Já
aqui em baixo tem o Expresso Curto, por Martim Moniz, perdão, por Martim Silva.
Esse tal Martim Moniz morreu entalado na conquista de Lisboa, na conquista aos mouros. Cá está o que dizem os do Daesh e companheiros do terror. O local é ali no sítio em
que sempre existiu um largo imenso e a que se chamou e chama isso mesmo, Martim
Moniz. Frequentado por gente de todas as cores e paladares, de muitas partes do
mundo. Assim mesmo. Orgulho para os portugueses não racistas e para os que
fazem de conta que não são racistas mas que quando vão lá, ao Martim Moniz, ou
por ali têm de passar, caminham todos apertadinhos. Se passam de automóvel têm
por método fechar as janelas, subir os vidros. Coisas e heranças do
colonialismo e consciência pesada. Mas não só isso. Bem, adiante.
Martim
Silva, o senhor da cafeína deste sábado, dá-nos os bons dias e depois vem com
muita informação útil e inutil. Com novidades, com um emaranhado sobre Tancos… Agora os
mercenários saem à baila com destaque. Mas essa até já se sabia o ano passado e
vem da operação em Vila Real (de traz os Montes). Que coisa. E depois vem a
tragédia de Pedrógão Grande… Pois, é de desconfiar. Estão a mencionar uma notícia
antiga como se fosse nova. Ou não? Afinal as armas, munições e o material foi
roubado em 2016 ou foi agora? É que estão a baralhar e a deitar cá para fora
dados às pinguinhas. Até parece que sofrem da próstata. Convém, não é? Ainda
mais porque já se fala em responsabilidades do primeiro Costa. Ora lá está para
onde a “coisa” está a ser conduzida. É de desconfiar, não é? Pois.
Nada
a declarar sobre o resto que Martim põe neste curto. Saiba que há conteúdo a
que só terá acesso se pagar. Se der uma ajudinha ao tio Balsemão e ao
Bilderberg. Coitadinhos, que andam tão tesos. Vá, seja otário e satisfaça a sua
curiosidade com histórias da Carochinha… Ou talvez não. Tal está a molenga,
hem!?
Praia.
Pirem-se para a praia. É quase mais barato que comprar jornais. E por lá há
muito jornais a voar, com o vento. São de ontem e de dias atrás mas não faz
mal, vai tudo dar no mesmo.
Bom
dia. Bom fim-de-semana. Acham que conseguem ao menos ser felizes este
fim-de-semana? Pois. É a resposta do costume. Yes|
Siga para o Curto, se continuar a ler. Vale o tempo e o exercício intelectual. A não ser que sofra de Alzheimer e então achará que está a ler novidades. As últimas.
MM
| PG
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Martim
Silva | Expresso
Os
meus destaques da semana: Mercenários em Tancos. O contra-ataque do Benfica. E
Medina Carreira
Bom
dia,
Esta foi uma semana fortemente marcada pela crise no Governo depois do assalto a Tancos. Temos muitos e bons textos esta semana no semanário sobre o tema. Tal como sobre o que ainda sucede à volta do incêndio de Pedrógão. Há ainda novidades do Benfica e da suspeita da fuga no exame de português. E esta foi a semana em que Medina Carreira nos deixou.
O grupo de três ou quatro homens que assaltou o paiol de Tancos há duas semanas faz parte das dezenas de contractors portugueses— mercenários — que atuam por conta própria em vários pontos do globo. Muitos são soldados que estiveram nas forças especiais (Comandos, Paraquedistas, Rangers ou Fuzileiros) e recebem grandes quantias por arriscadas operações avulso em zonas de conflito ou na segurança privada aos chamados “senhores da guerra” do Sahel e a homens de negócios do Médio Oriente. Esta é uma das principais suspeitas seguidas na investigação ao roubo do armamento militar.
“Estamos a seguir a pista destes mercenários que terão sido contactados por uma organização do crime internacional que lhes encomendou o material”, conta uma fonte próxima do processo. Uma informação que vai ao encontro das suspeitas da Procuradoria-Geral da República de que o roubo está relacionado com “a prática de crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional”.
Chefe do Exército dá duas versões sobre as rondas
Ao fim de mais de uma semana do furto de material militar em Tancos, o chefe de Estado-Maior do Exército (CEME) não sabe ainda sequer o intervalo que decorreu entre a ronda que detetou o roubo e a precedente. Na audição parlamentar desta semana, à porta fechada, o general Rovisco Duarte falou num intervalo de 20 horas, que já havia sido noticiado na comunicação social, mas no documento que distribuiu aos deputados, estava escrito outro número: 9 horas e meia. Confrontado com essa disparidade, o general reconheceu que recebeu informações diferentes, deu a entender que há versões divergentes do mesmo relatório e assumiu que ainda não sabe o que se passou.
Quando Costa era “alérgico” a políticos que choram na TV durante as tragédias
Em 2005 António Costa era o ministro da Administração Interna (MAI) do Governo de José Sócrates. Fazendo a história desse verão — o segundo pior de sempre em termos de incêndios em Portugal — há muita coisa parecida com o que se está a passar este ano. E algumas contradições também relevantes.
Pouco depois de entrar em funções, em março, o MAI decidiu mudar os principais responsáveis da estrutura de combate aos incêndios — tal como este ano, essa alteração aconteceu em cima da época de fogos. A estrutura de proteção civil falhou, e um dos governadores civis recém-nomeados por Costa reconheceu que não percebia nada do que estava a fazer, no âmbito das suas competências de coordenação do combate aos fogos — porém, a julgar pelas declarações da ministra Constança Urbano de Sousa há poucos dias, bateu aquela saudade em relação aos governadores civis. Em 2005, a tragédia não impediu o primeiro-ministro de ir de férias — Sócrates fez malas para o Quénia, deixando Costa, o seu número dois, a chefiar o Governo. Depois, mal Sócrates voltou, foi a vez de o próprio Costa ir a banhos, apesar de o país continuar a arder. No final, perante as contas da área ardida e das vítimas mortais, Costa prometeu que nada voltaria a ser como era... Soa familiar?
Para atacar externamente este caso, assegura fonte oficial do Benfica, a SAD encarnada “constituiu uma equipa de advogados multidisciplinar que integra advogados e consultores de quatro das mais reputadas sociedades de advogados” de Portugal. São elas a Vieira de Almeida & Associados; a Abreu Advogados; a Correia, Seara, Caldas & Associados; e a Carlos Pinto de Abreu & Associados. Este quarteto, diz a mesma fonte, tem vindo a “diligenciar pela proposição de diversos procedimentos judiciais quer na área da jurisdição criminal, cível e entidades regulatórias”, como a ERC ou a Autoridade da Concorrência. Fonte próxima do clube enuncia os possíveis crimes em causa: acesso ilegítimo a correspondência privada, violação do segredo de negócio, crime de concorrência desleal e difamação.
Pedrógão, a reportagem com os primeiros a chegar à estrada da morte
Passaram três semanas e os sonhos permanecem. E os flashes vindos do nada, por coisa nenhuma. Uma estrada feita de fogo e só eles no meio. Um crânio pequenino a olhá-los fixamente com os olhos que já não tem. Em cada família anónima a cara das famílias que morreram. Nos ouvidos ainda os gritos, de um agudo que rebenta escalas, gritos não, berros que arrepelam a pele, “Ai, acuda-me! Tirai-os de lá”, e eles sem se puderem mexer, tal como naquele dia, sem poder fazer nada para os salvar. Gente habituada à morte, com anos ou mesmo décadas ao serviço da Polícia Judiciária, do Instituto Nacional de Medicina Legal e da Guarda Nacional Republicana, deixou-se tocar por ela, apanhada em falso pela dimensão desmesurada da tragédia de Pedrógão, as histórias demasiado humanas a transformarem os cadáveres em muito mais do que um objeto de trabalho. Um pé no alcatrão derretido da Estrada Nacional 236-1 e a barreira profissional caiu, ausentou-se, deixando-os sem proteção para o que viram a seguir. Foi respirar fundo, os pulmões presos às costas, o dever a travar brilhos nos olhos e “bora lá, segue”. Mas não seguiram. Ainda lá estão, na ‘estrada da morte’. O nome é feio, sensacionalista, cruel para quem ali mora, mas nenhum outro se lhe cola tão bem. Desaparecerá com o tempo, assim como as coroas de flores colocadas nos rails e os remendos do alcatrão.
As autoridades já identificaram a professora suspeita da autoria da fuga de informação no exame nacional de Português do 12º ano, realizado no mês passado por mais de 74 mil alunos. O Expresso sabe que se trata de uma professora de uma escola pública da Grande Lisboa que há vários anos participa no processo de elaboração e revisão das provas e que dá explicações a vários alunos do ensino secundário.
Planeamento, Finanças e Defesa foram os mais cativados
Cativações. A palavra quase desconhecida para muitos portugueses tornou-se esta semana uma das estrelas do debate político. Depois de conhecida a Conta Geral do Estado de 2016, que detalha as contas públicas do ano passado e permite compreender melhor como se chegou a um défice de 2%, surgiram várias críticas de cativação excessiva vindas da oposição e até dos partidos que apoiam o Governo no Parlamento. Cativações são despesas que estão inscritas no Orçamento do Estado mas que, para serem gastas, têm que ter luz verde prévia do ministério das Finanças. Em 2016, o governo cativou inicialmente €1746,2 milhões e só libertou €803,6 milhões. No final do ano, continuavam cativos €942,7 milhões. Mais do que aconteceu, por exemplo, em 2015 (€521,5 milhões) ou 2014 (€566,3 milhões).
Nesta edição fomos olhar precisamente para as diferentes áreas. A maior fatia das verbas que continuaram ‘congeladas’ no final do ano pertencia ao programa orçamental Planeamento e Infraestruturas com €258 milhões. Os programas orçamentais correspondem à divisão da despesa por programas que, embora não correspondam exatamente a ministérios, são praticamente equivalentes. Defesa com €95,9 milhões e Finanças com €82,4 milhões foram os outros dois programas mais cativados.
Seguradoras alvo de buscas da Concorrência
As seguradoras estão na mira da Autoridade da Concorrência (AdC) que, numa investigação inédita, quer saber se há cartelização no sector, se os preços praticados estão a ser combinados entre os vários suspeitos e até se há um acordo para a partilha do mercado. Quatro seguradoras foram alvo de buscas em instalações em Lisboa nos últimos dias, soube o Expresso. Em causa estão práticas anticoncorrenciais, punidas por lei. O processo foi aberto em junho.
Cavalos? Quais cavalos? A reportagem do Expresso em Ascot
Há regras e há exceções. Em Ascot, o rigoroso manual de estilo (com mais de 20 páginas, entre normas e sugestões de indumentárias) existe para provar que a tradição ainda é o que era. Os ‘anormais’ 30 graus que se fazem sentir no dia da abertura das mais seletas corridas de cavalos do mundo servem para mostrar que, afinal, os britânicos não se levam assim tão a sério, nem no dia que marca o arranque do calendário social de verão.
Vista de perto, a abertura da Royal Ascot confirma o imaginário que a torna famosa mundialmente. Chapéus (mais ou menos excêntricos) nas senhoras e cartolas (cinzentas ou pretas) para os homens. Sem estes adereços, esqueça. Não há brasão de família ou título nobiliárquico que dê acesso a este recinto de corridas de cavalos, no condado de Berkshire, a sul de Londres. Depois de já lá estar dentro, o protocolo aligeira-se e há quem descubra a cabeça. Poucos têm essa ousadia, mas até a rigidez britânica se verga perante o calor de ananases, a mais alta temperatura que se fez sentir em 306 anos da corrida real em Ascot.
Medina Carreira. Porque a democracia pode ser melhor
Henrique Medina Carreira, que faleceu esta semana aos 86 anos, passou a primeira metade da vida a ansiar pela democracia e a segunda metade a tentar salvá-la da mediocridade da classe política que corrompe, endivida e empobrece Portugal. A Joana Nunes Mateus mergulhou no tema e traz-nos duas fantásticas páginas na Economia. Deixem-me destacar aqui este bocadinho do dicionário 'medina-carreirês' que ela escreveu:
AUTOESTRADA
Pretexto para alguém enriquecer, pois é muito estranho que o país esteja cheio de autoestradas inúteis que só aumentam a dívida pública e a dívida externa quando os portugueses nem sequer têm dinheiro para a portagem ou a gasolina.
BANDALHEIRA
Sinónimo de fantochada. É o estado em que estão as escolas ou a justiça no país.
COITADOS
As pessoas que acreditam nas benesses que os políticos prometem sem se aperceberem do buraco em que o país está metido.
DINHEIRO
Aquilo que vem da economia. Como a economia não cresce, não há Estado social que aguente com esta economia.
ENDIVIDAMENTO
Sinónimo de empobrecimento de todos, mas de enriquecimento de alguns. Se o país se endivida em dezenas de milhões de euros por dia e a economia não cresce é porque há gente que ficou com o dinheiro, que se esfumou por sítios que ninguém sabe quais são.
FALIDO
Situação em que está o país devido ao fraco crescimento da economia, ao galopante endividamento e ao grave problema demográfico do envelhecimento.
GATUNAGEM
Sinónimo de gentalha, tralha, cambada... São os artistas de circo que passam pelo Parlamento e pelo Governo para cometer a burla social de aumentar a dívida pública.
E
AINDA...
“As Mil e Uma Noites” com o seu Expresso. A partir de 22 de julho, o Expresso oferece a todos os seus leitores a obra clássica da literatura oriental “As Mil e Uma Noites”.
Trata-se de uma coleção que perdurará ao longo de sete semanas e onde se encontram as histórias de fantasia e mistério mas também erotismo e pragmatismo que marcam uma escrita perdida nos confins do tempos que se sabe originária do sudoeste asiático e do Médio Oriente.
Na presente edição, distribuída gratuitamente, os leitores terão acesso a uma escolha de contos onde se encontram aqueles tidos como incontornáveis — Aladino, Ali Baba ou Sindbad — mas também muitos outros capazes de erguer um universo de encantamentos vários ainda que revelador de um pragmatismo provavelmente ancorado nas tradições morais da Índia. Xerazade, a grande contadora de histórias, poderia ser uma heroína dos nossos dias.
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