Ana
Alexandra Gonçalves*
Sem
nada para dizer, Passos Coelho insiste em proferir o já habitual rol de
vacuidades que amiúde lhe rebentam na cara. Rebentavam - pretérito imperfeito.
Na verdade, hoje já ninguém escuta ou sequer olha para o ainda líder do PSD.
Ainda
assim, Passos Coelho não desiste. Desta feita acusou o Governo e os partidos
que o suportam no parlamento de terem um discurso dúplice em relação à União
Europeia. A crítica faz sentido sobretudo vinda de alguém que, na mais
inexorável e exasperante ausência de espírito crítico, bajulou até à exaustão
os líderes europeus, mais concretamente os responsáveis políticos alemães.
Passos
Coelho, no alto da sua sapiência, não concebe que se possa criticar o contexto
a que se pertence; Passos Coelho, nos píncaros da sua sagacidade, não percebe
que o espírito crítico faz parte do pluralismo democrático e que, na ausência
do mesmo, resta o vazio e a bajulação, como foi o seu propósito durante mais de
quatro anos. Se o PCP sempre foi crítico da UE e da Zona Euro, nada disso é
novidade e não tem sido essa questão em particular a inviabilizar pontes com o
PS; se o Bloco considera a saída do Euro uma possibilidade, um plano B,
criticando os tratados que têm sido, genericamente, nefastos para o país, nada
de novo também neste particular - o que, uma vez mais, não inviabiliza os
entendimentos e esforços necessários para forçar mudanças que consideram
necessárias. O Partido Socialista, de natureza europeísta, não se coíbe, no
entanto, de proferir críticas àquilo que considera errado no contexto da UE e
da Zona Euro. Uma verdadeira lufada de ar fresco comparativamente com a atitude
de subserviência adoptada por Coelho e seus acólitos que envergonhava o país,
mantendo-se fiel à necessidade de ser forte com os fracos (internamente) e
fraco com os fortes (externamente).
Pluralidade
e não subserviência, carácter e não cobardia. Os partidos visados por
Passos Coelho mantêm a sua identidade e continuam a pugnar pelos seus ideários,
sem perder a total noção da realidade, como já aconteceu com Passos Coelho ao
acreditar que ainda tem alguma espécie de futuro à frente dos destinos do PSD e
sobretudo ao acreditar que ainda voltará a ser primeiro-ministro.
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