Malabo,
11 nov (Lusa) - Os principais líderes da oposição na Guiné Equatorial que
concorrem nas eleições legislativas de domingo acusaram hoje a Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) de ter aceitado "vender" o lugar
de país-membro ao Presidente Teodoro Obiang.
"O
que houve foi uma venda de um lugar e Obiang pagou a alguém", disse à Lusa
Andrés Esono Ondo, líder da Convergência para a Democracia Social (CPDS) e um
dos dirigentes da coligação Juntos Podemos que concorre nas eleições
legislativas e autárquicas de domingo.
Gabriel
Obiang Obono, líder do Cidadãos pela Inovação, concorda com esta análise:
"a CPLP foi comprada para permitir a entrada da Guiné Equatorial".
Acusado
de vários atentados contra os direitos humanos e de não respeitar os direitos
políticos da oposição, ao governo de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, no poder
desde 1979, foram impostas apenas três condições de entrada no roteiro aprovado
em 2010: colocar o português como língua oficial, promover o ensino do idioma e
acabar com a pena de morte.
Até
ao momento, apenas está concluído o processo de elevação do português a língua
oficial. A pena de morte continua legal, apenas suspensa na sua execução graças
a uma moratória assinada pelo Presidente, e não existem quaisquer estruturas
oficiais de ensino do português.
"Não
sei como é que a CPLP aceitou a Guiné, um Estado ditatorial que não respeita o
direito internacional", lamentou Gabriel Obiang Obono, líder de um
movimento que nasceu em Espanha, entre guineenses exilados e descontentes com a
situação do país.
Andrés
Esono Ondo salienta que o Presidente quer obter "protagonismo e
reconhecimento político internacional", pelo que a CPLP foi "mais um
meio" para esse fim.
Por
isso, em 1998 também elevou o francês a língua oficial para entrar na
Francofonia mas o seu uso é inexistente entre a população, nem sequer nas zonas
fronteiriças com o Gabão ou com os Camarões.
Depois
"tentou entrar na Organização dos Estados Ibero-americanos mas falhou
porque lá existem critérios democráticos, ao contrário do que aconteceu na
CPLP. Aí, ele (Obiang) pagou a entrada", acusou Esono Ondo.
A
Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África, apesar da sua pequena
dimensão. Como terceiro maior produtor de petróleo, o país tem atraído muito
investimento estrangeiro que tem recuado após a queda dos preços do crude.
Os
anos sucessivos de recessão devido à dependência quase total do petróleo
levaram o país a discutir com o Fundo Monetário Internacional um programa de
assistência cujos contornos ainda não foram divulgados.
PJA
// EL
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