Baptista-Bastos
– Jornal de Negócios, opinião
A
biografia de António Louçã sobre João Varela Gomes lê-se com o entusiasmo de
quem assiste ao desfilar de uma vida invulgar, pela integridade, pela decência
e pela persistência.
António
Louçã, jornalista, historiador, biógrafo, tem-se imposto a corajosa e
nobilitante tarefa de remover a bruma do esquecimento da nossa história próxima
recente. Na RTP, em livros e em artigos avulsos não permite que as imposições
do silêncio se sobreponham à realidade dos factos e à força da razão. O período
salazarista, que preopinantes de direita omitem ou mitificam, merece, a António
Louçã, especial cuidado e atenção. É importante que assim seja, como importante
é reavivar a memória dos nomes e das acções daqueles que deram à Resistência os
seus mais límpidos títulos de glória. Saiu, agora, um outro importante trabalho
do autor: "Varela Gomes", uma fascinante biografia de um dos mais
fascinantes e íntegros combatentes da liberdade.
João Varela Gomes, de quem sou amigo e admirador, pode ser considerado um "soldado de Abril", por ter sido, de certa forma, um precursor dos homens da Revolução. O assalto ao quartel de Beja [1961/62] foi, certamente, o acontecimento que mais trouxe à actualidade histórica, o nome do então capitão Varela Gomes. Mas ele já era conhecido, nos meios da oposição, pela sua personalidade, pelas suas fortes convicções e pelo seu destemor.
É a história deste homem invulgar, e de sua mulher, Maria Eugénia, que o importante livro de António Louçã conta com extremo rigor e grande minúcia. O hoje coronel Varela Gomes, com vigorosos 91 anos, esteve em quase todas as conspirações para derrubar o regime salazarista. E era oficial do Exército. A biografia de António Louçã possui a dimensão de que, no género, nos habituaram as obras inglesas, e lê-se com o entusiasmo de quem assiste ao desfilar de uma vida invulgar, pela integridade, pela decência e pela persistência de um combate que ainda não terminou.
Uma frase do próprio Varela Gomes: "Que outros triunfem onde nós fomos vencidos", funciona como subtítulo de um texto que narra, também, uma parte importante da História de Portugal, muitas vezes incorporada na existência do protagonista.
É revigorante lermos este livro, sobretudo numa época de futilidades e de embustes políticos, em que os critérios de honra e de grandeza moral têm sido espezinhados ou substituídos por falsos padrões, nos quais avulta o dinheiro. António Louçã rodeou-se de uma impressionante documentação, inclusive oral, e abriu um capítulo inusual neste género literário. Nunca é demais louvar o préstimo deste volume, até para relembrar uma figura esquecida pela cultura vigente, pela opinião dominante e pelos poderes que em si concentram "uma espécie de fortaleza do medo e do silêncio" [António Sérgio, outro a não esquecer].
João Varela Gomes, de quem sou amigo e admirador, pode ser considerado um "soldado de Abril", por ter sido, de certa forma, um precursor dos homens da Revolução. O assalto ao quartel de Beja [1961/62] foi, certamente, o acontecimento que mais trouxe à actualidade histórica, o nome do então capitão Varela Gomes. Mas ele já era conhecido, nos meios da oposição, pela sua personalidade, pelas suas fortes convicções e pelo seu destemor.
É a história deste homem invulgar, e de sua mulher, Maria Eugénia, que o importante livro de António Louçã conta com extremo rigor e grande minúcia. O hoje coronel Varela Gomes, com vigorosos 91 anos, esteve em quase todas as conspirações para derrubar o regime salazarista. E era oficial do Exército. A biografia de António Louçã possui a dimensão de que, no género, nos habituaram as obras inglesas, e lê-se com o entusiasmo de quem assiste ao desfilar de uma vida invulgar, pela integridade, pela decência e pela persistência de um combate que ainda não terminou.
Uma frase do próprio Varela Gomes: "Que outros triunfem onde nós fomos vencidos", funciona como subtítulo de um texto que narra, também, uma parte importante da História de Portugal, muitas vezes incorporada na existência do protagonista.
É revigorante lermos este livro, sobretudo numa época de futilidades e de embustes políticos, em que os critérios de honra e de grandeza moral têm sido espezinhados ou substituídos por falsos padrões, nos quais avulta o dinheiro. António Louçã rodeou-se de uma impressionante documentação, inclusive oral, e abriu um capítulo inusual neste género literário. Nunca é demais louvar o préstimo deste volume, até para relembrar uma figura esquecida pela cultura vigente, pela opinião dominante e pelos poderes que em si concentram "uma espécie de fortaleza do medo e do silêncio" [António Sérgio, outro a não esquecer].
Há muitíssimo tempo que não lia um livro que tanto agradasse e estimulasse. E é
bom que gente como António Louçã, e editoras como a Parsifal, realizem a
esforçada tarefa de não pactuar com o cerco cultural e moral em que estamos
sufocados.
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