O
continente africano pode converter-se num motor económico global na próxima
década. A afirmação é de Li Yong, director geral da Organização das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), e está contida num artigo
publicado no dia 22 de fevereiro deste ano no jornal espanhol El Pais. Mas,
segundo o autor, para que isso aconteça, “a comunidade internacional tem de
comprometer-se a apoiar financeiramente” a região
Yong
acrescenta que o desenvolvimento de África, mediante uma industrialização
rápida e responsável, é imprescindível para que o mundo atinja os objetivos de
desenvolvimento sustentável (ODS), completando assim a Agenda 2030 das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
A
importância do apoio financeiro mundial para a industrialização do continente,
lembra o director geral da UNIDO, foi realçada em várias conferências
internacionais recentes, como a 6ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o
Desenvolvimento Africano (TICAD VI), realizada em Agosto de 2016, e a cimeira
do G20 en Hangzhou, China, no mês seguinte. Pela primeira vez, o G20 incluiu na
sua agenda a industrialização de África e dos países menos desenvolvidos (PMD).
A Agenda 2063 da União Africana também apoia este compromisso. De igual modo, a
Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução que declara o período
2016-2025 como a Terceira Década do Desenvolvimento Industrial de África.
Li
Yong defende enfaticamente, no seu artigo, ser imperioso traduzir todos esses
compromissos em “ações concretas e eficazes para o avanço da industrialização
africana, a criação de empregos e a promoção de um crescimento e
desenvolvimento sustentáveis”.
Para faze-lo, o autor indica dois requisitos básicos e simples: dinheiro e ação. Ele recomenda também que os programas a executar identifiquem e respondam de facto aos sérios desafios enfrentados pelo continente.
Para faze-lo, o autor indica dois requisitos básicos e simples: dinheiro e ação. Ele recomenda também que os programas a executar identifiquem e respondam de facto aos sérios desafios enfrentados pelo continente.
Segundo
o economista, o crescimento económico africano nas últimas décadas não
aconteceu de forma estruturada, sustentada e inclusiva. Embora a classe media
tenha crescido muito no continente, impulsionando o investimento interno, há
ainda muita gente que luta pela sua sobrevivência. O desemprego é muito
elevado, em particular entre os jovens e as mulheres, o que tem levado muitos
africanos a emigrarem para o norte.
Os
países africanos, diz Yong, não devem limitar-se a produzir matérias primas,
mas precisam de desenvolver igualmente indústrias dinâmicas e competitivas,
participando em cadeias de valor regionais e globais. Necessitam ainda de
adotar medidas “cuidadosamente desenhadas” para atrair o investimento
estrangeiro.
A
necessidade de conhecimento para desenvolver estratégias industriais adequadas
não foi esquecida pelo autor. ”É imperativo investir em educação e na formação
para facilitar uma industrialização bem sucedida e duradoura”, escreveu ele,
acrescentando: - “Com base nas inovações que funcionaram em outros lugares,
África pode dar saltos e, em pouco tempo, aproximar-se tecnologicamente dos
países mais desenvolvidos, produzindo bens mais sofisticados e de maior valor”.
O conhecimento das experiências alheias deve também servir aos países africanos
para evitar os erros cometidos por outros países, em particular em matéria do
respeito pelo ambiente.
O
director geral da UNIDO não tem dúvidas: o continente africano está num bom
momento para industrailizar-se. Além dos seus enormes recursos naturais, diz
ele, a região dispõe de um perfil demográfico favorável (devido ao crescimento
populacional, os africanos serão brevemente a maior força laboral do planeta) e
um alto índice de urbanização. Conta ainda com uma diáspora altamente educada.
África 21 com El Pais
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