O
antigo ministro dos Negócios Estrageiros Freitas do Amaral considerou hoje que
o primeiro-ministro deve demitir os secretários de Estado que aceitaram
convites da Galp para assistir a jogos da seleção nacional em França.
"Ultrapassou-se
a fronteira do que é legítimo e devem ser demitidos, se não se demitirem",
afirmou Freitas do Amaral, jurista, professor catedrático de Direito e que foi
ministro no Governo socialista liderado por José Sócrates.
Em
entrevista ao programa 360º, da RTP 3, Freitas do Amaral declarou mais do que
uma vez que os secretários de Estado deviam ter apresentado a demissão e que,
caso não o façam, o primeiro-ministro terá de os demitir.
"Quem
exerce cargos públicos não pode receber presentes de entidades privadas. Ponto
final", frisou.
"O
primeiro-ministro, quando chegar de férias, ou mesmo interrompendo-as, vai ter
de repensar tudo isto, quando perceber que foi violada a lei da ética e que os
secretários de Estado vão ficar impedidos de participar em decisões sobre a
Galp", afirmou.
O
antigo ministro vincou, por várias vezes, que a lei é clara e define que quem
exerce cargos públicos não pode receber presentes de entidades privadas.
Apesar
de considerar que os secretários de Estado contrariaram as leis portuguesas,
Freitas do Amaral mostrou-se convicto de que não houve crime.
Ainda
assim, julga que é "completamente reprovável" que os convites da Galp
para assitir a jogos do Europeu de Futebol, em França, tenham sido feitos e
aceites.
O
professor de direito, que foi fundador e candidato presidencial pela Aliança
Democrática, sublinhou que o problema "não está no dinheiro" em causa
e que devolver o dinheiro "não apaga a falta".
"O
problema está no facto de uma entidade privada fazer um favor a um órgão de uma
entidade pública e esse favor é um privilégio".
Freitas
do Amaral defendeu ainda que pode não ser legítima a escolha, por parte da
Galp, dos três secretários de Estado em questão: dos Assuntos Fiscais, da
Internacionalização e da Indústria.
Caso
não haja demissões, Freitas do Amaral alerta que estes governantes ficarão
"coxos, legalmente suspeitos de não serem imparciais" e com
capacidade jurídica limitada, uma vez que deixarão de poder tomar decisões ou
interferir diretamente em matérias que envolvam a Galp.
"Vai
tornar estes três secretários de Estado em secretários de Estado coxos",
declarou.
Para
o antigo ministro, politicamente, este assunto é importante "porque este
Governo tem de mostrar ao país que põe os princípios acima dos
interesses".
Ainda
assim, referiu que este assunto "não é o caso mais importante da vida
portuguesa".
No
programa informativo da RTP3, Freitas do Amaral sugeriu ainda que a lista de
convidados da Galp para o Euro devia ser conhecida, de forma a saber se havia
mais governantes ou outros funcionários públicos.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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