quinta-feira, 13 de abril de 2017

FARTOS DE JUDAS E DE MIMADOS VANDALOS FINALISTAS




Quase não vale o tempo de pegar neste Expresso Curto. Chávena fria, café fraco (talvez martelado), adoçado com um sintético qualquer que se topa à distância. Açucar é que não é. Quem o serve é o editor de sociedade(?) Rui Gustavo, do “papelão” do tio Balsemão Marinha Bilderberg. Credo, a cousa está mesmo uma zurrapa.

Não perdendo mais tempo em considerações de apreciação da qualidade da beberreira vamos lá ao que há para escrever sobre a abertura de hoje. Notem que é preferível ser fora do contexto cafeeiro se assim valer o desvio.

Importante salientar: não interpretem que este tirador do Curto de hoje não saiba das artes do pó que era contrabando para Espanha e que deu oportunidade ao tio Nabeiro para fazer deltamente fortuna e coisas boas. Acontece é que este período carrega uns quantos de sorumbatismo e de fartum por tudo e por nada. Adiante, e leiam o Curto porque vale sempre a pena, mesmo quando a alma é pequena.

Só mais um aparte: os “putos” foram a Espanha e partiram aquilo tudo. Fizeram disparate. Pois fizeram. Ah, e tal, são jovens e todos os jovens fazem disparates… Pois, então está bem. O Carola, o Manel, o Jaime, o Antunes, o Belmiro, o Zé da Carroça, o Pé Descalço, milhares deles, começaram a trabalhar aos 10 anos, aos 12, aos 14 anos, sem hipótese de estudar muitas das vezes ou estudando à noite depois do grande cansaço que era a força que restava ao fim do dia… Esses não compreendem estes mimados do caraças, com grandes cabedais para a estiva e outros trabalhinhos mas que vão a Espanha partir aquilo tudo por… divertimento. Ah, e tal, são jovens. Pois. E até futuros lideres políticos, e empresários, e patrões… Ora já se compreende porque andamos atascados nesta fossa, porque é que há tipos do estilo do Passos Coelho e quejandos… Aióóóó. Já cheira a palha.

De outra lavra, JN: Portugal criticado na luta contra a corrupção. E mais um “cheirinho”:
“O organismo do Conselho da Europa para combate à corrupção voltou este ano a instar as autoridades portuguesas para que reforcem a criminalização de subornos e tráfico de influências. 
O Grupo de Estados contra a Corrupção (GRECO) do Conselho da Europa lamenta que o tráfico de influência em Portugal só seja criminalizado se não implicar um ato ilegal.
Segundo o organismo, o crime de tráfico de influência está ainda limitado a situações que envolvam um ato ilegal e não se aplica a todos os funcionários estrangeiros ou membros de organizações internacionais.”
São os três primeiros parágrafos, mas há mais.

Com ironia dá ainda para fazer notar que essa da corrupção é uma conveniência dos batoteiros, dos sacanas, dos Judas que contribuem para arrasar este país e outros países. Não combater o fenómeno convenientemente parte dos decisores, dos líderes. Talvez tipos e tipas do estilo dos que vão a Espanha e partem tudo e têm a lata de se acharem vítimas. Olhem, o Dias Loureiro também se considera vítima da máquina da justiça, e o José Sócrates, e tantos outros. Sabemos que aquela máquina é uma grande treta e vagarosa… Isso até convém à maioria dos corruptos, de alto a baixo. Assim como convém imenso o “deixa andar”, os “alçapões” construídos pelo legislador… Quem? Os deputados que sentam o traseiro nas legislaturas que vão e vêm no ritmo de engonhar e fazer que fazem. 

Que não são todos a fazer isso. Pois não, mas são alguns que engatam tudo e emperram a máquina. Mesmo que fossem só dois eram demasiados. Aliás, esses tais moralistas que se acham no direito de se reformarem da AR ao fim de 12 anos (ou 16?) mas que para os comuns mortais que “eles governam e que de suas vidas põem e dispõem” obrigam à chapa dos 40 anos de descontos (45?) ou aos 70 anos de má-vida.

 Estamos perante uma sacanagem de todo o tamanho, perante uns sacadores sem-vergonha, imorais que não revêem as suas abusivas mordomias e vantagens comparativamente aos que eles dizem que “governam” mas que na realidade exploram e permitem legislativamente (também) que uns quantos chicos-espertos explorem e façam fortunas por via dessas explorações.

Adiante. Jesus Cristo tem hoje a última ceia e um sacana (ou mais) vai traí-lo. Esse era Judas, segundo a história. Fartos de Judas andamos nós.

Apanhe a boleia. Expresso Curto, sempre bom de ler… e meditar. E aprender sobre as linhas com que nos cozemos. Bom dia, se conseguirem (MM / PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Rui Gustavo – Expresso

Gosto da Páscoa e dos Jesus and Mary Chain

Estamos na Páscoa. Como não sou católico nem cristão (talvez só um bocadinho) esta época foi, durante muitos anos, há mais do que gosto de admitir, sinónimo de umas férias que faziam inveja aos meus pais e aos adultos que já trabalhavam. Fui adolescente nos anos 80 e não havia viagens de finalistas nem Spring break. Só filmes sobre isso que alugávamos nos videoclubes. E Sobre o assunto que mais sobressaltou os portugueses esta semana: os putos expulsos do hotel em Espanha são estúpidos e quem pensa que eles são estúpidos já se esqueceu de que foi estúpido. Como não morreu ninguém, mais vale rir do assunto.

Digo que sou um bocadinho cristão porque tenho um fraco por filmes religiosos (fui ver “Os Dez Mandamentos” no antigo Monumental e quem adormeceu foi o meu tio cinéfilo. Há uma reposição amanhã no Centro Cultural de Belém mas tenho medo de quebrar o encanto) e gosto de histórias bíblicas e de Jesus a expulsar os vendilhões do templo, um episódio que jamais se repetiria como se pode ver pelo comportamento extremamente cristão de algumas pessoas que alugam quartos e alojamento aos peregrinos que querem ver o Papa em Fátima, já daqui a um mês. Da Páscoa gosto da ideia de que nada é definitivo. Nem a morte. O Henrique Monteiro explica melhor do que eu. O grão de trigo ao morrer, renasce.

A economia portuguesa, dada como morta várias vezes ao longo da nossa história, e depois de ter recebido a extrema-unção em 2011, com o pedido de ajuda à troika, dá agora sinais de estar a sair da via sacra. O indicador coincidente do Banco de Portugal - uma espécie de medição mensal do crescimento do Produto Interno Bruto - acelerou para 1,4%.

O índice de confiança dos consumidores está a crescer desde setembro e está no máximo desde 2000.

O governo vai rever no Programa de Estabilidade a previsão de crescimento para 2% este ano; o desemprego está em cima dos 10% e pode este ano baixar dos dois dígitos pela primeira vez desde 2008.

O Instituto Nacional de Estatística revelou que o défice em 2016 baixou para 2%, o que significa uma poupança de 85 milhões de euros. E a geringonça que apoia o governo, apesar de maioritariamente laica, acredita que pode conseguir o milagre de 1% de défice em dois anos.

Não quero parecer corporativo, mas estas notícias não devem servir de grande consolo aos 50 trabalhadores da Cofina que vão ser despedidos para o grupo "ajustar a atividade às tendências de mercado". Já aconteceu em todos os grupos de comunicação – Impresa incluído – e reflete uma realidade inegável: vendemos menos e as empresas investem menos em publicidade nos jornais. A solução deve ser simples e andamos a tentar encontrá-la há vários anos.

OUTRAS NOTÍCIAS

Depois do ataque terrorista em Estocolmo, que já tinha sucedido ao ataque em Londres, que se seguiu ao ataque em Munique, que foi uma cópia do atentado em Nice, a ameaça terrorista chegou ao futebol. O autocarro do Borussia de Dortmund, do português Raphäel Guerreiro, foi atacado à bomba nas imediações do estádio. Um jogador ficou ferido, o jogo adiado, mas ontem o espetáculo teve de continuar, contra a vontade dos alemães. O Mónaco de Leonardo Jardim ganhou mas o Borussia ainda não está morto.É como diz o Diogo Pombo. Nem os alemães são de ferro.

Noutro jogo da Liga dos Campeões, Cristiano Ronaldo, dado como acabado ou pelo menos no ocaso da carreira, marcou o 100º (sim, centésimo) golo nas competições europeias, tornou-se o primeiro jogador a consegui-lo e o Real Madrid matou a eliminatória.

No jogo dos patinhos feios o Atlético de Madrid venceu o Leicester por 1-0. Os portugueses que me desculpem, mas adorava que a história do ano passado se repetisse e que os foxes ganhassem a Liga dos Campeões depois do título de campeões ingleses da época passada. Não vai dar, eu sei.Os milagres raramente se repetem.

Como a Páscoa também é perdão, o Governo e o banco Santander chegaram a acordo e encerraram o caso dos swaps. O Estado vai ter de pagar 1,7 mil milhões de euros e recebe empréstimo em condições favoráveis de 2,3 mil milhões de euros. Tão perfeito como o final de um filme bíblico.

Amanhã e sábado há greve dos trabalhadores dos museus. Péssima notícia para quem vai passar os três dias da Páscoa na cidade e opta por não participar no êxodo geral para o sul e para a praia. São Pedro também pode ser vingativo e as previsões do tempo não são grande coisa.

Chamava-se Liliane Pinto e morreu ontem, aos 27 anos. Há seis meses teve o azar de se cruzar com Pedro Dias, o alegado homicida de Aguiar da Beira. Liliane viajava no carro com o marido e os dois foram atacados a tiro. O homem morreu no local. Um militar da GNR já tinha sido morto pelo suspeito que se terá "zangado com Deus".

A Rússia vetou ontem uma condenação da ONU ao ataque com gás químico a alvos civis na Síria. Os Estados unidos culpam o regime de Bashar Al-Assad mas Putin continua a defender a inocência do líder Sírio. O presidente americano, Donald Trump, que autorizou um ataque à base de onde terá partido o ataque tenta recolher apoios e já disse que, afinal, a Nato não é obsoleta.

O que eu ando a ler

Toda a gente sabe que o trabalho de um editor é ler. Passo os dias a ler textos da concorrência e dos meus camaradas. Tento ajudar sem estragar muito e não me posso queixar. Tudo isto para dizer que não estou a ler nada. Estou, digamos, entre livros (é uma vergonha, eu sei). Ando mais a ver e a ouvir.

“Damage and Joy”, The Jesus and Mary Chain. Tal como a Páscoa ensina, nem a morte é definitiva. Depois de 19 anos mortos e enterrados nas prateleiras dos filhos dos anos 80 os irmãos Reid voltam com um álbum espetacular que soa como novo. Oiçam esta ou esta e se eu não tiver razão podem reclamar no site do grupo. Ao contrário do que é costume nos regressos das grandes bandas daquela época, as novas músicas não soam a covers das antigas (sim Pixies, estou a falar com vocês), nem são simplesmente irrelevantes (Lamento Depeche Mode, mas é a verdade). Mas quem é que compra CD hoje em dia? Voltem à estrada que ainda não vos vi.

“A Bela e o Monstro”, de Bill Condon. Tenho sobrinhos já não assim tão pequenos que às vezes me raptam para o cinema. Desta vez quiseram ver a versão em carne e osso do clássico de animação da Disney, que por sua vez é uma adaptação do filme de Jean Cocteau, que se inspirou num conto de Gabrielle-Suzanne Barbot. O filme é bonito e competente, mas estava meio aborrecido quando o miúdo me espantou: “Quando vejo estes filmes até me esqueço da realidade.” Tens razão Miguel. Tinha-me esquecido.

“Crazy Heart”, de Scott Cooper. O filme que valeu o Oscar a Jeff Bridges tinha-me escapado e só agora o apanhei na TV Cine. A história da queda e ressurreição de um cantor country alcoólico que vive dos êxitos do passado. Fiquei a saber que um dos meus atores favoritos (o Dude, do Big Lebowski, o radialista do Rei Pescador) também canta – e bem – e que o Colin Farrel consegue disfarçar o sotaque irlandês com eficiência. Bom filme.

“MLK The Murder Tapes”, RTP2. Documentário Americano sobre os últimos 18 dias da vida de Martin Luther King, assassinado num motel em Memphis. O documentário, astuto, cola imagens que já tinham sido transmitidas em noticiários locais e nacionais e reconstitui com precisão o assassinato do homem que lutou para acabar com o racismo legal nos Estados Unidos. No último discurso, declara que gostava de chegar a velho, o que era “expectável”, mas que não se importava de morrer porque já tinha chegado ao “topo da montanha” e visto a terra prometida e que ele podia não chegar lá, mas, “o povo”, havia de chegar lá. Ainda não Dr. King. Ainda não.

Amanhã é sexta-feira santa e não há Expresso Curto. Na segunda-feira ressuscita pela mão milagrosa do Ricardo Marques.

Sem comentários:

Mais lidas da semana