sexta-feira, 17 de março de 2017

AS MENSAGENS DE SCHAUBLE



Pese embora o ímpeto populista e de extrema-direita de alguns países europeus, representantes políticos como Schaüble, ministro das Finanças alemão, insiste na receita desastrosa que, em larga medida, nos trouxe até aqui.

Schaüble deixou a sua mensagem, novamente a Portugal: "certifiquem-se de que não será necessário novo resgate". Ainda no mesmo tom paternalista, mas acéfalo, o ministro alemão acredita ainda que os bons resultados conseguidos por alguns países "devem-se à pressão" que os governos sofreram para atingir metas. 

Schäuble faz parte de um conjunto de políticos que ainda não percebeu que os problemas da Europa estão muito longe dos resultados económicos de países periféricos e que estas afirmações, a par de outras, e de uma conduta persecutória, ajudou a fragilizar os partidos políticos tradicionais que hoje são vistos como incapazes de resolver os problemas dos cidadãos, abrindo assim espaço para que o populismo, o ódio, a intolerância medrem como no passado.

Schaüble finge não existir uma relação entre a degradação das condições sócio-económicas, com o estreitamento de todo e qualquer conceito de futuro e o crescimento do euro-cepticismo.

Schäuble faz parte de um conjunto de políticos que não quer perceber que quanto mais distante a Europa estiver do projecto europeu, mais se aproxima do abismo.

Schaüble insiste nas suas mensagens, nas suas ameaças veladas, agindo muito para além das competências de um ministro das Finanças de um Estado-membro da UE.

Numa altura em que se assiste ao crescimento da extrema-direita e do populismo e numa altura em que, incompreensivelmente, se cimentam as divisões com sugestões para o aprofundamento de uma Europa a várias velocidades, pouca esperança resta para a Europa como projecto de coesão social e de igualdade. Ficam estes resquícios de uma Alemanha com tiques de autoritarismo, à procura de uma hegemonia perdida, num mundo que parece não compreender. É claro que a destruição do projecto europeu tem os seus protagonistas conhecidos: no topo da lista estará Wolfgang Schäuble. Ficará na História, pelas piores razões.

*Ana Alexandra Gonçalves – Triunfo da Razão

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