ALGUMAS
DAS QUESTÕES QUE OUSO COLOCAR ENQUANTO “SOLDADO DO MPLA”!
Martinho Júnior, Luanda
O
estado angolano está a levar a cabo e muito bem, campanhas de rigor em relação
a quem beneficia de assistência social, de pensões de reforma e de abonos de
toda a ordem, em função das políticas respeitantes à reconstrução nacional,
reconciliação e reinserção social.
Ainda
há pouco tempo a Caixa da Segurança Social das FAA assim procedeu, o Instituto
Nacional de Segurança Social assim está a proceder e consta que a Caixa de
Protecção Social do Interior também terá dado início à sua parte nesse tipo de
tarefas inerentes à boa governação.
As
provas-de-vida multiplicam-se por todo o país, um esforço de elogiar e apoiar
por parte de todos os angolanos, até por que, financeiramente esse é um
compromisso do próprio estado angolano perante seus cidadãos e perante a
sociedade angolana, tirando exclusivo partido de fundos próprios, inteiramente
nacionais!
Creio
que não haverá cidadão algum de boa-fé, nem antigo combatente, nem veterano da
pátria, que não deva reconhecer e apoiar esse esforço, pois o estado angolano
deve ser salvaguardado enquanto “res publica”, enquanto factor muito
activo, completamente identificado com as mais legítimas aspirações e
interesses de todo o povo angolano, defendido de todo o tipo de
vulnerabilidades contra a lei, contra o que lhe é inerente e, ao-fim-e-ao-cabo,
contra o que pode manchar, ainda que minimamente, o carácter que advém de sua
matriz histórica e antropológica!
A
Acção Social Para Apoio e Reinserção, ASPAR, onde além do mais sou
Secretário-Geral, reconhece enquanto Instituição de Utilidade Pública esse
esforço meritoso que visa também premiar de forma substantiva a dignidade, o
trabalho, o curriculum dos combatentes e a vida de tantos que lutaram e lutam
em benefício de todo o povo angolano!
Em
2012 a Caixa de Protecção Social do MININT entendeu começar a pagar reformas de
pessoas que fazem parte da comunidade de associados da ASPAR, que perfizessem a
idade garante para tal, o que foi feito durante vários meses até Dezembro desse
ano.
Nesse
âmbito receberam pensões alguns antigos oficiais-operativos não patenteados
pelas FAPLA, ou pelo MININT, ou reconhecidos apenas enquanto sargentos, ou
praças e trabalhadores civis das antigas instituições que entretanto foram
sendo extintas e que não foram contempladas no âmbito de acordos como o de
Bicesse.
Entre
os contemplados com essas pensões em 2012 está a senhora Teresa Joaquina
Lourenço, antiga auxiliar de limpeza, de origem e vocação camponesa, que além
de se apresentar como membro da ASPAR, é membro da OMA, Organização da Mulher
Angolana, da União dos Camponeses do Rio Seco (Cabiri) e da AASTI, (Associação
de Amizade a pessoas de Terceira Idade).
A
Senhora Teresa Joaquina Lourenço deveria estar a preparar-se para fazer
prova-de-vida na Caixa de Protecção Social do MININT, todavia, tal como ocorreu
com outros pensionistas associados da ASPAR que preenchiam os quesitos acima
sumariamente enunciados, deixaram de receber suas pensões de há quase cinco
anos a esta parte e, muitos desses reformados, acabaram por cair no desamparo,
se entretanto não desapareceram na voragem do tempo e dos padecimentos.
A
Senhora Teresa Joaquina Lourenço perdeu recentemente dois filhos e vive
actualmente com dois netos que estão desempregados, no Neves Bendinha, em
Luanda e está numa situação crítica, como muitos outros casos similares, até
para garantir seu próprio sustento, pois já conta com 77 anos…
Conheço
alguns casos que a situação é ainda mais grave que a dela, pois ela quando vai
à sede da ASPAR “capricha” na sua compostura e apresentação e alguns
já nem nisso “estão lá” por razões de pobreza!...
Com
o mesmo rigor com que se leva por diante as provas-de-vida onde quer que isso
seja necessário de acordo com as responsabilidades do estado angolano, que a
ASPAR apoia e elogia incondicionalmente enquanto Instituição de Utilidade
Pública, constata-se que em relação à comunidade associada da própria ASPAR
além do mais há casos como este, que afectam pessoas em terceira idade, uma
idade em que todos devem ser tratados com humanidade, solidariedade, carinho e
responsabilidade patriótica no quadro das actuais políticas de paz decorrentes
em Angola!
Que
provas-de-vida poderão então realizar as pessoas membros da ASPAR que foram
abrangidas pelas pensões da Caixa de Protecção Social do MININT em 2012 e as
viram suspensas de há cinco anos a esta parte?
Quantos
entretanto já morreram inclusive por causa de sua marginalização?
O
que está efectivamente a ser decidido em relação a outros que desde 2012 e nas
mesmas condições, deveriam já ter sido abrangidos pela reforma?
Quantas
Direcções da referida Caixa vão precisar de passar por essa instituição, sem
que compromissos antes de mais humanitários, sejam decididos e postos em
prática?
As
vidas desses “mais velhos”, quantas vezes testadas nas horas mais difíceis
e decisivas de Angola ao serviço do estado angolano, são “fantasmas” que
não sendo reconhecidos, até nem as provas-de-vida conseguem realizar por causa
de sua situação de reforma ainda por definir?
Porquê,
quando alguns deram prova individualmente de “tratar tão egoistamente dos
seus umbigos”como nunca antes foram tratados, colocando em causa os atributos
do estado angolano e de muitas instituições, entre elas as instituições de
crédito nacionais, comunidades colectivas como esta, apesar de associadas numa
Instituição de Utilidade Pública, merecem este tipo de tratamento?
Porquê
marginalizar dessa maneira, com que convicções, com que critérios, com que
métodos e com que objectivos?
Essas
são questões pertinentes que coloco com base num dia-a-dia enquanto SOLDADO DO
MPLA!
Fotos:
Teresa Joaquina Lourenço na visita que fez dia 22 de Fevereiro de 2017, à sede
da ASPAR, ao Zango III, Luanda.
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