Em
Moçambique, permanece clima de medo em Chiramba, distrito de Chemba, província
de Sofala, desde que homens da RENAMO tomaram o posto administrativo local no
domingo (24.04). Homens armados já abandonaram o local.
Depois
do assalto e da tomada dos serviços policiais e administrativos, no domingo (24.04),
os guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido
da oposição moçambicana, abandonaram o local esta terça-feira (26.04) - quando
se aperceberam da vinda de forças especiais da polícia e das Forças de Defesa e
Segurança (FDS) do Estado.
Estarão
agora posicionados a poucos quilómetros da via que dá acesso a Chiramba.
Na
quarta-feira (27.04), dois dias depois de as Forças de Defesa e Segurança (FDS)
terem acampado no local, foram registados confrontos militares nos arredores do
posto administrativo e do posto policial de Chiramba.
A
DW África falou com um morador de Chiramba, que relatou o que se passou no
povoado.
"Eram
exatamente oito horas, quando homens armados assaltaram o posto policial,
acabando por ocupá-lo. A população fugiu das suas residências para lugares
incertos. Na noite de ontem, as forças de segurança entraram em Chiramba. Não
encontraram nenhum homem armado da RENAMO. Até agora, nada," contou.
"O
ambiente não está calmo, porque não se sabe para onde foram os homens armados,
porque ninguém está em serviço no local dos acontecimentos," acrescentou o
morador.
Tiroteios
e fugas
Contactado
telefonicamente, um funcionário da administração local, que prefere manter o
anonimato, contou à DW África que até à tarde desta quarta-feira (27.04) esteve
refugiado nas matas de Nhacafua, na fronteira com a vizinha província de Tete.
Confirma
que há registo de confrontos militares entre guerrilheiros da RENAMO e tropas
governamentais que se estacionaram recentemente naquele povoado.
"Começaram
com tiroteios esta manhã. As pessoas fugiram para vilas e até agora não há quem
saiu de Chiramba para vir nos garantir a informação. Vamos tentar ligar para
alguns colegas que estão lá mesmo, mas até esta tarde devem entrar em contato
conosco," relatou.
"Quando
os soldados chegaram ali, [os homens armados] não estavam e [os soldados] ali
ficaram. As pessoas que estavam na vila apareceram ali para recuperar as suas
coisas,” descreveu o funcionário da administração local.
A
circulação rodoviária também está condicionada a alguns quilómetros de
Chiramba, localidade onde homens armados da RENAMO se instalaram desde o
conflito de 2013.
Um
morador de Chiramba defendeu que "não eram guerrilheiros da RENAMO, eram
pessoas que estavam a assaltar as casas que as pessoas abandonaram. Criaram um
movimento estranho nas casas abandonadas. Queriam assaltar os bens das pessoas.
Ao saírem daí, pararam para afugentar."
As
informações sobre a tentativa de ocupação de Chiramba foram confirmadas na
terça-feira (26.04) em Maputo, pelo porta-voz do Comando Geral da Polícia da
República de Moçambique, Inácio Dina.
Esta
quarta-feira (27.04), o vice-ministro da Defesa , Patrício José, garantiu que a
situação no local está controlada. Disse ainda que com a presença das FDS a
vida voltou à normalidade.
Mas
moradores entrevistados pela DW África contam que parte da população abandonou
o local, tendo-se refugiado na vila-sede. Esta quinta-feira (28.04), voltaram a
ouvir-se mais disparos de armamento pesado, garantiu outro morador da
localidade.
"Lá,
ninguém fica. Talvez de dia esteja melhor, mas à noite é só abandonar as casas
e ir dormir nas matas. Desde que a FIR [Forças de Intervenção Rápida] chegou
lá, está-se a lutar. Todas as pessoas estão aqui na vila. Quando voltam para
lá, estão a ser mandadas embora. Dizem que são da RENAMO," contou.
Arcénio
Sebastião (Chemba) – Deutsche Welle
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