sexta-feira, 13 de outubro de 2017

ESPANHA ESTALA SOB O CHICOTE DE RAJOY!



ESPAÑA EN EL CORAZÓN
EXPLICO ALGUNAS COSAS 

Preguntaréis: Y dónde están las lilas? 
Y la metafísica cubierta de amapolas? 
Y la lluvia que a menudo golpeaba 
sus palabras llenándolas 
de agujeros y pájaros? 
Os voy a contar todo lo que me pasa… (Pablo Neruda)

Martinho Júnior | Luanda 

1- A violência policial excessiva abateu-se sobre a Catalunha, quando não haviam actos que fossem sinais duma "revolução colorida" formatada a partir do exterior, nem na votação, nem na greve geral, que teve o reforço dos principais sindicatos do país.

Há muitos problemas de fundo a considerar em Espanha e por tabela também na Catalunha, com implicações sócio-políticas e culturais e o facto dos sucessivos governos instalados em Madrid não os abordar deliberadamente, fugindo a eles, ou agarrando-se ao argumento fechado, mas estaladiço, da legalidade década após década, tem contribuído para que as pressões sociais aumentem, levando de novo ao reforço do ideal de república e independência, contaminando não só a Catalunha mas toda a península Ibérica!

As fracturas contemporâneas de Espanha, a qualquer momento recorrem a fissuras antropológicas e históricas que toda a península Ibérica deve sempre levar na devida conta, ou não fosse a monarquia um obsoleto artifício de lesa século XXI, até pelo seu renascimento gerado a partir do fascismo de Franco, próprio de meados do século anterior e mergulhando no feudalismo medieval!…

2- A legalidade torna-se assim um argumento caduco e artificioso, à superfície das águas, mas a Catalunha implica uma intensa leitura cultural e histórica, bem como implícitas filosofias e conceitos que lhe são adjacentes, que estando na profundidade sem serem resíduos, podem a qualquer momento, particularmente quando as contradições se distendem de forma consciente sob pressão, vir à superfície e ficarem evidentes e claros, impondo-se à limitada e deliberada opacidade do argumento legalista!

Escudar-se apenas na legalidade, é meio caminho andado para o exercício da repressão e foi isso que ficou explícito no exercício que fez Rajoy ao reforçar com a polícia de choque a sua musculada resposta aos desafios que emergem a partir da Catalunha!

O governo de Rajoy está a demonstrar que não está capacitado para abordar esse tipo de assuntos e problemas, nem a nível interno, nem a nível internacional, com a agravante de tentar levar seus pares, o rei e outras sensibilidades sócio-políticas, no mesmo caminho cujo traçado constitui uma das suas piores defesas!

É evidente que, nesse sentido, julga-se resguardado pela hegemonia unipolar, pela NATO e por uma União Europeia inquinada por tantos desequilíbrios intestinos, particularmente entre uma próspera e bem organizada Alemanha e os outros, situados a leste e a sul!...

3- Ao invés de ser solução em reforço duma União Europeia muito mais humanizada e fluida, uma União Europeia que rompa as correntes das leituras economicistas e financeiras de cariz neoliberal, Rajoy prende-se ao músculo do passado e dum presente que não serve quando encara face a face, olhos nos olhos, o povo e a premente necessidade de sua participação, nem a clarividência dum Presidente Maduro, que tem todas as razões para chamar a oportuna atenção às contradições de que se nutrem os equívocos de Rajoy!

São pois muito pobres as suas respostas, tal como as do rei “que não se cala”, que se escudam apenas na (de)corrente legalidade, o que deixa em aberto e visível Catalunha e a saga de sua independência duma coroa que além de mais, perante os ideais da república e tendo em conta as experiências republicanas do passado ainda que efémeras por causa da barbaridade fascista, conferem outra coerência e dignidade à vontade dos povos!

4- O Presidente Maduro, à frente da Venezuela Bolivariana, no âmbito do carácter e da legitimidade do “Todos somos Venezuela”, escancarou as portas das contradições de Rajoy(por tabela de Trump), nas suas limitações sem vergonha e no acabrunhamento de seu refúgio, na caverna duma legalidade formatada, que vem de longe no tempo, mas vem soprada de perto!

Aproveitou para, ao tocar com dedos cirúrgicos nas imensas veias abertas, para as quais as relações de submissão e vassalagem para com a hegemonia unipolar também Rajoy contribui, obrigar a comparar o incomparável: o exercício democrático tantas vezes exposto numa Venezuela Bolivariana, que Trump e Rajoy queriam subverter nas ruas e as ruas democráticas e populares de Barcelona, que Rajoy, o rei e alguns como Trump, ousam subverter!

O Presidente Maduro trouxe-nos outra lição em tempo oportuno, em “Todos somos Venezuela”: com Catalunha é toda a Espanha que estala sob o chicote de Rajoy e a União Europeia tem agora a oportunidade de expor a sua qualidade democrática, já que tem tanta dificuldade em entender, em tantas e tantas questões antropológicas, históricas e sociológicas, a nível de seu espaço e a nível de relacionamentos internacionais, a vontade popular!

Martinho Júnior | Luanda, 5 de outubro de 2017

Fotos:
1- Rajoy e el Rey… serão gémeos?... ;
2- República e independência emergindo das trevas;
3- Presidente Maduro com o dedo na ferida: quem é o “ditador”?... Todos somos Venezuela!

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