Governo
de Nyusi, “orientado por objectivos de redução de custos e no combate ao
despesismo”, gasta mais em carros do que em Hospitais
Com
medicamentos e outros bens essenciais em falta nos hospitais, escolas por
construir, médicos e professores mal pagos, o Governo de Filipe Jacinto Nyusi,
que nos prometeu que se iria orientar “por objectivos de redução de custos e no
combate ao despesismo”, decidiu comprar mais 45 viaturas para o Ministério que
está no epicentro das dívidas ilegais que nos conduziram a actual crise
económica e financeira. São mais de 118 milhões de meticais gastos em carros,
24 deles de luxo, que superam todo investimento realizado em 2016 pelo
Executivo nos onze Hospitais provinciais de Moçambique.
Os
moçambicanos que ainda “confiam” em Filipe Nyusi devem recordar.se que o
Presidente prometeu que o seu Executivo seria “orientado por objectivos de
redução de custos e no combate ao despesismo. A nossa origem é a de gente
simples e trabalhadora. Sabemos, por isso, o valor da contenção de despesas e
na aplicação responsável das nossas contas públicas.”
Porém
a realidade mostra todos os dias que os discursos do Chefe de Estado não passam
de demagogia, a mais recente evidência é que enquanto o povo tenta sobreviver à
crise, criada pelos membros do partido Frelimo que ilegalmente endividaram o
nosso o Governo, decidiu gastar 118.096.251,14 meticais em viaturas. Não são
ambulâncias, carros de bombeiros ou autocarros que tanta falta fazem.
Tratam-se
de Mercedes-Benz, Ford Wildtrack, Toyota Land Cruiser 200 VX, Peugeot, Hyundai
e carrinhas Ford topo de gama cujo preço supera todo investimento realizado
durante o ano de 2016 nos Hospitais centrais de Nampula e Quelimane, e ainda
nas unidades sanitárias provinciais de Lichinga, Pemba, Nacala-Porto, Tete,
Chimoio, Inhambane, Xai-Xai e Matola, que se cifrou em somente pouco mais de 92
milhões de meticais, de acordo com relatório da Execução Orçamental analisado
pelo @Verdade.
A
viatura mais barata adquirida pelo Ministério dirigido por Adriano Maleiane,
que um dia afirmou no Parlamento que os moçambicanos comiam atum pescado pela
EMATUM sem saberem, é um Peugeot 508 que custa aos moçambicanos 1.077.222,22
meticais, muito mais do que todo investimento no Hospital provincial da Matola
que no ano passado cifrou-se em 949.940,00 meticais.
Outras
viaturas mais “baratas”, de marca Hyundai modelo accent 1,6, e que custam ao
erário 1.905.995,00, cada uma das quatro adquiridas, tem um valor mais alto do
que os investimentos realizados no Hospital provincial de Inhambane em 2016,
que recebeu somente 1.884.050,00, correspondentes a 56% da dotação orçamental
inicialmente aprovada.
Mercedez-Benz
custa tanto quando o investimento feito no Hospital Central de Nampula
Um
lote de 20 Mercedez-Benz C180 comprado para o Ministério da Economia e Finanças
custa aos moçambicanos 45.800.000 meticais, o dobro dos investimentos somados
para todos Hospitais provinciais da Região Norte de Moçambique, que o @Verdade
apurou ter-se cifrado em 23.086.170 meticais.
Mas
há mais dois Mercedez-Benz, um de modelo S400 e outro de modelo S500, que
custam 10.745.280 e 11.429.711,14 meticais respectivamente. Um cidadã alemã,
país de origem das luxuosas viaturas, comentou ao @Verdade que nem o Governo de
Angela Merkel compra tantos Mercedes de uma vez.
Mais
dramático é ver que o custo de apenas uma dessas viaturas equipara-se aos
investimentos realizados na maior Unidade Sanitária de todo o Norte de
Moçambique, 10.899.970 meticais foi quando o Executivo de Filipe Nyusi alocou
para o Hospital Central de Nampula, 27,25% do valor inicialmente dotado e
aprovado na Assembleia da República.
Paradoxalmente
as três viaturas mais luxuosas do lote (o Mercedez-Benz S400, o Mercedez-Benz
S500 e Toyota Land Cruiser 200 VX) foram adquiridas por “Ajuste directo”.
Ademais,
quiçá por ironia do destino, estas viaturas foram adquiridas em empresas com
ligações umbilicais ao partido Frelimo com destaque o Grupo Entreposto de
Moçambique que tem como presidente do Conselho de Administração Aires Bonifácio Baptista
Aly, o antigo primeiro-ministro que no último Congresso do partido no Poder
foi eleito para a poderosa Comissão Política, e embolsou 77.669.991,14
meticais.
Sucessivos
relatório do Tribunal Administrativo às Contas do Estado têm referenciado o
Grupo Entreposto e a Toyota de Moçambique como as empresas que mais beneficiam
de ajustes directos no fornecimentos de viaturas para o Estado e aparecem
também envolvidas em operações financeiras irregulares.
Importa
recordar que em Janeiro do ano passado o Ministério dirigido por Adriano Maleiane comprou de uma
assentada 95 viaturas outras viaturas de topo de gama que custaram aos
moçambicanos mais de 250 milhões de meticais. Foram outros Mercedes-Benz, Range
Rover, Jeep Grand Cherokee, Toyota Prado, Volkswagen Touareg só para destacar
alguns dos 27 automóveis de luxo no lote.
Se
o Orçamento do Estado não é suficiente para pagar as horas extras devidas a
milhares de professores, se não chegou para pagar o 13º salario na íntegra e só
deu para um aumento salarial de 500 meticais fica a dúvida onde o Executivo de
Nyusi foi buscar dinheiro para estas mordomias. É importante recordar que os
funcionários a quem serão alocadas estas viaturas não andam propriamente a pé
ou de “my love”, muito provavelmente já possuem até uma viatura de luxo que
entretanto alienaram do Estado.
Dois dos beneficiários até podem ser a
vice-ministra, Maria Isaltina de Sales Lucas, e um assessor do ministro
Maleine, Henrique Álvaro Cepeda Gamito, que nos colocaram na crise que
enfrentamos assinando os documentos da Empresa Moçambicana de Atum violando a
Constituição e leis orçamentais.
Adérito
Caldeira @Verdade | Título PG
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