OPERADORES
florestais sedeados na província de Sofala afirmam estar a ser prejudicados por
alguns líderes tradicionais e outros membros das comunidades que têm facilitado
o abate ilegal de madeira a estrangeiros, na sua maioria de nacionalidade
chinesa.
Esta
opinião é partilhada por alguns madeireiros que falaram ao “Noticias” e que
apontam também a desflorestação e concorrência desleal como alguns dos factores
que lesam os moçambicanos.
Por
exemplo, o director deral da empresa EDN, Aldo Achaca, conta que, para além dos
20 por cento da taxa sobre a exploração florestal definida por lei a favor das
comunidades, os operadores florestais têm se deparado com situações de cobrança
de valores monetários por parte de algumas autoridades tradicionais.
“Por
causa da conivência das comunidades, já tive casos de corte ilegal de madeira
na minha área de exploração e fiquei a saber que isso foi com a
complicidade de alguém”, disse.
A
fonte acrescenta que se todos cumprissem com o que está plasmado na lei não
haveria esse tipo de problemas. “Não podemos optar sempre pela penalização, tem
que haver prevenção, e para isso é preciso identificar o problema”, considera.
Aldo
Achaca conta que no passado, as comunidades faziam denúncias sobre os
desmandos, mas de há um tempo a esta parte, elas foram corrompidas pelos
operadores estrangeiros, que oferecem dinheiro em troca do seu silêncio.
“Construí
escolas e centros de saúde em algumas comunidades e em nenhum momento elas
pediam dinheiro. Entretanto, hoje em dia, para além dos 20 por cento do que têm
direito por lei, exigem um pagamento por cada camião com madeira. Já não exigem
carteiras para apetrechar as escolas ou chapas de zinco para a cobertura das
suas infra-estruturas sociais”, lamenta.
Por
sua vez, o director adjunto da Indústria Madeireira de Moçambique, Mahomed
Magid, considera que o corte ilegal de madeira está a causar graves problemas
ambientais e o desaparecimento de algumas espécies, uma vez que não há
reflorestamento.
“As
nossas florestas estão a acabar e para estancar esta onda de destruição é
necessário que haja uma boa colaboração entre as partes. É uma realidade que
como poder financeiro que os chineses têm, conseguem corromper as comunidades,
visto que estas ganham mais com eles do que a trabalhar com operadores
moçambicanos”, referiu.
Entretanto,
apesar de concorrência desleal por parte dos operadores florestais estrangeiros,
Mahomed Magid desdramatiza a situação, afirmando que o mais importante é fazer
com que se cumpra com o que está plasmado na lei.
REFORÇAR
A FISCALIZAÇÃO
PARA
melhorar a inspecção dos madeireiros, os Serviços Provinciais de Floresta e
Fauna Bravia de Sofala têm como um dos objectivos traçados para os próximos
meses a capacitação de mais fiscais florestais, segundo avançou o chefe do
sector, Paz Costino Martinho.
“Neste
momento, estamos a tentar potenciar a capacidade técnica dos nossos fiscais,
porque temos alguns formados e outros sem formação profissional. Portanto, o
que pretendemos é unificar a metodologia de trabalho no que diz respeito ao
conhecimento da lei”, disse.
Segundo
ele, o conhecimento do quadro legal e das boas práticas florestais são cruciais
para a sua preservação, na medida em que contribuem para uma participação
construtiva e efectiva dos envolvidos no processo.
Questionado
se as autoridades da área de florestas teriam outra forma de repreender aos
transgressores da lei, para além da atribuição de multas, Paz Costino Martionho
disse que têm optado por uma “fiscalização e educativa e não reprensiva”.
Contudo,
considera que “não se justifica que um operador florestal não tenha
conhecimento de que é proibido transitar com madeira com diâmetro de corte
inferior àquele que é permitido por lei. Nestes casos, a fiscalização educativa
já não é aplicável”.
Moçambique
é um país com uma grande diversidade de recursos florestais, cobrindo uma área
de cerca de 40,1 milhões de hectares, o que corresponde a 51 por cento do
território nacional.
Estes
recursos revestem-se de grande importância social, cultural, ambiental,
científica e económica, para a ctual e futura geração, como fonte de geração de
emprego e renda.
Valdimiro
Saquene – Jornal Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário