Para
suprir défice 32 mil salas em Moçambique Nyusi propôs-se a construir 4.500
Oficialmente
em Moçambique existe um professor para cada turma de 62 alunos. O Plano
Quinquenal do Governo(PQG) de Filipe Jacinto Nyusi propôs-se a reduzir esse
rácio para uma média de 57 alunos por turma. Porém o @Verdade descobriu cinco
escolas na província do Niassa onde cada turma tem mais de 100 alunos, numa
delas, do ensino secundário, encontramos 173 alunos a tentarem estudar a oitava
classe. Paradoxalmente, para colmatar o défice de mais de 32 mil salas de aulas
no país, o PQG propõe construir somente 4.500 novas salas até 2019.
Continua
a ser uma utopia a qualidade de educação em Moçambique, desabafa um professor
que lecciona uma turma do ensino secundário com mais de cem estudantes. “De
algum tempo para cá, o espírito de vontade política moçambicana, tem se
alimentado de discursos falaciosos em torno da qualidade de ensino. Entretanto,
o cenário é contraditório, porque, ainda encontramos turmas superlotadas, acima
do normal” acrescentou o entrevistado do @Verdade.
O
docente, que falou com o @Verdade na condição de anonimato, não tem ilusões, “o
processo de planificação escolar nesta classe sufoca a qualidade e a
intervenção eficiente do professor, que acaba sendo o mais sacrificado”.
“As turmas acima do normal fazem de nós o
profissional menos prestigiado, pois não consegue justificar ao seu patrão
satisfatoriamente, por consequência disso somos obrigados a fabricar notas que
possam responder a uma percentagem que agrade, quem mal planifica o efectivo
escolar anual”, revela o experiente professor secundário na província do
Niassa.
A
nossa fonte relatou que devido à superlotação, que não acontece apenas na sua
turma mas também noutras da mesma escola, tem havido supostos desmaios dos
alunos durante as aulas, fraco aproveitamento fraca duração do equipamento
escolar.
O
professor sugeriu primeiro melhorar a planificação escolar, depois reduzir o
número de estudantes por turma para um máximo 45 e enfatizou a necessidade da
construção de mais escolas.
No
Niassa existem cinco escolas com turmas com mais de cem alunos
O
director provincial de Educação e Desenvolvimento Humano, Faustino Amimo,
reconheceu esta situação em entrevista ao @Verdade. “É um facto, como sabe o
ensino secundário, sobretudo nos grandes centros urbanos temos tido esta
situação do rácio aluno por turma que extravasa aquilo que é a média, daí que é
um desafio que o sector enfrenta e temos de continuar a trabalhar para ver se
eliminamos essa situação”.
Amimo
admitiu que existem cinco escolas com turmas com mais de cem alunos. Na escola
Secundária Cristiano Paulo Taimo o número de alunos varia entre 137 e 173
alunos por turma, na escola Secundária de Chiulugo há turmas com até 147
alunos, e na escola Secundária de Muchenga existem 1900 estudantes distribuídos
em 18 turmas.
“A
nível do ensino primário existem duas (com turmas de mais de 100 alunos), são a
Escola Primária de Chilaula, leciona o 1º e 2º grau para um universo de 1929
alunos em 16 turmas; e temos também a Escola Primária de Chiulugo, leciona o 1º
grau com 2474 alunos em 21 turmas”, acrescentou o responsável pela Educação na
província do Niassa.
Para
suprir défice 32 mil salas Governo de Nyusi propôs-se construir só 4.500
Faustino
Amimo reconheceu ainda que esta situação de turmas superlotadas “não é nova, a
população escolar tem vindo a crescer nos últimos anos, a demanda como é maior
requer uma resposta a altura para a construção de mais salas de aula para
responder a essa demanda”.
Entretanto
o @Verdade apurou junto do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano que
há um défice de 32.687 salas de aulas em Moçambique. Na província do Niassa
faltam pelo menos 1.847 salas sendo o défice repartido em 1.478 para o ensino
primário e 369 para o ensino secundário.
“Uma
das estratégias para reverter essa situação ao nível das nossas províncias é
construir mais salas de aulas, afectar mais professores isso iria permitir
reduzir paulatinamente essa demanda”, explicou o director provincial precisando
que para em 2017 “está em curso a construção de 33 salas de aulas, 32 para o
ensino primário e uma para o ensino secundário no distrito do Lago”, no ano
passado foram construídas somente 26 salas de aulas.
A
falta de salas de aulas não tem fim à vista pois para suprir o défice o Plano
Quinquenal 2015 - 2019, de Filipe Jacinto Nyusi, previu apenas a construção de
4.500 novas salas e, estranhamente, não promete a construção de escolas novas.
Adérito
Caldeira | @Verdade
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