Dois
terroristas internacionais de nacionalidade mauritaniana pertencentes à rede
“Al-Queada do Magrebe Islâmico – AQMI”, Saleck Ould Cheikh e Mohamedel Shamba
Boudji, entraram no país no dia 8 de Janeiro, vindos do Senegal, tendo passado
pelo posto fronteiriço do sector de Pirada (Região de Gabú). Um dos
terroristas, Cheikh Saleck, como é conhecido no seu círculo, é considerado
pelas autoridades policiais nacionais como um dos terroristas mais perigosos e
altamente treinados daquele grupo. Beneficiaram da cumplicidade de outros dois
jovens guineenses, também suspeitos de pertencerem à mesma rede terrorista.
Saleck
Ould Cheikh foi condenado à morte na Mauritânia, em 2011, por atos terroristas,
depois de liderar uma operação da AQMI para tentar matar o Chefe do Estado de
Mauritânia, Mohamed Ould Abdel Aziz, com um carro-bomba. Saleck escapou-se de
uma prisão central de Nouakchott (Mauritânia) a 31 de Dezembro último, depois
passou por Dakar (Senegal), onde efectuou uma ligação por telefone para um
cidadão guineense, residente em Bissau, pedindo o refúgio.
O
cidadão guineense que apoiou a entrada dos terroristas no país já foi
identificado e encontra-se sob a alçada das forças policiais. Ainda de acordo
com as informações apuradas, o jovem guineense, de 25 anos de idade, que
facilitou a entrada de terroristas ao país, converteu-se ao islamismo em 2010 e
exercia as actividades de islamização tanto a nível do país, como em alguns
países da sub-região.
“O
Democrata” soube, no entanto, junto de uma fonte dos serviços de segurança, que
o jovem guineense terá sido mobilizado no estrangeiro, durante as suas
actividades de islamização, para aderir à organização terrorista “Al-Queada do
Magrebe Islâmico” bem como coordenar a célula de Bissau.
O
TERRORISTA CHEIKH SALECK FEZ DEZ DIAS NO BAIRRO DE LEI-BALA NA CIDADE DE GABÚ
Após
entrarem no país, os dois terroristas foram residir em casa do familiar de um
dos jovens, que igualmente faz parte da célula do grupo terrorista, que lhes
facilitou a entrada no país, no Bairro de Lei-Bala, na cidade de Gabú, leste da
Guiné-Bissau.
Os
terroristas internacionais procurados pelos radares policiais e agências
internacionais de combate ao terrorismo ficaram dez dias no referido bairro, de
acordo com informações apuradas pelo nosso semanário. Os terroristas residiam
naquele bairro da cidade de Gabú a espera de orientações de elementos da célula
de Bissau para depois prosseguirem para a capital, onde ficariam escondidos.
O
nosso semanário soube ainda que o terrorista Mohamedel Shamba Boudji viajou da
cidade de Gabú à Bissau no dia 11 de Janeiro, a fim de proceder ao
levantamento, num dos bancos comerciais da capital, de uma soma estimada em 217
dólares norte-americanos, enviada da África do Sul. No entanto, as autoridades
policiais desconfiam que o dinheiro levantado pelo terrorista é muito superior
a quantia avançada, pelo que continuam a investigar o seu rasto. Amed Boudji,
como é conhecido no seu círculo, depois de levantar o dinheiro, voltou para a
cidade de Gabú.
CHEIK
SALECK E AMED BOUDJI PASSARAM UM DIA INTEIRO NO BAIRRO QUATRO NA CIDADE DE
BAFATÁ
Os
terroristas sairam de Gabú, a 18 de Janeiro, chegaram à cidade de Bafatá na
manhã do mesmo dia e foram residir no Bairro 4 por um dia apenas. Só no fim da
tarde do mesmo dia é que se aperceberam que as forças de segurança
mobilizaram-se para detê-los. Desconfiados e depois de tomarem conhecimento de
que estavam a ser caçados pelas forças de Segurança, começaram de imediato a
preparar-se para deixar a cidade de Bafatá.
A
Polícia Judiciária (PJ) conjuntamente com os elementos do Serviço de Informação
do Estado (SIE), depois de terem conhecimento do local e da casa onde se
encontravam os terroristas escondidos, através de cruzamento de
informações, desencadearam uma operação de captura denominada “Operação Finete”
e tomaram de cerco a cidade de Bafatá, no fim da tarde do mesmo.
Os
terroristas entraram em contacto via telefone com um dos seus comparsas
guineense para se informarem da sua entrada em Bissau. Mas durante a troca de
conversas, aperceberam-se de que os seus colegas se encontravam nas mãos da
polícia e começaram a preparar a fuga e a saída do país, tendo abandonado a
cidade de Bafatá ainda na noite do mesmo dia.
TERRORISTAS
DA AL-QUEADA DO MAGREBE PASSARAM A NOITE NAS TABANCAS, DURANTE A FUGA
Saíram
da cidade de Bafatá e passaram pelo sector de Bambadinca, depois seguiram para
o sector de Xitole e continuaram para a zona da aldeia de Saltinho (sector de
Quebo – Região de Tombali), no sul da Guiné-Bissau.
Uma
fonte policial contou a ”O Democrata” que os terroristas teriam passado à noite
numa das aldeias entre o corredor do sector de Bambadinca (Região de Bafatá) e
a aldeia do Saltinho (sector de Quebo). Saíram de Saltinho e seguiram para a
aldeia de Cuntabani (uma vila que faz parte do sector de Quebo), onde alugaram
duas motorizadas para transportá-los para a Região de Boke (Guinée-Conacri).
A
nossa fonte contou que depois de terem a informação da saída e do itinenário da
fuga dos terroristas, trocaram informações com as forças de segurança daquele
país vizinho (Guinée-Conacri). A fonte adianta ainda que os elementos da força
de Gendarmerie (força policial militarizada) foram alertados que os referidos
terroristas eram muito perigosos, mas subestimaram os mesmos.
A
força de segurança da região de Boke mobilizou três elementos para
interceptá-los na fronteira. Durante a tentativa para detê-los, Cheikh Saleck
pegou numa pistola e atirou três vezes contra o elemento que chefiava o grupo
de segurança da força de Gendarmerie.
Saleck
foi neutralizado graças à colaboração dos populares e juntamente com os dois
elementos de segurança que, de armas de fogo em riste, ameaçou matá-los. Foi
assim que a força de segurança daquele país vizinho conseguiu deter os quatro
elementos, sendo dois jovens guineenses, no dia 19 de Janeiro, tendo sido
conduzidos para a prisão de alta segurança de Conacri.
O
terrorista Saleck Ould Cheikh que tinha sido condenado à morte foi extraditado
no mesmo dia para Mauritânia, juntamente com o seu companheiro de filiação
Mohamedel Shamba Boudji. Enquanto os dois jovens guineenses (Guiné Bissau)
continuam detidos em Conacri sob interogatório. Um grupo de elementos da PJ e
do SIE encontra-se em Conacri, a aguardar a extradição dos memo.
De
referir que o terrorista Saleck Ould Cheikh é considerado o cérebro do ataque
terrorista que matou quatro turistas francêses na Mauritânia, em 2007. Na
altura, Saleck encontrava-se na capital senegalesa (Dakar) e teria sido a
partir dali que preparou o ataque que igualmente envolveu dois outros terroristas
de nacionalidade mauritaniana, designadamente Mohamed Chabarnou e Sidi Ould
Sidna.
Os
dois últimos fugiram para Bissau em 2007, onde acabaram por ser detidos e
posteriormente extraditados para a Mauritânia. No entanto, uma fonte policial
confidenciou a “O Democrata” que o terrorista Saleck Ould Cheikh chegou a fixar
residencia em Bissau por algum tempo, data que não precisou.
Segundo
a mesma fonte, enquanto residia em Bissau, Saleck Ould Cheikh praticou
disfarçadamente a actividade comercial, facto que o permite expressar-se
fluentemente em língua criola.
O
AQMI, é um grupo que existira antes do Grupo Salafista para Pregação e Combate
(GSPC) é uma organização terrorista internacional de origem argelina, criada em
1997. A rede pertence a um grupo étnico de Sunitas e defensores da Jihad
(guerra santa) em todos os países do Norte da África, contra os interesses
ocidentais.O grupo terrorista nasceu de uma cisão do Grupo Islâmico Armado
dirigido por Hassan Hattab e pelo mufti Ahmed Zarabib. Tem laços com a rede
Al-Queada desde 2002, a quem se vinculou definitivamente em 2006.
Assana
Sambú – O democrata
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