Ao
mesmo tempo que decorrem manifestações promovidas pelo Movimento Protectorado
Lunda Tchokwe, que reclama a autonomia da região, a Frente de Libertação do
Estado de Cabinda anuncia a retoma da via militar.
O
Movimento Protectorado Lunda Tchokwe (MPLT) promoveu, esta quarta-feira
(17.02), uma manifestação na localidade diamantífera de Cafunfo, para exigir
mais uma vez a autonomia das Lundas. “Ao longo de 2014 e 2015, enviamos cartas
ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a dizer que iríamos
começar com manifestações em toda a extensão da Lunda”, afirma José Mateus,
presidente do MPLT.
Apesar
das múltiplas tentativas de tentar chegar a um acordo com o Governo angolano, o
MPLT não obteve qualquer resposta. “Já endereçamos mais de 20 cartas à
Presidência da República e a Sua Excelência, o Presidente angolano José Eduardo
dos Santos, e, até hoje, não tivemos nenhuma resposta. Até este momento, a
nossa luta tem sido em encontrar uma solução interna, através de mediadores
nacionais e sem envolver a comunidade internacional. É o Governo de Angola que não
está a corresponder à expectativa do povo da Lunda Tchokwe”, diz José Mateus.
Em
resposta à passividade do Governo angolano, o MPLT promete continuar com as
manifestações ao longo dos próximos dias e noutras localidades, como
Cuando-Cubango, Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte. “Em princípio, todos os nossos
secretariados regionais estão orientados para fazer manifestações de 15 em 15
dias”, diz o presidente da organização.
FLEC
anuncia retoma da "via militar" em Cabinda
Ao
mesmo tempo, a Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) anunciou a
retoma da vida militar até à disponibilidade “séria e concreta” do Governo
angolano para o diálogo.
Em
comunicado, a direção político-militar da FLEC/FAC (Forças Armadas Cabindesas)
alerta a comunidade internacional de que “Cabinda é um território em estado de
guerra” e que a circulação de pessoas “é seriamente desaconselhada”.
O
movimento separatista afirma que esta tomada de posição resulta de um alegado “silêncio
do Governo de Angola para o estabelecimento de um diálogo alargado com todas as
forças vivas cabindesas, com vista à negociação de um acordo de paz para
Cabinda”.
O
comunicado, assinado por Jean-Claude Nzita, porta-voz do movimento, refere
ainda que “a FLEC/FAC não se responsabiliza pelas vítimas e danos colaterais
resultantes do conflito em curso”.
Movimento
apela a sanções internacionais contra Governo
A
FLEC luta pela independência de Cabinda, província de onde provém a maior parte
do petróleo angolano, e considera que o enclave é um protetorado português, tal
como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885. Criticam,
por isso, o silêncio da comunidade internacional, especialmente de países como
“Portugal, França, Reino Unido e Estados Unidos da América”.
Na
semana passada (11.02), em comunicado, o movimento independentista afirmou ter
pedido ao Governo britânico para "pressionar" as autoridades
angolanas sobre a situação no enclave. "A FLEC/FAC pede à Grã-Bretanha
para exercer pressões junto do Governo de Angola a fim de cessar as práticas
repressivas contra civis cabindeses e de não ser mais uma vítima dos milhões de
dólares que Angola investe para propagar a mentira e desinformação sobre a
reivindicação legítima do povo de Cabinda", pode ler-se no comunicado
assinado por Nzita.
Criada
em 1963, com a fusão entre o Movimento para a Libertação do Enclave de Cabinda,
o Comité de Ação da União Nacional de Cabinda e a Aliança Nacional Mayombe, “a
FLEC/FAC tem a missão e o dever de proteger o povo de Cabinda de todas as
agressões e humilhações e punir todos os opressores internos e externos”,
afirma o comunicado.
Nelson
Sul d'Angola – Deutsche Welle
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