segunda-feira, 11 de abril de 2016

MEDITERRÂNICA VITÓRIA DA “GARBOSA ARMADA” DA NATO!




Há precisamente cinco anos começou a saga dos refugiados de guerra Mediterrâneo adentro, uma saga inaugurada a partir da Líbia, na altura no encalço sobretudo das portas da Europa mais à mão e a norte, as ilhas italianas de Lampedusa ou da Sicília, ou mesmo a ilha de Malta.

Eram, como inúmeras vezes foi lembrado, “danos colaterais” provocados pela briosa, libertadora e tão democrática campanha da NATO naquela “primavera” mágica de 2011…e se morressem no mar, como haveria de acontecer afinal com tantos e tantos em perdidas estatísticas, não passariam jamais dessa catalogação de “imprevisíveis danos colaterais”…

Além disso, naquela altura eram em sua grande parte africanos que preenchiam os “danos” e o melhor era mesmo eles morrerem longe e quantos mais, melhor, conforme muitos dos esclarecidos comentadores do diário italiota “Il Giornale”…ficava-lhes mesmo a matar essa do rótulo de “danos colaterais”, um rótulo feito à medida, até parece feito por alfaiate!

Agora a tão civilizada e democraticamente representativa União Europeia, ciosa de suas humanidades, dos direitos afins e de suas brilhantes campanhas no ultramar, entre as modernas“coloridas revoluções” e “primaveras árabes” fechou as portas da “fortaleza”, recorrendo ao expediente da limpeza migratória desse tão escrupuloso Erdogan, varredor de fronteiras, distraído traficante de petróleo roubado e polivalente revitalizador do Daesh, da Frente Al Nushra e de outros “moderados”, lá pelas Sírias e Iraques pestilentos e mais além nos Afeganistões, nos Iémens, noutros confins, noutras regiões obscuras, noutros covis de fieis-infiéis!…

Agora, a Grécia rendida ao “diktat” das oligarquias europeias, endividada sem limites e esvaída no que à sua própria independência e soberania diz respeito, tornou-se a sentinela interna da“fortaleza”, enquanto a Turquia é sentinela externa e nos limites da coutada.

Agora o que é certo, cinco anos depois e para segura protecção da União Europeia, é que não haverão mais “danos colaterais” no Mediterrâneo, graças a tão civilizados ofícios nos marítimos campos de batalha, quanto nos governos e suas diplomacias!... Finalmente conseguiu-se fechar as portas da União Europeia e montar a guarda para fazer face à avalanche humana de estranhos costumes e opções!

Mediterrânica vitória da “garbosa armada” da NATO e os mouros que fiquem lá longe pela Anatólia “a ver navios”, pois o codicioso Erdogan foi pago para isso e para muito mais… às tantas pago até para benevolentemente experimentar umas bombazitas nucleares “tácticas”, para participar na festa do aquecimento global e na caridosa missão de reduzir a população mundial que teimosamente não pára de crescer!

Cinco anos depois o planeta trágico-cómico está mesmo quente, minha gente, embora hajam tantos a confirmar, “a pés juntos” ou no fundo do mar, que não, que esta ainda não é a IIIª Guerra Mundial, pois falta sempre mais qualquer coisinha para que o seja!...

Os sábios europeus reflectem em suas filosofias que só será IIIª Guerra Mundial quando ela sacudir a União Europeia, o que foi evitado finalmente com a vitória da Armada da NATO no mar e por que essas peripécias de Paris, de Bruxelas e de outras capitais, são ninharias que passam bastando para tal chorar vergado sob seu próprio umbigo.

Constatem quanto o mundo progrediu e se tornou cada vez mais feliz e democrático de há cinco anos a esta parte:

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 15

MARTINHO JÚNIOR

“DANOS COLATERAIS”

As Decisões do Conselho de Segurança da ONU, perdendo-se a oportunidade para o cessar-fogo, o diálogo entre as partes e as obrigações perante o povo líbio e os largos milhares de trabalhadores migrados que viviam naquele país, directa ou indirectamente estão na origem de mais miséria e morte num espectro que alastra para lá das fronteiras do conflito e se estende por diversas regiões, inclusive Mediterrâneo dentro.

Os resultados da ingerência militar na Líbia são cada vez mais contraditórios aos seus propósitos: é este um dos preços do petróleo que os países produtores estão a pagar, em nome da cobiça anglo-saxónica!

De quem é a responsabilidade directa duma situação como esta?

Sendo de Kadafi na sua quota-parte, dos rebeldes (uns verdadeiros, cada vez menos verdadeiros, outros agentes do império) a responsabilidade alastra à medida da miséria e da morte, para outros intervenientes que tendo tido a oportunidade de outras alternativas, escolheram uma vez mais a pior delas, por que como Hitler não sabem fazer melhor!

Sílvio Berlusconi, Sarkozy, Cameron e Obama têm cada vez mais quota-parte de responsabilidade, por cada um dos inocentes que encontram fim perante a inevitabilidade do pântano que se soma a outros muitos mais pântanos em que todos nós cidadãos do mundo amantes da vida, estamos a cair, mesmo que os “danos colaterais” tenham sido produzidos não em nosso nome!

Os dirigentes africanos que votaram a favor da Resolução 1973, têm também sua quota-parte de responsabilidade, ao não assumirem de forma prevenida outra disposição senão aquela que aceitou o enredo das potências ocidentais e, por fim, da OTAN.

África está a pagar mais barbaridades, a juntarem-se às muitas outras barbaridades que tem vindo a sofrer ao longo de séculos e, tendo sido o berço da humanidade, está também a tornar-se, um pesadelo e um sepulcro das esperanças que deveriam alimentar a humanidade!

OTAN FORA DE ÁFRICA JÁ! - PAZ SIM, NATO NÃO!

Martinho Júnior - 9 de Maio de 2011


“Naufrágio em Lampedusa: leitores do “Il Giornale” fazem apologia à morte de imigrantes”

Direção do “Il Giornale” divulgou uma nota, na qual se dissocia dos comentários deixados por seus leitores sobre o naufrágio de um barco de imigrantes em Lampedusa.

Lampedusa, 7 de abril de 2011 - "Esperamos que não encontrem outros com vida", "Pena, muitos sobreviveram", "Naufrágio de um barcone? Quem se importa?" - estes foram alguns comentários deixados por leitores do "Il Giornale" no site da empresa sobre a notícia da tragédia ocorrida ontem em Lampedusa, onde uma embarcação com 300 migrantes afundou.

A apologia à morte de imigrantes feita pelos leitores do “Il Giornale” levou a redacção do jornal a emitir uma nota - mas só no final da tarde – dissociando-se dos comentários expressos. "Il Giornale.it se dissocia e considera deplorável, de maneira mais absoluta, alguns comentários escritos pelos leitores sobre este artigo. Devido o conteúdo ofensivo, muitos comentários foram removidos. Convidamos todos os leitores a manter o debate sobre um plano mais civil e sem provocações gratuitas", diz a nota.

A precária embarcação de migrantes e refugiados, principalmente somalis, bengalis, sudaneses e eritreus, proveniente da Líbia, afundou a 65 quilómetros da Ilha de Lampedusa, em águas territoriais de Malta. A Guarda Costeira italiana e pescadores sicilianos conseguiram salvar, até o final da tarde de ontem, 50 das 300 pessoas que estavam a bordo do barco. Segundo informações da Organização Internacional da Imigração (OII), entre os imigrantes estavam cinco crianças e 40 mulheres, das quais apenas duas sobreviveram.

A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Unhcr), Laura Bodrini, entrevistada pela Rádio Vaticana, disse que o número de mortos pode chegar a 200. "Os sobreviventes chegaram em Lampedusa com o terror no rosto, em estado de choque", disse Bodrini, informando que uma das duas mulheres sobreviventes está grávida.

A Guarda Costeira da Itália investiga as circunstâncias do naufrágio. Segundo as primeiras informações divulgadas, o barco havia partido da Líbia há pelo menos dois dias. Sobreviventes contaram aos representantes da OII que eles conseguiram nadar até os barcos de socorro que se aproximavam, mas vários outros se afogaram porque não sabiam ou não conseguiam nadar.

O capitão de um pesqueiro siciliano, que conseguiu resgatar três pessoas, disse que a cena foi impressionante. "Foi terrível. As cabeças dos náufragos ficavam fora da água e depois afundavam. Todos gritavam por socorro", relatou Francesco Rifiorito à Ansa.



Imagem - Mapa da Grécia: uma miragem perdida (e proibida) para os “danos colaterais”.

Sem comentários:

Mais lidas da semana