O
ministro da Comunicação Social guineense anunciou hoje a suspensão das
atividades da RTP, da RDP e da Agência Lusa na Guiné-Bissau, alegando a
caducidade do acordo de cooperação no setor da comunicação social assinado
entre Lisboa e Bissau.
Segundo
o ministro Vítor Pereira, as atividades vão ser suspensas à meia-noite de hoje
(01:00 em Lisboa).
MSE
// PJA // LUSA
Argumento
da suspensão de RTP/RDP/Lusa é pretexto para silenciar vozes eventualmente
críticas -- analista
O
argumento apresentado pelas autoridades da Guiné-Bissau para suspender as
atividades da RTP, RDP e Lusa a partir de sábado é "apenas um
pretexto" para "silenciar vozes eventualmente críticas" ao
regime "ilegal" do Presidente, disse hoje um analista guineense.
Em
declarações à agência Lusa, o comentador político, poeta, jornalista, escritor
e ainda vice-presidente da Associação de Escritores da Guiné-Bissau (AEGB),
considera quem, independentemente de uma alegada caducidade do contrato,
"não há razões válidas" para que o assunto não seja devidamente
tratado no quadro de uma cooperação bilateral "que é histórica".
"O
que está a acontecer com a RTP, RDP e Lusa enquadra-se num processo de
subversão da ordem estabelecida. O Governo constitucional e eleito de Carlos
Gomes Júnior foi derrubado com a fora das armas, com a participação de muitos
civis que, hoje, aparecem novamente ou no poder ou na periferia desse
poder", argumentou, referindo-se ao golpe de Estado de Abril de 2012.
"Há
uma tentativa de silenciamento dos 'media' guineenses, há uma ordem
praticamente dada pelo chefe de Estado (José Mário Vaz) para que os jornalistas
guineenses enveredem pela autocensura e o que está a acontecer com a RTP, RDP e
Lusa é exatamente a outra face da mesma moeda, que visa silenciar vozes
contrárias e críticas e, sobretudo, não permitir que a verdade seja tratada com
idoneidade, ética e deontologia", acrescentou.
No
dia 26, José Mário Vaz pediu hoje aos jornalistas para contribuírem para a
construção do país, evitando passar mensagens que ponham em causa a
Guiné-Bissau: "A partir de agora peço aos jornalistas para passarmos só
boas mensagens da Guiné-Bissau. Ajudarmos a Guiné-Bissau".
Hoje,
em declarações à Lusa, Tony Tcheka lembra o "grande apoio ao serviço
público" prestado por Portugal e pelos três órgãos de comunicação social
portugueses presentes na Guiné-Bissau praticamente desde a independência na
cobertura de conflitos, golpes de Estado e outros episódios do país,
considerando que RTP, RDP e Lusa constituem um "exemplo inigualável e
imbatível" da história guineense.
"Não
há clareza por trás da decisão de usar este pretexto (de caducidade do acordo)
para silenciar órgãos de comunicação social", frisou.
"Estamos
perante uma situação, sobretudo até porque o próprio Presidente já admite
convocar eleições antecipadas, para criar condições para que tudo seja feito,
não pela força das armas, mas através de ações palacianas, que visam não só
enfraquecer a oposição como a própria comunicação social. É um plano
maquiavélico", afirmou.
Para
o autor do livro de poesia "Noites de Insónia em terra Adormecida", a
Guiné-Bissau tem um governo criado "à margem da lei, dos acordos internos
(Constituição) e internacionais (Acordo de Conacri)".
"É
uma atitude de desespero, mais uma jogada a ver se consegue passar impune pelo
temporal que está a assolar a Guiné-Bissau, em que (o Presidente)
está a passar pela chuva sem se molhar, apontando sempre o dedo aos
outros", sustentou.
"Há
um plano maquiavélico que prejudica o país e que tem estado a adiar o
desenvolvimento da Guiné-Bissau. Todas as vozes, independentemente da cor
política, devem-se levantar e opor-se a esta tentativa que configura, em última
análise, um golpe de Estado palaciano", concluiu.
O
ministro da Comunicação Social guineense anunciou hoje a suspensão das
atividades da RTP, da RDP e da Agência Lusa na Guiné-Bissau, alegando a
caducidade do acordo de cooperação no setor da comunicação social assinado
entre Lisboa e Bissau.
Em
conferência de imprensa, Vítor Pereira informou que a partir da meia-noite de
hoje em Bissau (01:00 em Lisboa) ficam suspensas todas as atividades naquele
país dos três órgãos portugueses até que o governo de Lisboa abra negociações
para a assinatura de um novo acordo.
A
Guiné-Bissau tem vivido uma situação de crise institucional desde as últimas
eleições, com um afastamento entre o partido vencedor das legislativas e o
Presidente da República, também eleito.
O
atual Governo não tem o apoio do partido que ganhou as eleições com maioria
absoluta e este impasse político tem levado vários países, entre os quais
Portugal, e instituições internacionais a apelarem a um consenso.
PJA/JSD
// VM // LUSA
Suspensão
da RTP, RDP e Lusa constitui "uma limitação da liberdade de
imprensa"- UE em Bissau
O
representante da União Europeia em Bissau, Victor Madeira dos Santos,
considerou hoje "uma limitação da liberdade de imprensa" a decisão do
Governo guineense de suspender a atividade da RTP, da RDP e da Agência Lusa.
"Nós
estamos atentos, em contacto uns com os outros [Bissau e Bruxelas] para decidir
qual é a atitude a tomar, mas é evidente que isto é para nós uma limitação da
liberdade de imprensa e que terá de ser tratada da maneira que merece",
lamentou o representante da União Europeia (UE), em declarações à agência Lusa.
O
ministro da Comunicação Social guineense anunciou hoje a suspensão das
atividades da RTP, da RDP e da Agência Lusa na Guiné-Bissau, alegando a
caducidade do acordo de cooperação no setor da comunicação social assinado
entre Lisboa e Bissau.
Em
conferência de imprensa, Vítor Pereira informou que a partir da meia-noite de
hoje em Bissau (01:00 em Lisboa) ficam suspensas todas as atividades naquele
país dos três órgãos portugueses até que o governo de Lisboa abra negociações
para a assinatura de um novo acordo.
Victor
Madeira do Santos acrescentou que a UE "está atenta" ao desenrolar da
situação, estando aquela instituição em "contacto estreito" com o
Governo de Portugal, ao nível das duas embaixadas, como ao nível da
representação permanente e da sede da União Europeia em Bruxelas.
"Estão
a decidir qual será a melhor atitude a tomar relativamente àquilo que
aconteceu", disse.
Víctor
Madeira dos Santos acrescentou ainda que a UE está "à espera" da primeira
reação do Governo português para depois decidir-se se vai ser criada uma ação
conjunta ao nível da UE ou se o Governo português vai continuar em ações
bilaterais neste processo.
O
governante adiantou ainda na conferência de imprensa que caberá aos responsáveis
dos três órgãos de comunicação social portugueses a gestão concreta dos
recursos no terreno, mas deixou claro que "a decisão de suspensão das
atividades é explícita".
A
suspensão das atividades, acrescentou o ministro, não tem qualquer relação com
os conteúdos que os três órgãos difundem, mas salientou que Bissau considera
que é necessário "revisitar e renegociar" as condições do acordo de
cooperação, celebrado há 20 anos.
Desde
a assinatura do acordo no domínio da comunicação social entre os governos de
Bissau e Lisboa, ocorreram mudanças na sociedade e no panorama da própria
comunicação social, explicou Vítor Pereira.
O
governante explicou que, desde há 14 anos, Bissau tem tentado sentar-se à mesa
das negociações com o Governo português, mas "sem sucesso".
O
ministro guineense disse que não teve qualquer resposta da parte portuguesa à
carta, pelo que manteve a decisão de suspender a atividade das empresas
portuguesas, alegando que a parte guineense "fez todos os esforços"
para evitar esta situação.
"Infelizmente
todos os nossos esforços tiveram como resposta um preocupante e injustificável
silêncio da parte portuguesa", referiu Vítor Pereira.
A
Guiné-Bissau tem vivido uma situação de crise institucional desde as últimas
eleições, com um afastamento entre o partido vencedor das legislativas e o
Presidente da República, também eleito.
O
atual governo não tem o apoio do partido que ganhou as eleições com maioria
absoluta e este impasse político tem levado vários países, entre os quais
Portugal, e instituições internacionais a apelarem a um consenso.
HYT
(ALU/MB/MSE) // VM // LUSA
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