD. O facto é que dadas as circunstâncias não havia outra solução.

Por outro lado, a discussão sobre o chumbo do PEC IV também é espúria. A questão estava longe de ser económica, Sócrates, muito simplesmente, estava esgotado politicamente e nem que de repente chovesse dinheiro em Portugal o governo se manteria.

O país, pura e simplesmente, não estava preparado para resistir à mais grave crise económica internacional das últimas décadas. Talvez nunca se esteja preparado para resistir a um abalo da dimensão daquele. Talvez não se tenha feito desde o 25 de Abril - ou até antes - o suficiente, talvez o euro nos tenha deixado demasiado expostos, talvez tivéssemos confiado demasiado no projeto europeu e nas ordens e contraordens que nomeadamente o último governo foi recebendo ou talvez - o que é o mais certo - seja um cocktail de todas estas razões.

Não há quem não vocifere contra as obras públicas, quem culpe as parcerias público-privadas por todas as nossas desgraças, quem até culpe aeroportos que nunca se fizeram, autoestradas que nunca se construíram e travessias que nunca passaram do papel por a tal bancarrota. Não serei eu a negar que existiram exageros na construção de estradas, na proliferação de pavilhões multiusos, em rotundas, gastos inúteis, gestões ruinosas de empresas públicas e afins. O estimado leitor acrescentará à lista os disparates que conhece tão bem como eu.

Convém, no entanto, lembrar o que está de facto em causa quando falamos do grosso dos gastos do Estado nestas últimas décadas, das faturas que realmente contam e em endividamentos das famílias e das empresas (sendo o problema da dívida destas bem maior do que o do Estado). Por vezes, esquecemo-nos de que é na educação pública, no serviço nacional de saúde, nas pensões, nos apoios a quem fica sem condições de subsistência que o Estado e as suas entidades gastam o dinheiro - não, os carros e as viagens e as supostas mordomias dos políticos não têm o mínimo de impacto, por muito que custe a quem faz discursos com base nesse disparate. Mais, que todos estes sistemas foram praticamente todos construídos nestes últimos 40 anos. E se falarmos em endividamento de famílias temos de nos lembrar de que este resultou de coisas tão básicas como frigoríficos, micro-ondas e desse pequeno pormaior chamado crédito à habitação, ao qual gerações inteiras de portugueses foram obrigadas a recorrer.

No fundo, é a tudo isto que muitos chamaram, e ainda chamam, viver acima das nossas possibilidades.

Há uma pergunta que permanece sem resposta: alguém pensa que temos de dispensar de forma permanente partes importantes da educação pública, saúde, pensões, seguros sociais e/ou que seremos obrigados a ter níveis de vida ainda mais inferiores aos nossos confrades europeus para estarmos preparados para choques brutais como o da crise de 2008?

Muitas vezes se pergunta porque um país que se debate com tantas dificuldades, que expulsa os seus jovens às centenas de milhares, que tem um coro imenso de gente sempre disposta a insultar os políticos, mantém de forma sistemática os mesmos partidos no poder? Porque é que em países com problemas bem menores do que os nossos, como a França e a Espanha, surgem novos partidos, novas propostas políticas, e aqui os partidos do arco da governação PS, PSD, CDS e PCP - sim, o PCP faz parte do arco da governação, talvez melhor, da governabilidade, é o que absorve os choques, o que disciplina a rua - se vão revezando?

Talvez sejamos intrinsecamente conservadores; talvez aceitemos os nossos males endémicos, como a pobreza, a desigualdade ou a emigração, como inevitabilidades; talvez nos tenhamos, num ponto qualquer da nossa história, resignado.

Tenho poucas dúvidas de que estes fatores contribuem para a nossa estabilidade político-partidária. Mas o que é decisivo é a consciência de que o tal arco de governação tem, melhor ou pior, garantido, chamemos-lhe assim, os seguros sociais: a educação, a saúde, as pensões, os apoios em situações desesperadas - vemos, felizmente, a segurança como dado adquirido. Isto, claro está, somado à memória do nosso passado recente - 40 anos não é nada na memória de um povo.

No momento em que o cidadão português achar que um dos grandes partidos, ou os dois, põem em causa esse edifício será também o momento em que o nosso cenário político-partidário muda. A questão é se, sendo o tal edifício alterado, não será apenas uma mudança de partidos que está em causa. Esperemos que sim.

Portugal. PASSOS E PORTAS APRESENTAM-SE “LAVADINHOS POR CIMA E POR BAIXO”



O líder da Coligação Democrática Unitária (CDU) afirmou hoje que os líderes da coligação governamental tentam aparecer aos olhos dos portugueses "lavadinhos por cima e por baixo, como se não tivessem nada a ver" com a situação em Portugal.

Num comício noturno em Famalicão, Jerónimo de Sousa fez novamente o balanço negro da governação de Passos Coelho e Paulo Portas, sem nunca poupar o líder da oposição, o socialista António Costa, por ter propostas semelhantes.

"Neste balanço dramático que podemos fazer destes quatro anos - e há quem não queira que falemos disto - lá estão eles a criticar, a dizer mal. Pois, é, camaradas, é que se não criticarmos, se não denunciarmos, se não trouxermos à memória dos portugueses aquilo que eles fizeram, é vê-los a tentar limpar a folha, a apresentarem-se lavadinhos por cima e por baixo, como se não tivessem nada a ver com aquilo que está a acontecer no nosso país", disse.

O secretário-geral comunista, que concorre coligado com "Os Verdes" desvalorizou os diversos indicadores económicos positivos recentes, traçando o cenário de milhares de cidadãos prejudicados pelas políticas de austeridade seguidas por PSD e CDS-PP, pois "é como quem chega ao fundo de um poço e, naturalmente, depois, pode subir um bocadinho, mas continua no fundo do poço".

"Em relação ao desemprego, aos salários, às pensões, à carga dos impostos, qual é a resposta que têm para dizer que isto está no bom caminho? Então, era legítimo que os portugueses perguntassem: se está no bom caminho, deem para cá o que roubaram no salário, na pensão, na reforma, nos direitos!", reclamou, secundado por uma ativa plateia de centenas de apoiantes.

O secretário-geral do PS, que tinha voltado a apelar hoje, em Évora, a uma maioria absoluta, para encerrar querelas sobre a vontade popular, e acrescentou que fundadores do PSD e CDS se afastaram daqueles partidos por "radicalismo", também foi novamente criticado.

"Esta discussão entre os dois [coligação Portugal à Frente e PS], a ver quem consegue fazer pior, só exige uma solução: nem um nem outro merecem governar o país porque as suas propostas são para atingir os mesmos dos costume, os reformados, os que menos têm e menos podem e precisam de proteção social", acusou Jerónimo de Sousa, referindo-se às medidas relativas à segurança social.

Para o líder do PCP, não há qualquer hipótese de entendimento com este PS das "políticas de direita".

Jerónimo de Sousa exemplificou com as constantes sugestões com que é confrontado - "entendam-se lá com o PS" - e dirigiu-se diretamente aos participantes no evento para sondar sobre "um acordo para tramar reformados, pensionistas, aqueles que menos têm e menos podem" e ouviu-se imediatamente o "não" coletivo.

"Quando nos falam no Governo, esta CDU está em condições de assumir todas as responsabilidades que o povo português lhe entenda atribuir, não peçam é que abdiquemos da nossa natureza, identidade, propostas, do lado de quem trabalha ou trabalhou", concluiu.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. CATARINA ACUSA PASSOS DE TRANSFORMAR CAMPANHA EM “GIGANTESCO EMBUSTE”



A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse hoje que a democracia tem mais escolhas além do PSD e do PS e acusou o primeiro-ministro de estar a transformar a campanha eleitoral num "gigantesco embuste".

"Eu não sei se será caso para dizer ao senhor primeiro-ministro: Planeta Terra chama Pedro Passos Coelho", ironizou, durante um almoço/convívio com militantes e simpatizante do BE no Mercado dos Lavradores, no Funchal, onde esteve ao lado do candidato às eleições de 04 de outubro pelo círculo da Madeira, Paulino Ascensão.

Nesta campanha eleitoral "tem-se dito de tudo um pouco e há até quem parece que está a falar de um outro país", disse Catarina Martins, realçando: "Nós ouvimos o senhor primeiro-ministro, agora candidato, Pedro Passos Coelho, afirmar que nunca o Serviço Nacional de Saúde esteve tão capitalizado, nunca a escola esteve tão ao serviço dos jovens, nunca o apoio social foi tão reforçado e chegou mesmo a ir mais longe e diz (...) que o Estado social está de boa saúde e recomenda-se."

A dirigente bloquista considerou que afirmações como estas transformam a campanha eleitoral num "gigantesco embuste à democracia", sublinhando que o Bloco de Esquerda aposta numa "campanha a sério", apresentando propostas que "interessam ao país".

Catarina Martins condenou, ainda, o discurso que pretende dizer ao eleitorado que está "condenado a optar entre a direita e o Partido Socialista", como se não houvesse mais alternativas.

"Dizem-nos que estamos condenados a aceitar os 600 milhões de euros de cortes nas pensões já para o próximo ano, que propõe a direita, ou a redução das pensões por via do seu congelamento de 1.660 milhões de euros que propõe o Partido Socialista para quatro anos. Dizem que estamos condenados a escolher entre quem fez PPP [parcerias público-privadas] ou quem fez PPP, estamos condenados a escolher entre quem privatizou ou quem privatiza", explicou, realçando que "a democracia não é assim".

A porta-voz bloquista e cabeça de lista pelo círculo do Porto afirmou que "a democracia é muito mais forte e tem muito mais escolhas", considerando que as propostas do BE vão no sentido de "defender o interesse público contra a negociata, contra a promiscuidade, e ser absolutamente intransigente no combate à corrupção".

Catarina Martins disse, ainda, que contam mais os votos do que as sondagens, lembrando que o BE duplicou a votação nas últimas eleições legislativas regionais na Madeira e elegeu dois deputados.

O cabeça de lista pela Madeira, Paulino Ascensão, disse, por seu lado, que a campanha eleitoral na região autónoma está marcada pelo "fingimento" do PSD, CDS-PP e PS, que agem como se não tivessem responsabilidades na situação de crise instalada no país e, no caso dos dois primeiros, como se não fizessem parte do Governo da República.

"O Bloco de Esquerda está na campanha sem fingimento, com propostas de verdade, dizendo na Madeira o mesmo que diz no país e na Europa", realçou.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. DERROTA DA COLIGAÇÃO É QUESTÃO DE “HIGIENE DEMOCRÁTICA”



"Pobres dos pobres se a coligação PSD/CDS continuar a governar Portugal" – Januário Torgal Ferreira

O dirigente socialista Eurico Brilhante Dias defendeu hoje que a derrota da coligação PSD/CDS-PP é uma questão de "higiene democrática", sustentando que quem mente em assuntos centrais da governação tem de ser penalizado pelos eleitores.

Eurico Brilhante Dias, membro do Secretariado Nacional nas direções lideradas por António José Seguro e segundo da lista do PS pelo círculo eleitoral de Castelo Branco, falava num almoço-comício na Covilhã, num discurso em que também acusou a maioria PSD/CDS-PP de usar a estratégia do "medo".

Num discurso muito aplaudido, Eurico Brilhante Dias começou por considerar que o PS está "junto" antes das eleições legislativas e procurou dramatizar o que está em jogo no dia 04 de outubro, "porque a mentira e o medo não podem ser caucionados".

"É saudável para a democracia portuguesa que quem mente perde as eleições. Quem diz que não corta salários e depois corta, quem diz que não corta pensões e depois corta, não pode ganhar eleições. É uma questão de higiene democrática", sustentou o dirigente socialista.

O ex-porta-voz de Seguro para as questões económicas e financeiras fez ainda questão de se referir ao atual secretário-geral do PS.

"Queremos fazer de António Costa o próximo primeiro-ministro de Portugal. No PS há a confiança e a esperança que vamos fazer diferente. Contem comigo", afirmou.

No discurso seguinte, a cabeça de lista do PS pelo círculo de Castelo Branco, Hortense Martins, acusou os líderes do PSD, Pedro Passos Coelho, e do CDS-PP, Paulo Portas, de desconhecerem o país real, ao contrário de António Costa.

"O interior já teve mais do que hoje, o interior merece mais e vai ter mais", declarou a deputada socialista.

Na primeira intervenção da tarde, o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, pediu a António Costa que "ajude" os portugueses a se "livrarem da dupla Passos Coelho/Paulo Portas, que só sabem conjugar os verbos desmantelar e cortar".

"As populações do interior já têm saudades do PS no Governo. Tu, António Costa, és um estadista de exceção", disse.

Em contraponto, o autarca da Covilhã citou o bispo D. Januário Torgal Ferreira: "Pobres dos pobres se a coligação PSD/CDS continuar a governar Portugal".

Lusa, em Notícias ao Minuto

DOIS PORTUGUESES VÃO DE CARRO BUSCAR REFUGIADOS PARA DAR O EXEMPLO



Muitas foram as famílias que fugiram da Síria para evitar os confrontos que se abateram sobre aquele país.

Após a iniciativa portuguesa da caravana Aylan Kurdi, em homenagem ao menino sírio que deu à costa morto e chocou o mundo, que partiu no sábado com cerca de 50 toneladas de bens, para os refugiados que estão na Croácia e na Sérvia, novos apelos vão surgindo.

Desta vez, o pedido vem pela rede social Facebook, através de dois portugueses. Pedro Policarpo, de 36 anos, e Nuno Félix, de 38 anos, que lançaram um desafio aos portugueses.

"Ambos pais", os dois sentiram necessidade de atravessar a fronteira para ajudar estas famílias refugiadas.

“Levaremos as carrinhas com que levamos os nossos filhos à escola até à fronteira da União Europeia, e cada um de nós ajudará a salvar uma família como a nossa”, lê-se no Facebook de Nuno Félix.

Mas também Pedro Policarpo escreve: “O Nuno Félix e eu vamos ajudar umas famílias de refugiados a vir para Portugal. Como isto anda, não vai ser fácil convencê-los. Contamos convosco para se juntarem a nós ou então só para fazer likes”.

"Não precisamos de esperar por uma autorização para fazer o está correto e o que é justo. Fazer o bem não pode ser ilegal. Em poucos anos os nossos filhos vão-nos perguntar o que fizemos para ajudar", explica Nuno Félix.

A partida está agendada para 25 de setembro, em Lisboa. No dia seguinte estarão em Madrid, passando por Barcelona. E a 27 de setembro vão para Marselha e, de seguida, Milão. A 28 chegam a Zagreb, Croácia, e depois Subotica, na Sérvia.

Notícias ao Minuto

Portugal. DIA 4 ANDA À RODA



Paulo Baldaia – Diário de Notícias, opinião

Ameaçam governar-nos sem nos dizer patavina do que realmente interessa. Os senhores do PaF dizem-nos que é preciso poupar 600 milhões na Segurança Social e os do PS 255 milhões por ano. 
Dizem-nos isto e acham que não é preciso explicar mais nada. Não tenho dificuldade nenhuma em pôr-me de acordo com eles sobre a necessidade de cortar despesa, para um dia destes começarem a baixar a carga fiscal, mas já agora preciso que me digam onde vão cortar para eu poder fazer uma opção. E digam-me com números, 35 aqui, 27 acolá... São bons a fazer contas e a defender o rigor, mas não se querem chatear com "miudezas". É na Segurança Social, com as reformas e pensões à cabeça, mas também na política de emprego, que se joga o futuro próximo do país, mas a campanha prossegue como se fosse natural haver uma espécie de programa escondido. Na expressão feliz do Paulo Ferreira, no Observador, "esta é uma eleição entre o cheque em branco que a coligação pede e o cheque de cobertura duvidosa do PS".

Feitos os dois frente-a-frente entre Passos Coelho e António Costa pode dizer-se que Passos ganhou o segundo e Costa o primeiro. Estas vitórias são mais para consumo interno, para dar combustível (ânimo) às máquinas partidárias do que para convencer eleitores. Mas as derrotas deixam marcas no eleitorado, porque elas resultam de uma demonstração de fragilidades. Quem perdeu, perdeu porque ficou com a batata quente nas mãos. Passos com o programa VEM que "vale zero", Costa com a poupança dos mil milhões que "ninguém sabe de onde vem". O caso de cada um dos debates, mais do que determinar um vencedor, determinou um derrotado.

Como se não chegasse existirem coisas nos programas para as quais se exigem mais e melhores explicações, quem nos vai governar nem sequer nos dá o direito de conhecer as suas preferências para o casamento que se vai seguir. Porque só se governa com apoio maioritário e isso ninguém vai conseguir sozinho. A senhora eleitora e o senhor eleitor já perceberam como é que eles nos vão governar? Eles também não! É para onde o vento os levar.

Há muito tempo que os portugueses já não escolhem quem querem no governo, decidem quem não querem. A bipolarização que, involuntariamente, a comunicação social ajuda a perpetuar começa a tornar-se artificial. A velha confusão do interesse público com o interesse do público leva-nos a estas coisas. Os debates que importa fazer são entre quem pode ganhar as eleições, porque são esses que as pessoas querem ver e, assim, eles vão de novo para o poder e, da próxima, o debate que importa fazer é outra vez com eles, porque são eles que dão audiências... É o público quem mais ordena e o povo quem paga a fava.

PENSAMENTOS AO SOL, LIVRO NOVO DE ANA MARGARIDA BORGES



A FINA FLOR DO ENTULHO

Acredito que faça alguma confusão este titulo que dei a este pensamento, mas irão ver que além de não ser difícil de entender até tem a sua dose de graça. Geralmente denomina-se fina flor quem descende de famílias importantes, com história e boa reputação. Também pode ser denominada a nata da sociedade. Quem pertencia á fina flor tinha certas características como os princípios, a moral, a boa educação, os bons modos, não fazer juízo de valores, compaixão pelo próximo, entre outros. Não era e não é qualquer um que fazia ou faz parte da fina flor. Até porque a fina flor não é muito de se expor nem dar a conhecer. Embora muito resumido penso que dá para entenderem o significado de fina flor; portanto uma parte da frase digamos que está explicada e digo digamos porque não está totalmente explicada e assim como nem tudo o que parece é, também com as palavras se passa o mesmo; nem tudo o que se escreve ás vezes tem o sentido “normal”, aquele que estamos habituados a “interpretar”.  Quando falamos em entulho a palavra que nos vem á mente(e penso que a maioria irá concordar comigo) é lixo ou desperdício. Ora aqui nesta frase, o entulho tem o significado de lixo. E o que fazemos com o lixo? Simplesmente deitamos fora. Já falei da fina flor; já falei de entulho e perante o que falei de cada uma das palavras aparentemente não há ligação nenhuma entre elas, aliás até podem ser consideradas “opostas”. Mas isto é a primeira impressão e muitas vezes a primeira impressão engana. A fina flor do entulho; fina flor=pessoas de pergaminhos. Entulho=lixo. Pessoas de pergaminhos do lixo? Não faz sentido!!!Vamos fazer uma experiência :o entulho está explicado, é lixo e ponto final. Agora vamos esquecer a verdadeira designação de fina flor e passar para outra designação de fina flor; sim porque o que baralha tudo é que existem dois tipos de fina flor. Uma já referi lá atrás, agora vamos á “outra” fina flor, que é apelidada de fina flor em sentido totalmente irónico e jocoso. E porquê? Porque de fina flor não tem nada. Vêem do “nada” mas querem fazer parecer que vem do “tudo”. E assim nasce uma “fina flor” que de fina nada tem, que representa um papel que não é o seu, que faz questão de apregoar aos quatro ventos as regras da moral e dos bons costumes, embora não as pratique, que apregoa falsos moralismos e um enjoativo pudismo. E assim nasce uma pequena sociedade dentro da grande sociedade em que o importante é PARECER e não SER.    Parecer que...é que importa. Aparência, exibicionismo, promoção de si próprio, escalar a montanha da fama (mas sem esforço),entrar na “alta roda”, é isso que interessa a esta fina flor. Cada um é como é mas será que esta fina flor não se dá conta do ridículo a que muitas vezes se expoem? Não se dão conta que não são mais do que ninguém, mas querem á força desfilar no passeio da fama. O seu cérebro está inundado de futilidade e tudo inerente a esta palavra. São tão pobres de espírito que até me põe a pensar como o pseudo-estrelato dá a volta á mente de um ser. Talvez por isso um número elevado possui uma mentalidade obtusa e comportamentos discriminatórios.  A sua falta de sensibilidade perante o próximo, a sua falta de humanização, a sua maldade, a sua falta de amor, então só posso dizer: Sociedade de lixo... para os comuns dos mortais. Fina Flor do Entulho...para os incomuns dos mortais. 

PENSAMENTOS  AO SOL - Ana Margarida Borges

Nota: O livro pode ser adquirido na Bertrand e on line através da editora. O custo são 10 euros.

NOVO LIVRO DE EUGÉNIO COSTA ALMEIDA JÁ NOS “ESCAPARATES”



Of the an instrumentality power to the mahjong theory

Desde 4 de outubro que já está nas bookstores o meu novo "bébé"...

Foi ontem publicado e os pedidos de compra podem ser já acedidos pela e-bookstore "More Books"

Também já estão disponíveis, na Amazon.com e na Barnes and Nobles, pelo menos.

Note-se que - creio de ainda só através da editora Lambert Academic Publishing, espero confirmação - também estará disponível a versão e-book!

Comprem que penso será do V/ interesse; do meu é certamente por causa dos royalties e da necessidade de atingir uma determinada quota de vendas anuais...

Mais informações sobre o livro poderão aceder em: http://www.elcalmeida.net/cont ent/view/981/34/.
 

*Eugénio Costa Almeida: Investigador/Researcher at the Center for International Studies (ISCTE-IUL) and CINAMIL (Portugal's Military Academy Centre for Research, Development and Innovation) – Pululu - Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa. 

A OPERAÇÃO CLANDESTINA MI6-ISIS E A AMEAÇA À ÍNDIA



Enquanto a justiça britânica determinou o apoio do MI6 ao ISIS [em inglês: Islamic State of Iraq and Syria – n.t.], o governo britânico alertou seu homólogo indiano sobre um possível ataque pelo ISIS. Shelley Kasli, o editor da nova revista de revisão trimestral Grande Jogo – Índia, volta a comentar, aqui, sobre o uso do terrorismo pelas potências coloniais.


O julgamento de um cidadão sueco acusado de atividades terroristas na Síria entrou em colapso no Old Bailey depois que se tornou claro que as agências de segurança e inteligência da Grã-Bretanha teriam ficado profundamente envergonhadas se o julgamento prosseguisse, o jornal The Guardian relatou [1].

Bherlin Gildo deveria ser julgado no Old Bailey do Londres acusado de frequentar um campo de treinamento terrorista entre 2012 e 2013 e de possuir informações susceptíveis de serem úteis a um terrorista. Mas, o processo contra ele foi abandonado e ele foi inocentado das acusações após uma disputa entre advogados e os serviços de segurança britânico e sueco.

Em 1 de junho de 2015, escreve Seumas Milne, o julgamento, em Londres, de um homem sueco, Bherlin Gildo, acusado de terrorismo na Síria, entrou em colapso depois que ficou claro que a inteligência britânica vinha armando os mesmos grupos de rebeldes que o réu era acusado de apoiar.

Assim, a acusação abandonou o caso, aparentemente, para evitar constranger os serviços de inteligência. A defesa argumentou que ir adiante com o julgamento seria uma "afronta à justiça" quando havia abundância de evidências de que o estado britânico estava ele próprio a prover "extenso" apoio à oposição armada Síria. Isso não apenas incluía a "assistência letal", vangloriada pelo governo (incluindo vestimentas especiais de combate [armaduras de corpo – n.t.] e veículos militares), mas o suprimento secreto de treinamento, apoio logístico e de "armas em grande escala" [2].

Relatórios foram citados de que o MI6 [MI – do inglês Military Inteligence – refere-se à Inteligência Militar britânica – n.t.] teria colaborado com a CIA em uma ‘operação clandestina’ [ratline] de transferência de armas dos estoques da Líbia aos rebeldes sírios em 2012, após a queda do regime de Gaddafi [3].

Curiosamente, um relatório secreto recentemente tornado público da inteligência dos EEUU [4], escrito em agosto de 2012, estranhamente prevê e efetivamente congratula-se com a perspectiva de um principado "salafista" na Síria Oriental e um estado islâmico controlado pela rede al-Qaeda na Síria e no Iraque. Em forte contraste com as reivindicações ocidentais da época, o documento da Agência de Inteligência da Defesa identifica a al-Qaeda no Iraque (que se tornou ISIS) e associados salafistas como sendo as "grandes forças dirigentes da insurgência na Síria" – e afirma que "os países ocidentais, os Estados do Golfo e a Turquia" estavam apoiando os esforços da oposição para assumir o controle do leste da Síria.

Levantando a "possibilidade de estabelecer um principado Salafista declarado ou não declarado", continua o relatório do Pentágono, "isso é exatamente o que querem os poderes de apoio à oposição, a fim de isolar o regime sírio, que é considerado estratégico para a expansão xiita (Iraque e Irã)" [5].

No entanto, este é apenas o último de uma sequência de casos semelhantes.

Guerra psicológica – como o MI6 controla o ISIS

Durante meses, foi noticiado que 400 britânicos haviam aderido aos jihadistas na Síria. O próprio Ministro dos Negócios Estrangeiros, William Hague, afirmou isso . No entanto, o número de jihadistas britânicos é muito maior e foi revelado que alguns deles foram treinados para ser jihadistas sunitas por um mulá saudita que prega pelo jihad em uma mesquita britânica sob o olhar atento do MI6.

O jornal The Independent em junho de 2014 relatou que o MP [Membro do Parlamento – n.t.] de Birmingham, Khalid Mahmood, disse que pelo menos 1.500 britânicos, se não mais, teriam aderido ao jihad liderado por terroristas na Síria e no Iraque [6], rejeitando o número apresentado por Hague de 400, e o número de 500 tais jihadistas relatado pelo chefe da agência antiterrorismo do Reino Unido, Sir Peter Fahy [7]. "Eu imagino que 1.500 certamente seria a estimativa inferior. Se você olhar para todo o país, tem havido um grande número de pessoas indo para aquele lado", disse Mahmood.

O que é ainda mais revelador é o relatório de que alguns desses jihadistas foram treinados por um pregador saudita operando em uma mesquita de Cardiff.

O jornal Daily Mail em junho de 2104 revelou que Mohammed al-Arifi, que tem clamado por uma Guerra Santa para derrubar o regime de Bashar al-Assad, prega no centro Al Manar em Cardiff, país de Gales [8]. Embora proibido de entrar na Suíça por causa de suas visões extremistas, al-Arifi visitou o Reino Unido várias vezes. Um muçulmano sunita, ele foi acusado de agitar as tensões com os muçulmanos Shi’a, declaradamente chamando-os de ‘mal’ [evil] e acusando os adeptos de raptar, cozinhar e arrancar a pele de crianças. Uma fonte próxima à Comunidade do Iêmen em Cardiff informou ao Mail Online:

"Esses rapazes foram educados [em Al Manar] para lutar contra os Shi’as, para lutar contra essas pessoas, para lutar contra aqueles com quem tudo começou. O ensino [em Al Manar] ajudou as recrutar pessoas. Se alguém tentasse me recrutar, eu não iria, a menos que eu estivesse convencido. Mas, uma vez que eles estejam educados, tudo que precisam é de alguém para dizer ’venha e eu o levo’."
Isto nos faz lembrar do estudante adolescente jihadista de Coventry ’lutando ao lado de terroristas ISIS no Iraque e na Síria ’ conhecido como ’Osama Bin Bieber’ [9].

No ano passado, funcionários alemães numa operação revistaram dois contentores de carga que passavam pelo porto de Hamburgo e apreenderam 14.000 documentos estabelecendo que Osama bin Laden fora financiado pelo Banco Coutts, da rainha do Reino Unido, que faz parte do Royal Bank of Scotland.

Após as acusações, o jornal Daily Mail de 23 de junho de 2014 publicou um relatório intitulado ‘Banco da rainha forçado a negar que Osama Bin Laden tinha uma conta lá depois que 14.000 documentos foram confiscados da filial das Ilhas Cayman’ onde relata que o banco da rainha negou alegações de jornais europeus de que Osama Bin Laden teria mantido uma conta com a organização. [10].

Em 2012, o banco Coutts foi multado em £8,75 milhões por ’graves e sistemáticas’ falhas ao manusear dinheiro de suspeitos de crimes ou déspotas estrangeiros.

ISIS lidera uma operação psicológica

Hamid Dawud Mohamed Khalil al Zawi, vulgarmente conhecido como Abu Abdullah al-Rashid al-Baghdadi, foi o líder de uma organização guarda-chuva composta por oito grupos e sua organização sucessora, o Estado Islâmico do Iraque e da Síria – ISIS. No entanto, em julho de 2007, o exército dos EUA informou que al-Baghdadi nunca realmente existiu. O detento identificado como Khaled al-Mashhadani, um auto-proclamado intermediário de Osama bin Laden, afirmou que al-Baghdadi era um personagem fictício, criado para dar um rosto iraquiano a um grupo terrorista dirigido por estrangeiros, e que as declarações atribuídas a al-Baghdadi foram realmente lidas por um ator iraquiano [11].

De fato, de acordo com o Brigadeiro-General Kevin Bergner, Abdullah Rashid al-Baghdadi nunca existiu e fora na verdade um personagem fictício cujas declarações gravadas teriam sido fornecidas por um ator idoso chamado Abu Adullah al-Naima como uma forma de guerra psicológica, como relatado no New York Times. O Brigadeiro-General Kevin Bergner atualmente atua com o pessoal do Conselho de Segurança Nacional como Assistente Especial do Presidente e Diretor Geral para o Iraque [12]. Antes desta missão, ele serviu como Comandante Geral Adjunto para as Forças Multinacionais em Mosul, Iraque. Ele também serviu como Diretor para Assuntos Político-Militares (Oriente Médio) no Estado Maior Conjunto do Departamento de Defesa.

E sobre a ameaça do ISIS à Índia?

Na reunião do Grupo de Trabalho Conjunto Indo-Britânico Contra o Terrorismo, realizado em Londres em 15 e 16 de janeiro deste ano, os funcionários britânicos alertaram seus homólogos indianos sobre um possível ataque terrorista do ISIS em solo indiano [13].

Então, em 28 de julho, o jornal USA Today revelou ‘o fim dos tempos’ [end-of-days] conforme o Estado Islâmico (ISIS) [14]. A matéria referiu-se a um documento sobre o ‘juízo final’, de 32 páginas, de alguns "cidadãos paquistaneses com conexões dentro do Talibã paquistanês".

Essa história de investigação publicada pelo USA Today foi relatada pelo Instituto Americano de Mídia, destacando que refere-se a um documento na língua Urdu, de 32 páginas, obtido de um cidadão paquistanês com conexões dentro do Talibã paquistanês.

"O documento adverte que ‘preparações’ para um ataque à Índia estão em andamento e prevê que tal ataque vai provocar um confronto apocalíptico com a América", diz o artigo. O documento, de acordo com o artigo, foi traduzido independentemente para o inglês por um estudioso de Harvard e verificado por vários oficiais, na ativa e aposentados, da Inteligência.

De fato, o jornal USA Today acrescentou que o documento foi revisado por três funcionários da Inteligência dos EUA, que disseram acreditar que o documento é autêntico baseados em suas marcas originais e no fato de que a linguagem usada para descrever líderes e o estilo da escrita e da formulação religiosa correspondem a outros documentos do ISIS.

No entanto, o Ministério de Assuntos Internos da Índia descreveu o alegado documento do ISIS, o qual dava a entender que o grupo terrorista estaria se preparando para atacar a Índia para provocar um confronto com os Estados Unidos, como sendo "lixo". "Isso é lixo," disse a repórteres o Secretário Adjunto de Segurança Interna, MA Ganapathy [15].

Se de fato o documento foi uma fraude, isso levanta questões sérias, dados os laços do MI6 e da CIA com o ISIS, considerando que ambos —a ameaça do juízo final e o plano de ataque— emanaram da mesma fonte que é acusada de ter criado a ameaça em primeiro lugar. No entanto, nenhuma explicação foi fornecida pelo Ministério de Assuntos Internos sobre por que eles escolheram chamar isso de ’lixo’ e nenhuma explicação foi exigida dos governos ocidentais, das agências de inteligência ou dos meios de comunicação com a publicação de uma estória tão sensível e falsa que levou toda a mídia global a um turbilhão.

Por outro lado, no mês passado, o Ministério dos Assuntos Interiores da Índia anunciou que estava trabalhando em uma estratégia nacional contra o ISIS [16]. Muitas contribuições da inteligência se seguiram após a publicação dos relatórios e prisões feitos por toda a Índia. Alegadamente, o apelo do radicalismo do ISIS teria se intensificado em dez Estados indianos.

No mês passado, uma médica britânica foi presa em Jammu e Caxemira por fazer uso de IEDs [do inglês Improvised Explosive Devices – Mecanismos Explosivos Improvisados – n.t.] [17]. A polícia disse que Baba, que é uma fisioterapeuta, vive em Londres desde 2006. Ela teria regressado ao vale há três meses.

Por que é que, da Al Qaeda ao ISIS aos terroristas, no Jammu e Caxemira, todas as conexões acabam na Grã-Bretanha? Mais importante: por que essas pistas não são seguidas por Agências de Inteligência Indianas? Surpreendentemente, mesmo as contribuições da inteligência, sobre as quais tão ativamente agimos, também são fornecidas pelos mesmos países. Como poderíamos formular uma estratégia para orientar nossas agências de segurança a combater uma ameaça que podemos optar por ignorar ou nem mesmo procurar entender?

Como é o caso com qualquer grupo terrorista, muitos destes grupos são controlados não só pelos Estados que patrocinam o terrorismo, mas também pelas Nações que patrocinam os Estados que patrocinam o terrorismo. Assim, embora todas as evidencias eventualmente levem à fronteira ocidental do norte da Índia, nós não tentamos descobrir quem instiga esses grupos, suas ações, seu modo de agir, e nem mesmo verificamos o registro de ocorrências anterior que nos guiaria a fazer o que um terceiro país soberano neutro deveria fazer. Nós totalmente ignoramos esse ângulo e até mesmo a mais rudimentar das investigações forenses em nossa abordagem das explosões do trem de Mumbai (uma sequela de bombardeios do trem espanhol e o início dos ataques de Mumbai em 26/11) [18]. Esperamos que se iniciem investigações nessa nova direção.

Nos últimos anos do regime de Reagan, uma nomenclatura preferencial, adequada para os interesses dos EUA, tornou-se padronizada para o Terceiro Mundo. No caso das Nações a terem que retroceder (por exemplo, Nicarágua), os governos foram chamados terroristas e os insurgentes foram rotulados democráticos. No caso dos países a serem apoiados contra insurgências ‘comunistas’ (por exemplo, El Salvador e Filipinas), foram chamados de governos democráticos e os insurgentes foram rotulados de terroristas (do livro Reversão, por Thomas Bodenheimer e Robert Gould).

Um fenômeno recente, que surgiu após a dissolução da era soviética, é que, se houver mais de um jogador geopolítico envolvido em qualquer nação alvo, por exemplo Nigéria ou Indonésia ou Índia, então a guerra territorial entre os jogadores da geopolítica estende-se para o país alvo. Tal como ocorreu no caso das Empresas da Índia do Leste [East India Companies]: quando seus países controladores (Inglaterra, França, Holanda, etc.) foram para a guerra na Europa, seus representantes nas colônias africanas e indiana também foram para a guerra. Assim, sempre que um jogador geopolítico sente que seu território está sendo violado em qualquer um dos países alvo, eles não hesitam em eliminar os outros jogadores ou seus apoiantes nesses países.

Dependendo do ‘espaço da preocupação’, essas operações de sabotagem são chamadas por vários nomes e muitos governos adotam diferentes ações preventivas a fim de impedi-las. Infelizmente, na Índia, não há nenhum estudo abrangente de terrorismo sob a perspectiva acima. Nossa determinação excessiva e foco no terrorismo islâmico ou jihad, entretanto, serve nossas necessidades emocionais, constituindo-se apenas de menos de um quarto dos atos terroristas perpetrados em solo da Índia há mais de três décadas. Subversão, sabotagem, assassinatos, raptos, atentados contra diversas instalações, bombardeios de alvos simbólicos, embora feitos por todos os grupos terroristas, são vistos apenas por aqueles confinados e preocupados com terrorismo jihadista, o que faz ineficaz nossa resposta ao terrorismo em geral e sua prevalência na Índia.

Shelley Kasli – Voltaire.net - Tradução Marisa Choguill - Fonte Great Game India (Índia) - Ilustração por Eva Bee, The Guardian

Notas
[1] “Terror trial collapses after fears of deep embarrassment to security services”, Richard Norton-Taylor, The Guardian, June 1, 2015.
[2] “Now the truth emerges: how the US fuelled the rise of Isis in Syria and Iraq”, Seumas Milne, The Guardian, June 3, 2015.
[3] “Linha vermelha e linha de rato”, Seymour M. Hersh, Traduçao : Coletivo de tradutores Vila Vudu, London Review of Books, Rede Voltaire, 14 de Abril de 2014.
[4] Download the DIA August 2012 Report.
[5] “Pentagon report predicted West’s support for Islamist rebels would create ISIS”, Nafeez Ahmed, Insurge Intelligence, May 22, 2015.
[7] “Cardiff mosque: We were not involved in radicalisation”, ITV News, June 26, 2015.
[8] “Did this preacher groom the jihadi Britons? Notorious cleric visited mosque where terror brothers worshipped”, Sam Marsden, Jim Norton & Luke Salkeld, Daily Mail, June 22, 2014.
[11] “Leader of Al Qaeda group in Iraq was fictional, U.S. military says”, Michael R. Gordon, The New York Times, July 18, 2007. “Al Qaida no Iraque: será que devemos acreditar em George Bush ou nos seus generais?”, Thierry Meyssan, Tradução de Rita Maia, Rede Voltaire, 30 de Julho de 2007.
[13] “Britain warns India of possible terror attack by ISIS”, The Indian Express, January 20, 2015.
[15] “ISIS document on attacking India rubbish: Home Ministry”, India Today, July 29, 2015.
[17] “British doctor arrested in J&K for ’planting IEDS’”, Naseer Ganai,Daily Mail India, August 3, 2015.
[18] “Globalized Terror In A Liberalized World”, Great Game India, July 1, 2015.

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