Díli,
12 ago (Lusa) - A Fretilin, partido timorense mais votado nas legislativas,
anunciou hoje que vai convidar os dois partidos que se estreiam no Parlamento
Nacional, PLP e KHUNTO a ter conversações para a formação de uma plataforma
"sólida e segura" de governação.
"A
Fretilin decide convidar o PLP e o KHUNTO para com a Fretilin iniciar
conversações mais substanciais para a formação de uma plataforma de
entendimento sólido e seguro de Governação", anunciou o secretário-geral
do partido, Mari Alkatiri.
Essas
conversações com o Partido Libertação Popular (PLP) - oito lugares no
parlamento - e com o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) - cinco
lugares - pretendem "definir formalmente o formato mais adequado do
entendimento capaz de responder às legítimas expectativas" do povo
timorense, sublinhou.
Alkatiri,
que leu uma declaração da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin) em conferência de imprensa, disse que o partido vai ainda
"manter o diálogo com todos os outros partidos".
O
objetivo, disse, é "garantir uma política mais inclusiva de modo a tornar
o Parlamento Nacional um fórum de concertação de posições e de busca permanente
de consensos nas decisões de caráter estruturante para a consolidação do
Estado".
Alkaitir
explicou que o partido vai solicitar "imediatamente" uma audiência
com o chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, "a fim de o informar
formalmente desta decisão".
Questionado
pela Lusa sobre se vai ocupar o cargo de primeiro-ministro, Mari Alkatiri disse
que essa era "a expectativa quase generalizada dentro do partido e dos
partidos que querem" colaborar com a Fretilin.
A
decisão de negociar com o PLP e o KHUNTO, explicou, foi tomada por terem sido
estes os dois partidos que "indicaram que estão disponíveis" e porque
o país não pode esperar mais.
"Não
há mais tempo a perder. O novo Governo tem que apresentar dois Orçamentos, o
retificativo deste ano e depois o de 2018", referiu.
O
secretário-geral da Fretilin disse que espera que as conversações com o PLP e o
KHUNTO possam estar concluídas "entre sete e dez dias".
Sobre
o formato, a possibilidade de que o KHUNTO venha a integrar uma coligação de
Governo e o PLP apoie essa coligação a nível parlamentar, Alkatiri disse que as
opções vão ser agora negociadas.
Mari
Alkatiri falava aos jornalistas depois de a Fretilin ter conduzido uma primeira
ronda de contactos com os restantes quatro partidos que elegeram deputados nas
legislativas de 22 de julho.
A
última ronda de contactos decorreu hoje com a Fretilin a receber o KHUNTO,
tendo Mari Alkatiri afirmado que este partido será sempre "um dos
parceiros para constituir a maioria" necessária no parlamento.
O
KHUNTO é uma das forças políticas estreantes no Parlamento Nacional - a quinta
mais votada - tendo conseguido eleger cinco deputados, sendo que os dois
primeiros lugares na lista são ocupados por mulheres.
Depois
da reunião de hoje o conselheiro e fundador do KHUNTO, José Dos Santos Naimori
Bukar, destacou o bom ambiente dos contactos com a Fretilin.
"A
reunião teve um resultado bastante positivo. O partido KHUNTO respeita o
convite e esta pronto a cooperar, a bem do interesse da unidade nacional. Temos
que cooperar neste processo. Estamos prontos para servir, a bem da estabilidade
nacional e do interesse do povo", afirmou.
José
Turquel, conselheiro do partido, saudou a forma como a Fretilin conduziu as
negociações com as restantes forças políticas, sinal da consolidação
democrática.
"Timor-Leste
é um país democrático. Depois de 15 anos tentamos estabelecer os alicerces do
país e o que a Fretilin e o seu líder, Mari Alkatiri, fez foi um gesto que
fomenta a importância do diálogo", disse.
"Não
podemos parar com isto. É normal haver diferenças de ideias, mas esta postura
abre o diálogo, a conversar e nós KHUNTO queremos colaborar e participar",
sublinhou.
No
encontro de hoje Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, liderou a
delegação do partido de que fizeram ainda parte, entre outros, o
secretário-geral adjunto, José Reis, o vice-presidente Francisco Branco, a
secretária-geral da organização da mulher do partido, Merita Alves e o segundo
adjunto Flávio Silva.
A
delegação do KHUNTO foi liderada pela presidente do partido, Armanda Berta dos
Santos e incluía, entre outros, o secretário-geral José Agostinho da Silva, o
conselheiro e fundador José Dos Santos Naimori Bukar e o conselheiro nacional
José Turquel.
A
Fretilin iniciou na quarta-feira, com uma delegação da segunda força mais
votada, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), uma ronda de
contactos no intuito de formar Governo.
Xanana
Gusmão, presidente do CNRT, esteve ausente do encontro - até ao momento ainda
não falou sequer com Mari Alkatiri - e a delegação do partido saiu da reunião
com a Fretilin comprometendo-se a tomar decisões na cúpula do partido.
Na
quinta-feira foi a vez do encontro com a delegação do Partido Libertação Popular
(PLP), liderada por Taur Matan Ruak que garantiu que o partido não fará parte
de qualquer coligação de Governo, disse que cabe à Fretilin formar o executivo
e rejeitou a possibilidade de eleições antecipadas.
Na
sexta-feira decorreu a reunião com o quarto partido mais votado, o Partido
Democrático (PD), que terminou de forma inconclusiva, mas com o compromisso de
novo diálogo.
ASP
// DM
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