quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Portugal. 16 ANOS DE ENJOOS



João Quadros – Jornal de Negócios, opinião

O ano termina com uma boa notícia. 16 anos depois, Portas sai da liderança do CDS. Foi a sua resolução de ano novo e um dos meus desejos quando mordi uma das velas no meu aniversário.

O anúncio foi feito segunda-feira (28/12) na comissão política, mas claro que ninguém acreditou e toda a comissão política pensou que na terça já ia ser diferente. Mas não. Tudo indica que agora é mesmo verdade, o PP vai perder as iniciais. O partido com o ferro de Paulo Portas vai perder o ganadeiro. Poucos políticos conseguiram ter um partido com as mesmas iniciais que tinham nas cuecas ou nas meias em crianças. Um partido botão de punho.

Portas, nos últimos anos, andou com o PP para onde quis, qual mala Louis Vuitton com as suas iniciais. A Moderna, os submarinos, o eurocéptico, os ex-combatentes, os pensionistas, os Pandur, os reformados, as fronteiras, o irrevogável, o PàF, a agricultura, as fotocópias. Portas já foi tudo e nada. A verdadeira geringonça política em todo o seu esplendor. Recordar que Paulo Portas começa carreira no jornalismo com nojo da política e que termina a carreira de político sem enjoos. Muitas vezes nos questionámos, aqui no café ao pé de casa, o que diria o Independente dos submarinos. Ou do Irrevogável. Portas seria o Cavaco de Portas do Independente.

Portas, qual Luís Filipe Vieira, quer apostar nas novas gerações, na formação das escolas do PP. Nuno Melo pode ser aposta. Entra na categoria nova geração pois, apesar do cabelo branco, quando abre a boca fala como um miúdo de quinze alcoolizado. Para Nuno Melo, a política é uma viagem de finalistas.

Outra potencial candidata das oficinas do PP é Assunção Cristas. Representa um lado mais beato do PP já a roçar o CDS. Só o nome – Assunção Cristas – deve valer votos dos mais crentes. Há igrejas e cultos com nomes menos capazes. Dizem alguns fãs do ex-Governo que Assunção pode ter o voto dos agricultores, ou seja, para aí umas setenta pessoas. Assunção ficou famosa, enquanto ministra da Agricultura, por ter rezado a Deus para acabar com a seca e por ter ficado grávida. E uma coisa não teve nada a ver com a outra.

Pedro Mota Soares é outro candidato jovem. Ou melhor, uma daquelas pessoas de idade indefinida, como o actor Manuel Marques. Tanto pode parecer ter dezoito anos como cinquenta e dois. De moto é um puto, no Audi do Governo parece um velhinho marreco. Pedro Mota Soares é, provavelmente, o candidato mais queimado na opinião pública. A sua passagem pela Segurança Social faz com que muita gente pense que ele nem mota devia guiar.

Alguns jornais falam numa eventual candidatura do jovem Telmo Correia, agora que o bi-quarentão Adriano Moreira foi para o Conselho de Estado. Eu acho que o Telmo Correia tem aquele problema de pertencer ao PP e ter ar de queque mas, depois, chama-se, Telmo. Não dá. Se ainda fosse Guilherme Telmo, ou qualquer outra coisa. Telmo, não dá. O Nuno, a Tegui e o Telmo… Impossível. É como ter uma Carlota à frente da bancada do Bloco de Esquerda ou o camarada Martim Bernardo a liderar a CGTP.

Vamos ver quem irá para o lugar de Portas. Aceitam-se apostas. Pelo meu lado, começo este ano com muita fé. Um 2016 sem Paulo Portas e Aníbal Cavaco Silva, seja o que lá vem, a coisa promete. Bom ano. 

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